A demora no atendimento das ocorrências e a falta de treinamento especializado de policiais civis e militares foram os principais problemas apontados pelas famílias do músico Vinícius Maia de Carvalho, de 28 anos, conhecido como “Mainha”, e do sargento da reserva da Polícia Militar Marcos dos Reis Henriques, de 48 anos, em audiência pública, realizada nesta terça-feira (29/5/12), para discutir o desaparecimento de ambos. Os deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que promoveu a reunião, vão cobrar ainda providências às autoridades de segurança do Estado para solução dos casos e ampliar as políticas publicas voltadas às buscas por pessoas desaparecidas.
Gustavo Maia, irmão de Vinícius Maia, lembrou as circunstâncias do caso e apontou o que considerou erros e falhas dos policiais e bombeiros envolvidos na ocorrência. De acordo com o relato, Mainha teria sofrido um surto desencadeado por uma quadro de depressão. Ele tomou o controle do veículo onde estava com o pai, Pedro Alves Carvalho, caminhou em direção à Ponte do Valão e se atirou no Rio Doce, no município de Rio Casca, Zona da Mata, no último dia 11 de janeiro. “Meu pai chegou a ver meu irmão saindo do rio e adentrando, em seguida, a mata. Apesar de ter feito contato com os bombeiros e a polícia imediatamente, só depois de 24 horas, os oficiais de Itabira iniciaram as buscas”, enfatizou.
Segundo Gustavo, a demora e o contingente de apenas quatro bombeiros podem ter prejudicado o sucesso da operação. Ele explicou ainda que os profissionais não contavam com um “mateiro”, que pudesse guiá-los pela região. Ainda segundo Gustavo, houve despreparo dos policiais que atenderam a notificação além do fato de que, até o momento, nenhum representante da Polícia Civil entrou em contato com a família. “Trataram o desaparecimento de Vinícius com certo descaso e preconceito, como se ele não merecesse os esforços da polícia. Não estamos aqui para desmoralizar ninguém, apenas queremos cobrar uma abordagem mais humanizada e fazer um alerta sobre os problemas que acreditamos ser estruturais nas instituições de segurança do Estado”, ressaltou.
Para a irmã de Mainha, Daniela Maia, faz-se necessário alimentar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD) recorrentemente e integrá-lo a outros equipamentos públicos como hospitais e abrigos. Ela contou que, muitas vezes, passou por diversos andarilhos e que nunca havia se preocupado em saber o que teria acontecido com aquela pessoa. Daniela disse que o irmão está doente e precisa do auxílio da família e que muitos outros familiares devem estar na mesma situação, uma vez que, conforme informações levantadas por ela, cerca de sete pessoas desaparecem todos os dias em Minas Gerais.
O delegado responsável pelo caso, José Marcelo de Paula Loureira, afirmou que a Polícia Civil prossegue com os trabalhos de investigação. Ele reconhece a limitação da atuação, sobretudo em função do déficit de profissionais. “Eu tenho apenas cinco investigadores e nem mesmo há um escrivão em nossa unidade; temos que atender uma área muito maior que o município de Rio Casca”. Para o delegado, outra dificuldade do caso são as informações desencontradas. Ele explica que existem muitos andarilhos na região e que o Vinícius já foi confundido com alguns deles, “mas garanto que não vamos desistir ou abandonar o Vinícius”, concluiu.
Sargento pode ter sido vítima de crime
“Meu marido foi vítima de um crime e gostaria que o seu desaparecimento fosse tratado como tal”, a consideração foi feita por Adinéia Edna da Silva Henriques, esposa do sargento Marco dos Reis Henriques, desaparecido desde o último dia 3 de dezembro de 2011, no município de Contagem. Adinéia contou que ele saiu de casa, em Ibirité (Região Metropolitana de Belo Horizonte), para negociar a venda de um carro, levando a quantia de R$ 5 mil em dinheiro. O encontro foi marcado pela internet. Depois disso, ele seguiria para o sítio da família, onde não foi localizado. “Desde então vivo em constante espera e sem respostas”, desabafou.
Ainda conforme Adinéia, o marido não desapareceu, pois estava feliz, tranquilo. Ela disse que eles faziam planos de viajar e de morar em uma chácara no interior, uma vez que ele havia se aposentado recentemente. A filha, Débora Stephanie de Oliveira Henriques, concorda com o ponto de vista da mãe e reclamou da falta de orientação e de celeridade na condução das investigações e do inquérito policial.
