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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Trotes por WhatsApp e outras redes sociais já causam problemas para PM

ALERTA


Só neste mês foram duas ocorrências de repercussão que se espalharam em redes sociais na capital; prejuízo maior é para a população, que deixa de ser atendida


Segundo o major Gilmar Luciano, os dois policiais suspeitos acompanharam as buscas


Acostumados a lidar com trotes telefônicos diariamente, os policiais e os bombeiros de Belo Horizonte, agora, têm que driblar um outro tipo de comunicação de falso crime: o uso das redes sociais, que mobilizam centenas de pessoas, que alastram boatos e mentiras.

Há quem diga que essa situação representa a insegurança vivida pela população que, antes mesmo de checar se a foto ou informação é verídica, tenta avisar as autoridades por telefone.
Só em fevereiro, a Polícia Militar (MG) atendeu duas grandes ocorrências que começaram na internet e tomaram grandes proporções na capital mineira. O último caso foi nessa quarta-feira (19), quando chegou a informação de que havia um arrastão na avenida Nossa Senhora do Carmo, na altura do Trevo do Belvedere, na região Centro-Sul da capital.
Porém, após verificação no local, a  PM desmentiu os supostos assaltos - que teriam acontecido no dia do anúncio de que pelo menos 800 militares que trabalham no setor administrativo reforçarão, em forma de rodízio, a patrulha preventiva nas ruas.
“Não vejo má intenção, acho que é a situação de pânico da população”, afirmou um homem que entrou em contato com a redação de O TEMPO e mora no bairro Belvedere desde 1978. Segundo ele, que pediu para não ter o nome divulgado, a população está com medo, já que há constantes assaltos na região.
Para o chefe da sala de imprensa da PM, major Gilmar Luciano Santos, porém, o trote é  “uma brincadeira de mau gosto". “É uma hipótese remota (as chamadas serem uma comoção popular por medo) e uma possibilidade descartada pela polícia. A PM repudia esses atos e é a população quem perde com isso”, explicou.
De acordo com o tenente-coronel Eucles Figueiredo Onorato Junior do 22º Batalhão da PM, 675 militares estão atuando nas ruas da região Centro-Sul atualmente, por meio de escalas, 24 horas por dia. “Além disso, há o reforço dos batalhões metrópole”. No entanto, ele confirma que houve aumento no número de assaltos de 2013 para 2014.
Outros casos
No início do mês, uma foto assustou os grupos de WhatsApp de Belo Horizonte. A imagem de um homem ensanguentado chegava aos celulares com a descrição de que era um aluno da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), morto em um trote no bairro Coração Eucarístico, na região Noroeste da capital.
Com a divulgação falsa, surgiram novos relatos que ampliaram o fato na internet. Além disso, a insegurança da região contribuiu para que a história parecesse verdade. "Recebi a foto e acreditei que fosse o trote, porque parecia muito com um bar que existe nas proximidades da faculdade, mas estranhei a história. Mesmo duvidando, acabei compartilhando a imagem. Algumas pessoas da minha turma até disseram que tinham visto uma briga no dia", contou um estudante de comunicação da instituição, que preferiu não ter o nome revelado. 
Inicialmente, a 9ª Companhia do 34º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento na região, informou  que nenhuma briga foi registrada na região à época, o que levou à conclusão de que se tratava apenas de uma brincadeira e que provavelmente o "sangue" no suspeito seria a tinta usada para pintar os calouros. Mais tarde, a origem da foto foi esclarecida. Ela se tratava de um assassinato em Bambuí, na região Centro-Oeste do Estado, em 2014. 
Outra história que movimentou as redes sociais não começou exatamente em Belo Horizonte, mas atingiu vários mineiros. Em janeiro, um alerta sobre números de telefones que começam com 065 movimentou internautas que fazem uso do Facebook.
Desde o começo de dezembro de 2013, as informações davam conta que quem atendesse ligações com esse prefixo teria o seu número clonado, dados pessoais roubados e faria um pacto satânico. Entre os números divulgados estavam 0656520650799 / 0656520656466 / 0656520656523. No entanto, não houve registro de que a história fosse verdadeira. O prefixo 065 pertence a Cuiabá, capital do Mato Grosso.
O delegado titular da Delegacia Especializada de Crimes Cibernéticos, Pedro Paulo Uchôa Fonseca Marques, afirmou, na época, que desconhecia o suposto golpe. A assessoria de imprensa da Polícia Militar também afirmou, na ocasião, que nenhum alerta sobre esse caso foi emitido em Minas. 
É crime
Por meio de nota, a PM faz um alerta à população sobre os prejuízos que acionar desnecessariamente a instituição causam. “Trotes e telefonemas inconvenientes, feitos com o objetivo de atrapalhar o serviço da PM, comprometem o atendimento de situações que, verdadeiramente, precisam da presença dos policiais. O trote congestiona o tele-atendimento e é crime. Além disso, denúncia falsa de crime também é crime”, ressaltam.
Trotes telefônicos
De acordo com o sargento Paulo Fernandes, da assessoria de comunicação dos bombeiros, em 2012, das 387 mil chamadas recebidas na capital e região metropolitana 104.490 (27%) foram trotes. Em 2013, foram um total de 342 mil chamadas ao 193 e 102.600 ligações (30%) eram trotes.
"Os tele-atendentes são treinados para identificar essa situação e muitas vezes são crianças brincando, e não deslocamos viaturas. O grande problema é quando são adultos e não conseguimos checar se a informação passada é falsa",  argumentou.
Já segundo a assessoria de imprensa da Polícia Militar, em Belo Horizonte, de 20% a 25% das chamadas solicitadas atendidas pelo 190 são trote.
No caso do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a assessoria comunicou que são cerca de 60 mil chamados por mês, uma média de 2 mil por dia. Desse total, 30 mil (50%) são atendimentos com deslocamento de ambulâncias, sendo 20% de trotes (média de 200 por dia) e 10% de engano.

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