De olho em 'risco-eleições', Dilma reúne aliados e pede apoio e união
Na primeira reunião do Conselho Político em 2012, Dilma Rousseff e equipe dizem que plano de crescimento tem foco em investimentos e pedem apoio. Aviso antecede cortes no orçamento que sacrificarão gastos propostos por parlamentares. Segundo Guido Mantega, 'sucesso' do governo é 'compartilhado' politicamente. Para Dilma, disputas municipais não podem desunir partidos.
André Barrocal
Brasília – Preocupada com potenciais impactos, que considera negativos, do espírito eleitoral de seus aliados, este ano, nos rumos econômicos e políticos do governo, a presidenta Dilma Rousseff reuniu-se, nesta terça-feira (14), com dirigentes e líderes de partidos governistas para dar recados importantes.
Na economia, quer apoio a um plano pró-crescimento que prioriza investimentos e programas sociais, mas implicará um grande corte no orçamento – parte dos gastos propostos pelo Congresso será sacrificada – e uma postura contrária a qualquer tentativa parlamentar de elevar despesas.
Na política, espera que as disputas eleitorais não levem os partidos a se engalfinhar e se afastar uns dos outros, o que atrapalharia a vida do próprio governo, já que sua base de apoio ficaria desunida no Congresso.
De quebra, Dilma aproveitou a reunião do chamado Conselho Político para demonstrar, mais uma vez, sua crescente obsessão com “gestão”, ao determinar à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) que apresentasse aos aliados o sistema de monitoramento em tempo real de obras e ações federais.
Em entrevista depois da reunião, no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi o porta-voz dos recados presidenciais. Segundo ele, o governo tentou mostrar aos políticos aliados que o grande desafio de 2012 será fazer o Brasil crescer mais do que no ano passado. E em um ambiente internacional pior.
A perspectiva é que o mundo cresça menos do que em 2011, mas o governo aposta que conseguirá nadar contra a corrente e fazer o PIB brasileiro avançar de 4% a 5%, mais do que os cerca de 3% de 2011.
Para isso, todos os investimentos serão preservados – o PAC, por exemplo, deverá atingir o maior volume de gastos desde sua criação em 2007. “Foi sugerido pelo governo e aceito pela base que se faça uma grande mobilização pelo investimento”, disse Mantega.
Mas, ressaltou o ministro, esses investimentos terão de ser conciliados com uma outra decisão do governo: pagar R$ 140 bilhões de juros da dívida pública, o chamado superávit primário. Para viabilizar o pagamento, o governo terá de sacrificar outros gastos previstos no orçamento aprovado pelo Congresso. Foco da tesoura: obras incluídas pelo próprio Congresso.
A tesourada será anunciada nos próximos dias e, se depender da pressão do “mercado”, atingirá pelo menos R$ 60 bilhões – essa seria, nas contas do "mercado", a quantia necessária para, diante da arrecadação tributária prevista, chegar ao pagamento de R$ 140 bilhões em juros.
O plano do governo exige que, além de aceitar o corte de gastos, o Congresso também resista à tentação de, em ano eleitoral, votar projetos que criem novas despesas. Mesmo que a arrecadação no ano fique acima da expectativa, o governo planeja usar o dinheiro extra para investir e pagar juros. Foi o que fez em 2011, ao aumentar em R$ 10 bilhões o superávit primário durante o ano.
Na avaliação do governo, os aliados precisam acreditar e apostar que o plano dará certo porque todos ganham. Eles, aliados, podem, por exemplo, explorar os resultados econômicos nas eleições. “Para os congressistas, principalmente da base, o que interessa é esse sucesso. Ele é compartilhado. Eles [os partidos aliados] são parte desse sucesso”, disse o ministro da Fazenda.
“A parceria entre governo e Congresso é central para o sucessso”, reforçou a ministra-chefe das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na entrevista com Mantega.
Mas há risco, na avaliação de Dilma e sua equipe, que as eleições municipais de outubro atrapalhem o “sucesso” geral. Como é natural na política, todos os partidos têm ambições de avançar e conquistar mais prefeituras. E isso pode colocar em trincheiras inimigas municipais aqueles que, em Brasília, são aliados, tudo o que não interessa à presidenta.