De acordo com Débora, mesmo depois de quase seis meses do desaparecimento de Marcos, a Polícia Civil ainda não havia solicitado a quebra do sigilo telefônico do pai. Ela diz acreditar que essa medida poderia esclarecer não só o último paradeiro do sargento como também revelar quem teria se encontrado com ele. A estudante pediu ainda apoio dos deputados da Comissão de Segurança Pública ajuda para mobilizar a sociedade em prol do projeto de Iniciativa popular pela Pessoa Desaparecida, que busca a criação de delegacias especializadas, dentre outras medidas.
O delegado do 4° Distrito de Contagem da Polícia Civil, Antônio Fradique de Araújo, informou que o pedido de quebra de sigilo telefônico e bancário do sargento foi enviado à Justiça na semana passada, depois que foram esgotadas as pistas preliminares. Ele esclareceu que a unidade onde trabalha deve atender uma população de 130 mil pessoas e dar andamento a 800 inquéritos e para tanto conta com oito investigadores e um escrivão. “Não estamos justificando nada, apenas mostrando qual é a nossa realidade de trabalho”, enfatizou.
Pedidos de providências
Os deputados João Leite (PSDB), presidente da Comissão de Segurança Pública, e Sargento Rodrigues (PDT) fizeram alguns questionamentos aos representantes das polícias Civil e Militar. Além das indagações, o presidente convocou reunião extraordinária a ser realizada pelos membros da comissão, nesta quarta-feira (30/5/12), às 15 horas, para aprovar requerimentos cobrando providências acerca dos casos em pauta.
Para Sargento Rodrigues, os desaparecimentos apresentam nuances bem diferenciadas e merecem ações específicas. Ele diz acreditar que o sargento Marcos tenha sido, de fato, vítima de um crime. Ele interpelou, então, o investigador da Polícia Civil, Alex Lomas de Souza Ameno, sobre as maiores dificuldades desta investigação.
Alex afirmou que a burocracia para conseguir autorização de quebra dos sigilos telefônico e bancário, a falta de recursos humanos e de apoio logístico são impasses a serem superados. Ele disse que a linha de trabalho pode sofrer uma reviravolta quando o acesso às informações telefônicas e bancárias for liberado. Vamos poder, talvez, mapear o percurso de Marcos Henriques.
Para auxiliar o processo de busca por Vinícius Maia e Marcos Henriques, os deputados vão enviar ofício ao juízo de Contagem para que o pedido de autorização para quebra dos sigilos seja apreciado com mais celeridade e solicitação ao comandante da Polícia Militar de Minas Gerais para organização de uma força tarefa nas regiões próximas a Rio Casca, dentre outras providências. Também participaram da reunião os deputados Maria Tereza Lara (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).
Segundo Gustavo, a demora e o contingente de apenas quatro bombeiros podem ter prejudicado o sucesso da operação. Ele explicou ainda que os profissionais não contavam com um “mateiro”, que pudesse guiá-los pela região. Ainda segundo Gustavo, houve despreparo dos policiais que atenderam a notificação além do fato de que, até o momento, nenhum representante da Polícia Civil entrou em contato com a família. “Trataram o desaparecimento de Vinícius com certo descaso e preconceito, como se ele não merecesse os esforços da polícia. Não estamos aqui para desmoralizar ninguém, apenas queremos cobrar uma abordagem mais humanizada e fazer um alerta sobre os problemas que acreditamos ser estruturais nas instituições de segurança do Estado”, ressaltou.
Para a irmã de Mainha, Daniela Maia, faz-se necessário alimentar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD) recorrentemente e integrá-lo a outros equipamentos públicos como hospitais e abrigos. Ela contou que, muitas vezes, passou por diversos andarilhos e que nunca havia se preocupado em saber o que teria acontecido com aquela pessoa. Daniela disse que o irmão está doente e precisa do auxílio da família e que muitos outros familiares devem estar na mesma situação, uma vez que, conforme informações levantadas por ela, cerca de sete pessoas desaparecem todos os dias em Minas Gerais.
