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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Educação e coesão social são alternativas contra o crack


A escola em tempo integral, maior coesão social e humanização na relação com o usuário, o trabalho intersetorial e as parcerias entre entidades e instituições envolvidas na prevenção e combate às drogas foram algumas das alternativas para o combate às drogas apontadas pelos participantes da audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (30/5/12), em Ipatinga (Vale do Rio Doce). Promovida pela Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a reunião contou com a presença de líderes políticos e religiosos, autoridades locais e público em geral. Na ocasião, foi anunciado que no próximo dia 5 de junho, às 8 horas, será realizado na Câmara Municipal de Ipatinga o Encontro Metropolitano de Políticas Públicas sobre Drogas, uma das ações locais de enfrentamento.
A audiência faz parte de uma série de reuniões promovidas pela comissão na Capital e no interior para debater o tema. O trabalho deve resultar num relatório, a ser encaminhado ao Governo estadual, com propostas colhidas nas diversas regiões do Estado. Segundo o presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT), que coordenou a reunião, o trabalho baseia-se em cinco eixos – prevenção, tratamento, reinserção social, repressão com qualidade e financiamento das ações. O parlamentar defendeu maior coesão social no enfrentamento, admitindo que o combate à droga é um desafio de toda a sociedade.
Entre os fatores que influenciam a expansão da droga, o deputado citou as questões sociais, a cultura do excesso e do individualismo, o deslocamento de valores tradicionais e os movimentos de migração, além da economia local das drogas. “Temos problemas históricos que tornam a sociedade brasileira mais vulnerável”, disse.
Marcha contra o crack – Na ocasião, o deputado anunciou também que no dia 23 de junho, um sábado, a comissão vai realizar uma marcha contra o crack, em Belo Horizonte, inaugurando uma semana de diversas atividades dirigidas, sobretudo, aos jovens e estudantes e culminando com um show do artista Wilson Sideral, ex-usuário de drogas.
Paulo Lamac lembrou, ainda,  o trabalho de enfrentamento que vem sendo feito pela Comissão Especial de Estudos sobre o Crack, do Congresso Nacional, acrescentando que já existem em nível federal onze projetos de lei que buscam soluções para o problema.
Padre defende escola em tempo integral
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Ipatinga, o padre Geraldo Ildeo Franco defendeu com veemência a escola em tempo integral como solução, acrescentado que o município de Ipatinga tem recursos para implantar essa modalidade de ensino. “É um município rico e tem condições para implementar esse projeto”, disse. O sacerdote disse também que sua paróquia tem projeto e recursos para montar uma clínica modelo, com capacidade para 200 pacientes, mas ainda falta o terreno.
Para o vice-presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Ipatinga e coordenador metropolitano de Políticas Públicas sobre Drogas, Luciano Júnior Oliveira, as ações de combate ao crack passam também por ações de enfrentamento ao álcool, que, segundo ele, é a  “porta de entrada para outras drogas”. Em resposta, o deputado Paulo Lamac afirmou que a sociedade precisa ter consciência sobre isso e disse que uma das propostas que está sendo construída na comissão é a restrição à propaganda de álcool. Ele lembrou que o Parlamento estadual não pode legislar sobre a venda de produtos, mas pode propor medidas restritivas, como, por exemplo, a proibição de propaganda de álcool em grandes eventos esportivos e culturais.
A representante da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Cristina de Oliveira Abrantes, defendeu um trabalho intersetorial, destacando três grandes discursos referentes às drogas: o da Justiça, que vê a droga como delito; o da religião, como pecado; e o da saúde, que vê a droga como doença. Para ela, a saída é a solução intersetorial, a criação de um quarto discurso, o de comprometimento dos diversos saberes, de forma que o usuário seja visto como cidadão de direito e também responsabilizado por suas escolhas.
Esmola – O secretário Municipal de Assistência Social, Cemário Jesus Campos de Souza, afirmou que o problema maior em Ipatinga são os moradores de rua. Segundo ele, em recente levantamento, foram registrados 900 moradores de ruas, muitos envolvidos com drogas. Esse grupo, disse, muitas vezes chega ao vício e às ruas por perda de vínculo com a família. O enfrentamento ao crack é de toda a sociedade, disse, condenando a prática da esmola que, segundo ele, contribui para disseminar o vício. Ele relatou que, em Ipatinga, cada morador de rua arrecada, pedindo esmolas, entre 60 e 70 reais por dia.
Num discurso comovente, a presidente do Núcleo Assistencial Eclético Maria da Cruz, a enfermeira Maria Lúcia Valadão, conhecida como Tia Lúcia, afirmou que o crack não é mais problema de pobre, mas de todos, porque avançou em todas as classes sociais. Lamentou a falta de vagas para os mais carentes em clínicas especializadas. A exemplo do capitão PM César Freitas da Silva, do 14º Batalhão da Polícia Militar, defendeu mais humanidade e afeto nas relações com o usuário. “Só conseguiremos vencer se compartilharmos nossos sonhos com todos os parceiros que sonham juntos”, disse, agradecendo o apoio dos voluntários com quem trabalha na sua instituição.
O delegado regional de Polícia Civil de Ipatinga, Alexander Esteves Palmeiras, revelou que 70% das lavraturas dos autos de prisão em flagrante decorrem de delitos envolvendo tráfico de drogas, e a maioria dos homicídios, por disputa de território e acerto de contas. “O tráfico de drogas é questão de polícia, mas o usuário é questão de amor, como disse a tia Lúcia”, afirmou.
Timóteo – Ainda nesta quarta (30), a comissão tem audiência marcada em Timóteo, para discutir o assunto.

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