Segundo o presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que integra o Conselho Político e esteve na reunião, Dilma foi clara a esse respeito. “Ela disse que é importante que as disputas eleitorais não desunam a base aliada”, afirmou. Ainda de acordo com ele, a presidenta avisou que não vai permitir que os partidos usem a máquina pública para ganhar votos.
Na economia, quer apoio a um plano pró-crescimento que prioriza investimentos e programas sociais, mas implicará um grande corte no orçamento – parte dos gastos propostos pelo Congresso será sacrificada – e uma postura contrária a qualquer tentativa parlamentar de elevar despesas.
Na política, espera que as disputas eleitorais não levem os partidos a se engalfinhar e se afastar uns dos outros, o que atrapalharia a vida do próprio governo, já que sua base de apoio ficaria desunida no Congresso.
De quebra, Dilma aproveitou a reunião do chamado Conselho Político para demonstrar, mais uma vez, sua crescente obsessão com “gestão”, ao determinar à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) que apresentasse aos aliados o sistema de monitoramento em tempo real de obras e ações federais.
Em entrevista depois da reunião, no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi o porta-voz dos recados presidenciais. Segundo ele, o governo tentou mostrar aos políticos aliados que o grande desafio de 2012 será fazer o Brasil crescer mais do que no ano passado. E em um ambiente internacional pior.
A perspectiva é que o mundo cresça menos do que em 2011, mas o governo aposta que conseguirá nadar contra a corrente e fazer o PIB brasileiro avançar de 4% a 5%, mais do que os cerca de 3% de 2011.
Para isso, todos os investimentos serão preservados – o PAC, por exemplo, deverá atingir o maior volume de gastos desde sua criação em 2007. “Foi sugerido pelo governo e aceito pela base que se faça uma grande mobilização pelo investimento”, disse Mantega.
Mas, ressaltou o ministro, esses investimentos terão de ser conciliados com uma outra decisão do governo: pagar R$ 140 bilhões de juros da dívida pública, o chamado superávit primário. Para viabilizar o pagamento, o governo terá de sacrificar outros gastos previstos no orçamento aprovado pelo Congresso. Foco da tesoura: obras incluídas pelo próprio Congresso.
A tesourada será anunciada nos próximos dias e, se depender da pressão do “mercado”, atingirá pelo menos R$ 60 bilhões – essa seria, nas contas do "mercado", a quantia necessária para, diante da arrecadação tributária prevista, chegar ao pagamento de R$ 140 bilhões em juros.
O plano do governo exige que, além de aceitar o corte de gastos, o Congresso também resista à tentação de, em ano eleitoral, votar projetos que criem novas despesas. Mesmo que a arrecadação no ano fique acima da expectativa, o governo planeja usar o dinheiro extra para investir e pagar juros. Foi o que fez em 2011, ao aumentar em R$ 10 bilhões o superávit primário durante o ano.
Na avaliação do governo, os aliados precisam acreditar e apostar que o plano dará certo porque todos ganham. Eles, aliados, podem, por exemplo, explorar os resultados econômicos nas eleições. “Para os congressistas, principalmente da base, o que interessa é esse sucesso. Ele é compartilhado. Eles [os partidos aliados] são parte desse sucesso”, disse o ministro da Fazenda.
“A parceria entre governo e Congresso é central para o sucessso”, reforçou a ministra-chefe das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na entrevista com Mantega.
Mas há risco, na avaliação de Dilma e sua equipe, que as eleições municipais de outubro atrapalhem o “sucesso” geral. Como é natural na política, todos os partidos têm ambições de avançar e conquistar mais prefeituras. E isso pode colocar em trincheiras inimigas municipais aqueles que, em Brasília, são aliados, tudo o que não interessa à presidenta.
Segundo o presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que integra o Conselho Político e esteve na reunião, Dilma foi clara a esse respeito. “Ela disse que é importante que as disputas eleitorais não desunam a base aliada”, afirmou. Ainda de acordo com ele, a presidenta avisou que não vai permitir que os partidos usem a máquina pública para ganhar votos.
Fotos: Antônio Cruz/ABr
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