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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Skaf escala 'tropa de elite' para elaborar programa de segurança pública

ELEIÇÕES 2014


O ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho e o ex-secretário Antônio Ferreira Pinto são nomes fortes na equipe que elabora propostas para um eventual governo do presidente licenciado da Fiesp por Eduardo Maretti, da RBA 



DIVULGAÇÃO/PMDB-SÃO CAETANO DO SUL
Fleury_Skaf
Ex-governador Fleury e Paulo Skaf prometem "trazer uma nova visão em matéria de segurança" a São Paulo
São Paulo – O ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1994) é o principal nome do PMDB na coordenação do plano de governo para a área de segurança pública do candidato do partido ao governo do estado, Paulo Skaf. A intenção da campanha do presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é mostrar firmeza ao eleitor numa das áreas consideradas mais sensíveis do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), criticado à esquerda, pelo uso sistemático da violência, e à direita, pela alegada “fraqueza” na gestão da segurança. Fleury não é o único nome que tem contribuído para desenvolver o programa.
Antônio Ferreira Pinto, ex-secretário de Administração Penitenciária (2006-2009) e de Segurança Pública (2009-2012), é outro nome forte, embora haja resistência de policiais civis ao seu nome. Após deixar a pasta que comandava no governo Alckmin, Ferreira Pinto se tornou assessor de Skaf na Fiesp.
“Vamos trazer uma nova visão em matéria de segurança”, disse Fleury hoje (24), após reunião com sindicalistas no comitê de campanha de Skaf na capital paulista. Em seu mandato como governador do estado ocorreu o “massacre do Carandiru”, em outubro de 1992. Segundo Fleury, essa “nova visão procura conciliar não apenas as duas polícias (Militar e Civil), mas também todos os meios que hoje existem de prevenção ao crime”. De acordo com ele, o programa de governo para a segurança pública está em elaboração. Em sua opinião, os principais problemas da área são a “falta de motivação e principalmente uma falta de estratégia de combate à criminalidade, falta de gestão e orientação”. “A prevenção desapareceu e a investigação não existe mais”, diz.
Questionado sobre o plano de segurança de seu programa de governo ontem, em evento na Universidade Mackenzie, Skaf não entrou em detalhes e nem confirmou nomes, a não ser do seu candidato a vice, o advogado José Roberto Batochio. “Na segurança, nós devemos ter mais ou menos umas 20 pessoas envolvidas (na elaboração do programa para a área), representantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Técnico-Científica, especialistas, e inclusive o próprio candidato a vice-governador, o José Roberto Batocchio”, afirmou.
Oficialmente, Fleury é coordenador da campanha de Skaf no interior do estado e tem a missão de arregimentar apoio nas cidades pequenas, onde Alckmin tem grande penetração. A coordenação da segurança pública está a cargo de Batochio. Mas Fleury tem peso decisivo por sua experiência na área.
O deputado Major Olímpio (PDT), do mesmo partido de Batochio, outro nome que tem sido mencionado como colaborador de Skaf na área, considera natural que Ferreira Pinto, Fleury e ele próprio sejam citados, segundo a lógica da aliança entre os dois partidos. “O Fleury, sendo do PMDB, foi secretário de Segurança Pública, governador, e é lógico que vai ter um peso muito significativo. O Ferreira Pinto é candidato a deputado federal pelo PMDB, foi secretário da Segurança Pública, de Assuntos Penitenciários. A coisa mais natural é que a gente coloque a nossa experiência à disposição para a formatação de um governo ou de objetivos a serem atingidos”, afirma Olímpio, que garante não ter participado de nenhum encontro oficial sobre a elaboração da proposta de Skaf para a área. “No momento em que houve um entendimento do partido de fazer uma aliança com o PMDB, logicamente o partido e eu nos colocamos à disposição para a construção de um programa de segurança. Mas até agora não participei de nenhum ato, nenhuma reunião sequer em relação à formatação disso.”
Para o deputado, os dados comprovam a crise da segurança do governo Alckmin. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública paulista, em 1996 houve no estado 28.665 roubos no primeiro trimestre. Em 2014, o número subiu para 79.102 ocorrências no mesmo período. “Nos últimos 20 anos, os crimes contra o patrimônio cresceram 176% no estado. Um número absurdo. Não há culpa das polícias”, diz Fleury. “O que a gente vê é falta de motivação e principalmente falta de estratégia de combate à criminalidade.”
Os dados não passam despercebidos pela população, de acordo com Olímpio. “Pegue pesquisas de opinião pública e a população está dizendo: 'O governo é frouxo e a polícia é fraca em relação ao enfrentamento de bandidos que se infiltram no meio daqueles que estão protestando legitimamente'”, acrescenta, sobre as manifestações e protestos de rua. “Uma coisa é a polícia se posicionar para garantir o legítimo direito de manifestação que a Constituição garante, todo cidadão tem direito. Outra coisa é a quebra da ordem, banditismo”, analisa o deputado estadual do PDT.
Na opinião do parlamentar, o governo é “frouxo” porque confuso. “A PM não sabe que atitude tomar. Ela recebe uma ordem num dia, há uma contraordem no dia seguinte. Os policiais estão perdidos”, constata.

