A concentração de renda e o aumento da pobreza. “Segundo cálculos, 8,1% da população mundial (373 milhões de pessoas) possuem 82,4% da riqueza total global. Deste grupo de pessoas, 29 milhões possuem 39,3% da riqueza planetária”, enfatiza o economista Santiago González, em artigo publicado no sítio Rebelión, 07-10-2013. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
Existem dois problemas: a pobreza e a não universalização do trabalho digno. As duas questões estão inter-relacionadas. E ambas derivam do comportamento humano. Que podem e devem ser corrigidas. Mas não é fácil e existem muitos interesses e inércias contra a resolução de ambos.
A pobreza aumenta. Calcula-se, por parte do Intermon Oxfam, que caso se mantenham as políticas de austeridade, o austericídio ditado pela Troika, aumentarão em 25 milhões o número de pobres na Europa, no ano de 2025. Destes, os novos oito milhões serão espanhóis.
No mundo, apesar do aumento em diversos Estados do número de cidadãos com rendas médias, as pessoas com menos de um euro de renda por dia estão em 1,3 bilhão. Isto nos obriga a revisar se as prioridades políticas estão ou não marcadas pelo cumprimento do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e entender, como o faz a Aliança contra a Pobreza, que a pobreza é uma grave violação dos direitos humanos de caráter global. Ela impede o desenvolvimento de uma pessoa que nesta situação está lutando pela sobrevivência.
Em contrapartida, a riqueza. Desigual. Acumulada em poucas mãos. Segundo cálculos, 8,1% da população mundial (373 milhões de pessoas) possuem 82,4% da riqueza total global. Deste grupo de pessoas, 29 milhões possuem 39,3% da riqueza planetária. Desde a década de setenta do século passado, diminuiu-se a porcentagem das rendas salariais no conjunto da renda criada nos países em favor dos rendimentos do capital. Ou seja, a situação de crise atual veio precedida por uma desvalorização nos salários e das condições de trabalho e, portanto, por uma divisão desigual dos avanços da tecnologia e da produtividade.
Isso explica porque porcentagens mínimas da população absorvem mais riquezas, tendência acelerado com a crise dos últimos anos. Uma crise financeira que todos pagam, mas que foi gerada e será aproveitada por poucos. Paralelo à perda de peso dos salários na renda nacional, houve uma onda desfiscalizadora, onde os rendimentos do capital tiveram uma imposição relativa cada vez menor, por causa da redução de alíquotas. Devido uma guerra impulsionada pela livre circulação de capitais, a erosão fiscal das multinacionais e a globalização especulativa da própria existência dos paraísos fiscais. A tributação determina a provisão de bens públicos e sua universalidade, a capacidade de mobilidade social e a qualidade democrática da sociedade.
Por isso, é necessário avançar em duas frentes: as causas da pobreza e a reivindicação por uma tributação justa, e advogar pela universalização do trabalho digno.
Trabalho digno que supõe um salário adequado, proteção social e o ambiente socioeconômico sustentável que permita a autonomia econômica dos trabalhadores, trabalhadoras e de suas famílias. Outra vez há que repetir, repartir e redesenhar melhor o que se produz e redistribuir fiscalmente para prover bens e serviços públicos universais. O que ocorreu em Bangladesh, com a morte de milhares de trabalhadores, com o desmoronamento de um edifício industrial realizado por grandes multinacionais de distribuição, algumas espanholas, não é casual. Compõe uma louca corrida pela competitividade de preços, sem regular os padrões de produção e condição de trabalho, em um ambiente de capital e de lucros anônimos.
Em última análise, trata de uma globalização que vai contra a humanidade e a favor de 1 %. Uma elite a quem servem Governos e instituições internacionais, com suas políticas e orçamentos.
Por isso, diferentes organizações são convidadas a se mobilizar, ao protesto e a construção de respostas alternativas. E estas são viáveis a partir da construção de uma organização.
No dia 7 de outubro, pelo TRABALHO DIGNO, organizando-nos.
No dia 17 de outubro, dia contra a pobreza, “Contra a riqueza que empobrece, atue”.
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