Um software de análise de voz da Truster Brasil dissecou três minutos da entrevista do ministro Gilmar Mendes veiculada na segunda-feira (28) pelo canal "GloboNews". O relato feito pelo magistrado sobre o encontro com o ex-presidente Lula e o ex-ministro Nelson Jobim, segundo a reportagem veiculada pela UOL, inclui 11 ocorrências de "alto risco", cinco de "provável risco" e duas de "baixo risco"."Alto risco é uma maneira de dizer que a pessoa está mentindo", afirma o perito responsável pela análise, Mauro Nadvorny. A tecnologia da Truster detecta sinais de tensão, estresse, medo, embaraço e excitação em arquivos de voz que permitem estabelecer uma escala de veracidade da narrativa oral. No caso de Mendes, o laudo técnico de sua versão sobre o polêmico encontro registrou alto risco de fraude nos trechos em que o ele diz: a) que o mensalão "entrou na pauta das conversas"; b) que "o presidente Lula tocou várias vezes na questão da CPMI" e c) no trecho em que Mendes disse não ter "nenhuma relação, a não ser relação de conhecimento e de trabalho funcional com o senador Demóstenes". A avaliação técnica foi reforçada nas últimas horas pelos 'ajustes' que o dono da voz vem introduzindo em aspectos centrais do relato original. A julgar pela esmagadora maioria dos que respondem à enquete proposta pelo blog do Emir (leia na pág) há também forte convergência entre o diagnóstico do software da Truster e o discernimento público.
Gilmar se embaralha em versões sucessivas
Gilmar Mendes, no Valor (30-05), insinua que pode ter sido traído por Nelson Jobim no encontro entre os dois e o ex-presidente Lula, a quem atribui constrangimentos por afirmações sobre o julgamento do mensalão e suas relações com Demóstenes e Cachoeira. Gilmar Mendes vai adaptando a história à medida em que ela perde consistência:
a) 'esqueceu' e ninguém mais o questiona sobre a versão original oferecida a Veja, cabalmente desmentida por Nelson Jobim, de que a conversa com Lula teria sido apenas entre os dois, na cozinha do escritório de Jobim, sem a presença deste;
b) ao Valor, diz textualmente que Jobim participou de 'toda a conversa';
c) ao Globo, ontem, alivia as afirmações sobre Lula (ele está sob pressão) ao mesmo tempo em que acusa o ex-presidente de ser uma central de boatos sobre suas relações com Demóstenes e Cachoeira;
d) mais ainda: insinua que Jobim (Jobim que foi ministro de FHC, um conservador atritado com o PT) pode tê-lo atraído para uma armadilha.
Veja o trecho da entrevista ao Valor, desta 4ª feira:
Valor: O nome do Paulo Lacerda (ex-dirigente da ABIN demitido após uma denúncia nunca comprovada de Gilmar, que diz não ter 'tradição de desmentidos', sobre escutas em seu gabinete no STF) foi mencionado na conversa?
Mendes: Nessa conversa, Jobim perguntou: e Paulo Lacerda? Agora, as coisas passam a ter sentido.
Valor: Seria uma demonstração de que se tratava de chantagem?
Mendes: Pode ser. Interpretem como quiser.
Valor: Ou seja, que o próprio Jobim participou de uma tentativa de chantagem?
Mendes: Era uma conversa absolutamente normal, nós repassamos vários assuntos. Nós falamos sobre o Supremo, recomposição do Supremo, PEC da Bengala, a má articulação hoje entre o Judiciário e o Executivo. O Jobim participou da conversa inteira. Nesse contexto, cai uma ficha.
Valor: Que ficha caiu, de que seria uma estratégia?
Mendes: Isso é possível, vamos constrangê-lo com Paulo Lacerda. Não sei se é isso".
Gilmar se embaralha em versões sucessivas
Gilmar Mendes, no Valor (30-05), insinua que pode ter sido traído por Nelson Jobim no encontro entre os dois e o ex-presidente Lula, a quem atribui constrangimentos por afirmações sobre o julgamento do mensalão e suas relações com Demóstenes e Cachoeira. Gilmar Mendes vai adaptando a história à medida em que ela perde consistência:
a) 'esqueceu' e ninguém mais o questiona sobre a versão original oferecida a Veja, cabalmente desmentida por Nelson Jobim, de que a conversa com Lula teria sido apenas entre os dois, na cozinha do escritório de Jobim, sem a presença deste;
b) ao Valor, diz textualmente que Jobim participou de 'toda a conversa';
c) ao Globo, ontem, alivia as afirmações sobre Lula (ele está sob pressão) ao mesmo tempo em que acusa o ex-presidente de ser uma central de boatos sobre suas relações com Demóstenes e Cachoeira;
d) mais ainda: insinua que Jobim (Jobim que foi ministro de FHC, um conservador atritado com o PT) pode tê-lo atraído para uma armadilha.
Veja o trecho da entrevista ao Valor, desta 4ª feira:
Valor: O nome do Paulo Lacerda (ex-dirigente da ABIN demitido após uma denúncia nunca comprovada de Gilmar, que diz não ter 'tradição de desmentidos', sobre escutas em seu gabinete no STF) foi mencionado na conversa?
Mendes: Nessa conversa, Jobim perguntou: e Paulo Lacerda? Agora, as coisas passam a ter sentido.
Valor: Seria uma demonstração de que se tratava de chantagem?
Mendes: Pode ser. Interpretem como quiser.
Valor: Ou seja, que o próprio Jobim participou de uma tentativa de chantagem?
Mendes: Era uma conversa absolutamente normal, nós repassamos vários assuntos. Nós falamos sobre o Supremo, recomposição do Supremo, PEC da Bengala, a má articulação hoje entre o Judiciário e o Executivo. O Jobim participou da conversa inteira. Nesse contexto, cai uma ficha.
Valor: Que ficha caiu, de que seria uma estratégia?
Mendes: Isso é possível, vamos constrangê-lo com Paulo Lacerda. Não sei se é isso".
Fonte: Carta maior
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