Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

‘Morre com dignidade’, diz policial a garoto agonizando após batida;

Violência Racial e Policial

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Cinco adolescentes morreram em acidente após perseguição em Planaltina.
Corporação apura se fala é de PM do DF ou de policial de outra corporação.
 Raquel Morais e Isabella Calzolari no G1
Familiares dos cinco adolescentes de Brasília mortos em um acidente após perseguição policial durante o carnaval fecharam a BR-020 na altura de Planaltina na manhã desta quinta-feira (19) para denunciar suposta omissão de socorro. Os garotos ocupavam um carro com placa clonada e desobedeceram a ordem de parada de uma equipe da PM. Vídeos mostram membros da corporação debochando de duas vítimas que agonizavam no asfalto. Homens que não aparecem no vídeo chegam a falar: “Chora não”, “você não rouba, c******? Você não rouba, desgraça?”, “assume o papel de homem” e “morre com dignidade” (sic).
Por e-mail, a Polícia Militar informou ao G1 que abriu investigação para saber se a fala é de PMs do DF ou de policiais de outra corporação – a perseguição, diz, contou também com policiais de Goiás e rodoviários.
“Todo policial é formado para servir e proteger a sociedade, como sempre fizemos. Este tipo de atitude isolada que denigre a imagem da corporação não será aceita”, declarou em nota a PM do Distrito Federal.
A PM de Goiás disse também estar apurando o caso. “[A imagem] não nos permite dar informações conclusivas, uma vez que mostram apenas um dos momentos da ocorrência, não fazendo alusão às circunstâncias anteriores ou posteriores, de um acompanhamento policial que iniciou no Distrito Federal.
As imagens estão sendo analisadas, para identificar a participação de policiais militares do estado de Goiás que, porventura, tenham apoiado as equipes da PMDF no momento do acidente.”

Em nota, a PRF negou que tenha participado da perseguição e disse que acionou socorro para as vítimas. “Quando os PRFs chegaram ao local do acidente, já havia bombeiros resgatando a vítima sobrevivente”, dissse.
Em um determinado momento da gravação, um policial, que não aparece no vídeo, ilumina com uma lanterna um dos jovens agonizando no chão e diz: “Olha, moço, o tamanho dessa carniça”.
O promotor de Justiça Nísio Tostes disse que está analisando as imagens e vai estudar quais procedimentos serão adotados.
Acidente
O acidente aconteceu na madrugada de domingo. A equipe da PM tentou abordar o carro em que estavam os jovens, com idades entre 12 e 18 anos, na entrada de Planaltina. O motorista tinha 17 anos. Ele se recusou a parar e acabou colidindo com outro veículo na entrada de Formosa, no Entorno do DF. Três garotos morreram na hora, incluindo o condutor. Policiais teriam tirado as vítimas do carro e as colocado no chão.

Familiares protestam contra suposta omissão em socorro a vítimas que bateram carro após perseguição policial (Foto: Isabella Calzolari/G1)
Familiares protestam contra suposta omissão em socorro a vítimas que bateram carro após perseguição policial (Foto: Isabella Calzolari/G1)
Pai do menino de 12 anos que aparece agonizando nas imagens, o pedreiro José Cícero Ferreira, de 44 anos, se disse “chocado” com as filmagens. “Estava viajando e quando soube da notícia voltei correndo. Eles mataram uma criança. Eles tinham que ter socorrido o meu filho. Na hora em que eles bateram, os policiais tiraram os meninos do carro e jogaram no chão. Meu filho estava pedindo socorro e não ajudaram. Tenho certeza que os policias têm filhos. Não acredito que conseguiram fazer isso com o meu. A gente não quer briga, só queremos paz e justiça.”
Pai do menino que dirigia o carro, o motoboy Raimundo Ribeiro, de 41 anos, criticou a ação policial. “Meu filho trabalhava e estudava à noite, nunca teve passagem [pela polícia]. Queremos justiça para que policiais nunca mais façam isso com os outros”, afirmou.
A mãe do garoto, a zeladora Maria Lúcia Ferreira, de 39 anos, também se disse revoltada com a situação. Ela declarou ao G1 tentar, por meio do protesto, limpar o nome do filho.
“Ele não era bandido. A perseguição começou, eles podiam ter parado os meninos, mas não fizeram nada para barrar a perseguição e houve o acidente”, disse, emocionada.
Os familiares levaram cartazes para a rodovia e vestiram camisetas com fotos das vítimas. Eles também fizeram rodas de oração. Durante o ato, que durou duas horas e meia, policiais militares revistaram parte dos 70 manifestantes, o que gerou clima de revolta. O grupo fechou a via por 20 minutos, mas disse que não pretendia voltar a bloquear o trânsito.
Morador da região, o estudante de direito Juliano da Silva, de 25 anos, também se mostrou indignado com os vídeos e com a postura dos policiais envolvidos. “Não interessa se é bandido ou não. Na hora do socorro os policiais tiraram eles do carro e isso já foi um erro. As pessoas têm que ser bem tratadas. Os jovens daqui não têm lazer, não têm justiça, não têm esporte. Queremos um tratamento igual.”
Detalhe de camiseta com fotos de quatro das cinco vítimas de acidente (Foto: Isabella Calzolari/G1)
Detalhe de camiseta com fotos de quatro das cinco
vítimas de acidente (Foto: Isabella Calzolari/G1)
Também presente ao protesto, o advogado Gilson dos Santos afirmou que vai entrar com representação no Ministério Público no início da tarde para pedir a averiguação da conduta dos policiais.
O motoboy Sigenaldo Souza, 34 anos, declarou que o filho, que tinha 15 anos, e três amigos mortos no acidente iam para uma festa na Estância 3. A quinta vítima não morava em Planaltina, conhecia “de vista” os meninos e ofereceu carona ao grupo. A perseguição ocorreu depois do evento. “Foi a famosa ‘carona da morte'”, afirmou.
O pedreiro Juscelino de Matos, de 53 anos, contou que o filho, de 18 anos, chegou a ser levado para o Hospital de Base com um corte na boca e no supercílio, além de uma perna quebrada. “Se tivessem socorrido mais rápido, tinham salvado a vida do meu filho. Eles podiam ter feito um cerco, pelo menos meu filho estaria preso, mas vivo.”
O garoto era filho único e havia se alistado recentemente no Exército. “A gente sabe que ele não vai mais voltar, mas esses policiais precisam pagar pelo que fizeram.”

21/2/2015Geledés Instituto da Mulher Neg


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