Rota

Na avaliação do diretor-adjunto da ONG Conectas Direitos Humanos, Marcos Fuchs, as recentes declarações de Skaf, segundo as quais "já teria proibido máscaras em protestos e teria demitido os grevistas do Metrô 'uma hora' após as depredações", têm o objetivo inicial de sensibilizar o eleitor. “Num primeiro momento, isso tem fins eleitoreiros. Ele consegue muito mais votos dizendo ‘Vamos proibir manifestação e vamos demitir funcionários do metrô’”, acredita. “Aí tem a população ao lado dele. Quem defende transporte público vai apoiar e quem não gosta de manifestações, um grupo enorme de eleitores, também. Não é muito diferente do discurso do atual governador. Nisso eles são muito parecidos”, diz Fuchs.
Na opinião de Fuchs, porém, o que transparece das propostas de Skaf é preocupante e mostra que a repressão tende a ter peso maior do que a investigação em um eventual governo. “O que mais me assusta é que tem uma vontade enorme de deixar a Rota mais forte, nessa linha de Ferreira Pinto e Fleury.” Ferreira Pinto é reconhecidamente defensor da Rota. Ao deixar o cargo de secretário de Segurança, disse que o batalhão, o qual priorizou em sua gestão em detrimento da investigação, “cumpriu seu papel com muita galhardia”.
Fuchs menciona o documentário A Verdadeira História da Rota, uma apologia sobre o conhecido batalhão da PM paulista, já exibido em cinemas de São Paulo, e para cuja produção houve apoio da Fiesp, que o candidato peemedebista presidiu até se licenciar, em 30 de maio. “A Fiesp dá respaldo a esse filme sobre como a Rota opera, a disciplina, aquelas coisas do Conte Lopes e companhia. Vejo com preocupação uma política de segurança pública como essa”, reitera.
Para ele, é prioritário remunerar o policial adequadamente, desenvolver um sistema para formar “um policial que seja respeitado e que respeite”. O policial de São Paulo é hoje o que tem a pior remuneração entre todos os estados da Federação. “Hoje o emprego dele vira bico e o bico vira emprego. Tem que mudar isso”, diz Fuchs.
A presidenta da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), Marilda Pansonato Pinheiro, avalia que a principal reivindicação dos delegados é a valorização profissional. “São Paulo ainda ocupa o último lugar no ranking salarial entre os 27 entes federados. Por conta disso, perdemos muitos delegados, a cada nove dias um delegado abandona a carreira, não conseguimos manter. Com essa debandada de delegados, a investigação fica prejudicada”, diz.
Segundo a Adpesp, a remuneração do delegado é de R$ 8.252,59 na atual gestão. O líder do ranking é o estado do Amazonas, com salário de R$ 22.339,75.

Carandiru

Em longo julgamento iniciado em 2013 e encerrado no dia 2 de abril de 2014, um total de 73 policiais foram condenados pelo massacre do Carandiru, a penas que variam de 48 a 624 anos de reclusão. Mas todos recorreram da sentença em liberdade, o que foi criticado pela Anistia Internacional.
Governador na época do episódio, Luiz Antonio Fleury Filho depôs como testemunha de defesa no júri popular e disse que "a entrada da polícia foi absolutamente necessária e legítima" no complexo penitenciário. Fleury nunca foi julgado. Na época, alegou não ter conhecimento dos acontecimentos e, em depoimento, disse que estava no interior do estado em campanha por candidatos nas eleições municipais, mas que havia sido informado que "as coisas estavam sob controle".

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