O secretário de Estado da Defesa Social, Lafayette Andrada, teria sugerido que policiais militares da Rotam são “bandidos de farda”
Renato Cobucci
Jonas Rosa, Jason Paschoalino e Adelmo Zuccheratte teriam participação em duplo homicídio
A possibilidade de tumulto e confusão na manifestação de policiais militares, prevista para as 14 horas desta terça-feira (1º) na Assembleia Legislativa, obrigou o secretário de Estado da Defesa Social, Lafayette Andrada, a reconhecer que sua declaração sobre os policiais militares da Rotam, chamados por ele de “bandidos de farda”, provocou mal-estar na corporação.
No último dia 19, uma operação da Rotam no Aglomerado da Serra resultou na morte do auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva e do sobrinho dele, o estudante Jefferson Coelho da Silva.
Na segunda-feira, Andrada convocou representantes da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra) e do Centro Social Cabos e Soldados PM e Bombeiros para uma reunião sigilosa.
De acordo com o coordenador de Direitos Humanos da Aspra, subtenente Luiz Gonzaga Ribeiro, o secretário não chegou a se desculpar formalmente, mas teria reconhecido que suas declarações criaram mal-estar na tropa.
O encontro teria sido uma forma de acalmar os ânimos dos militares durante a manifestação desta terça-feira, em protesto sobre a declaração de Andrada. A manifestação também pretende cobrar que a Rotam tenha seu reconhecimento dentro da PM e que os militares acusados tenham um julgamento justo.
O advogado Ricardo Gil de Oliveira Guimarães informou que vai pedir, ainda nesta terça-feira, a revogação da prisão preventiva dos militares Jason Ferreira Paschoalino, Adelmo Felipe de Paula Zuccheratte e Jonas David Rosa.
Os três policiais, suspeitos de envolvimento nas mortes no aglomerado, compareceram na segunda-feira à Corregedoria da Policia Militar, onde deveriam prestar depoimento sobre o caso. No entanto, preferiram permanecer em silêncio. Apenas o soldado Zuccheratte foi liberado pela defesa a contar sua versão.
A estratégia do advogado Ricardo Guimarães é que os acusados falem somente em juízo. Para ele, o caso deveria ser julgado pelo Tribunal do Júri e não pela Justiça Militar.
Além disso, o advogado pretende pedir o desmembramento do caso, por entender que o policial Adelmo Felipe de Paula Zuccheratte, que seria o motorista da viatura, não teria participado do episódio.
Sobre o pedido de revogação da prisão preventiva, afirmou que vai até a última instância. “Inicialmente, vamos recorrer junto à auditoria da PM. Se o pedido for negado, vamos protocolar um pedido de habeas corpus no Tribunal de Júri, e, se for o caso, recorrer ao Superior Tribunal de Justiça”, completou.
Nesta terça-feira, a partir das 10 horas, membros da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa vão realizar uma visita ao Aglomerado da Serra. O objetivo é avaliar a situação do região. Durante a visita, os parlamentares irão conversar com os moradores e parentes das vítimas.
*(Com colaboração de Fernando Zuba)
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