O delegado responsável pelo caso, José Marcelo de Paula Loureira, afirmou que a Polícia Civil prossegue com os trabalhos de investigação. Ele reconhece a limitação da atuação, sobretudo em função do déficit de profissionais. “Eu tenho apenas cinco investigadores e nem mesmo há um escrivão em nossa unidade; temos que atender uma área muito maior que o município de Rio Casca”. Para o delegado, outra dificuldade do caso são as informações desencontradas. Ele explica que existem muitos andarilhos na região e que o Vinícius já foi confundido com alguns deles, “mas garanto que não vamos desistir ou abandonar o Vinícius”, concluiu.
Sargento pode ter sido vítima de crime
“Meu marido foi vítima de um crime e gostaria que o seu desaparecimento fosse tratado como tal”, a consideração foi feita por Adinéia Edna da Silva Henriques, esposa do sargento Marco dos Reis Henriques, desaparecido desde o último dia 3 de dezembro de 2011, no município de Contagem. Adinéia contou que ele saiu de casa, em Ibirité (Região Metropolitana de Belo Horizonte), para negociar a venda de um carro, levando a quantia de R$ 5 mil em dinheiro. O encontro foi marcado pela internet. Depois disso, ele seguiria para o sítio da família, onde não foi localizado. “Desde então vivo em constante espera e sem respostas”, desabafou.
Ainda conforme Adinéia, o marido não desapareceu, pois estava feliz, tranquilo. Ela disse que eles faziam planos de viajar e de morar em uma chácara no interior, uma vez que ele havia se aposentado recentemente. A filha, Débora Stephanie de Oliveira Henriques, concorda com o ponto de vista da mãe e reclamou da falta de orientação e de celeridade na condução das investigações e do inquérito policial.
De acordo com Débora, mesmo depois de quase seis meses do desaparecimento de Marcos, a Polícia Civil ainda não havia solicitado a quebra do sigilo telefônico do pai. Ela diz acreditar que essa medida poderia esclarecer não só o último paradeiro do sargento como também revelar quem teria se encontrado com ele. A estudante pediu ainda apoio dos deputados da Comissão de Segurança Pública ajuda para mobilizar a sociedade em prol do projeto de Iniciativa popular pela Pessoa Desaparecida, que busca a criação de delegacias especializadas, dentre outras medidas.
O delegado do 4° Distrito de Contagem da Polícia Civil, Antônio Fradique de Araújo, informou que o pedido de quebra de sigilo telefônico e bancário do sargento foi enviado à Justiça na semana passada, depois que foram esgotadas as pistas preliminares. Ele esclareceu que a unidade onde trabalha deve atender uma população de 130 mil pessoas e dar andamento a 800 inquéritos e para tanto conta com oito investigadores e um escrivão. “Não estamos justificando nada, apenas mostrando qual é a nossa realidade de trabalho”, enfatizou.
Pedidos de providências
Os deputados João Leite (PSDB), presidente da Comissão de Segurança Pública, e Sargento Rodrigues (PDT) fizeram alguns questionamentos aos representantes das polícias Civil e Militar. Além das indagações, o presidente convocou reunião extraordinária a ser realizada pelos membros da comissão, nesta quarta-feira (30/5/12), às 15 horas, para aprovar requerimentos cobrando providências acerca dos casos em pauta.
Para Sargento Rodrigues, os desaparecimentos apresentam nuances bem diferenciadas e merecem ações específicas. Ele diz acreditar que o sargento Marcos tenha sido, de fato, vítima de um crime. Ele interpelou, então, o investigador da Polícia Civil, Alex Lomas de Souza Ameno, sobre as maiores dificuldades desta investigação.
Alex afirmou que a burocracia para conseguir autorização de quebra dos sigilos telefônico e bancário, a falta de recursos humanos e de apoio logístico são impasses a serem superados. Ele disse que a linha de trabalho pode sofrer uma reviravolta quando o acesso às informações telefônicas e bancárias for liberado. Vamos poder, talvez, mapear o percurso de Marcos Henriques.
Para auxiliar o processo de busca por Vinícius Maia e Marcos Henriques, os deputados vão enviar ofício ao juízo de Contagem para que o pedido de autorização para quebra dos sigilos seja apreciado com mais celeridade e solicitação ao comandante da Polícia Militar de Minas Gerais para organização de uma força tarefa nas regiões próximas a Rio Casca, dentre outras providências. Também participaram da reunião os deputados Maria Tereza Lara (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).
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