Os oficiais de alta patente – coronéis da ativa, em sua maioria – estão
levando sua preocupação aos representantes do Judiciário, Ministério
Público e Executivo.
Na segunda-feira (18/03), o coronel Gonçalves, que cumpre prisão
domiciliar por ordem da Justiça – ele é acusado de assédio sexual contra
uma cabo –, fez uma série de denúncias contra o Comando Geral da
Polícia Militar em entrevista a este Blog.
Revelou que há casos de “oficiais envolvidos com o tráfico de drogas,
desvio de combustível, irregularidades no pagamento de diárias,
quadrilha de assaltantes, uso de patrimônio e bens públicos para fins
particulares, recebimento e pagamento de escalas especiais indevidas,
entre tantos”.
Gonçalves denunciou ainda que há desvio de dinheiro público na Polícia
Militar e que existem oficiais que praticam relações sexuais com
mulheres dentro de viatura, além da prática de orgias sexuais no Centro
de Formação e Aperfeiçoamento (CFA) envolvendo oficiais-instrutores e
alunas-oficiais e alunas-soldadas, sem que os autores dos crimes sejam
sequer investigados pela PM e pelo Ministério Público Militar.
“A segurança pública no Espírito Santo é uma fábrica de dinheiro para os desonestos”, afirma o coronel Gonçalves.
Procurado pelo Blog do Elimar Côrtes para se posicionar sobre as
denúncias do coronel Gonçalves, o secretário de Estado da Segurança
Pública e Defesa Social, André Garcia, disse, por meio da Assessoria de
Imprensa, que os casos já estão sendo investigados pela Corregedoria
Geral da PM. Segundo a assessoria, a Sesp vai se manifestar somente
quando as investigações terminarem.
Enquanto isso, um grupo de oficiais já começou a se movimentar para
solicitar ao procurador geral de Justiça, Éder Pontes, que determine ao
Ministério Público Estadual a iniciar logo uma investigação:
“Precisamos que a investigação seja feita por um órgão independente. Que
seja, por exemplo, o Ministério Público porque as denúncias do coronel
Gonçalves são gravíssimas. Não consideramos legal e nem moral que a
própria Polícia Militar investigue denúncias que podem ou não atingir
seu próprio comandante geral (coronel Ronalt Willian), se levarmos em
consideração a entrevista do coronel Gonçalves. Sem uma investigação
independente, não se chegará a lugar algum”, ponderou um coronel ao Alto
Escalão da PM.
Os oficiais já fizeram chegar ao governador Renato Casagrande, ao
presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, e
ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a sua preocupação com as
denúncias:
“Na entrevista, o coronel Gonçalves não cita nomes, mas todos dentro da
PM sabem a que pessoas ele está se referindo. Porém, o público externo
pensa que todos nós somos bandidos e apoiamos os oficiais flagrados
praticando ato sexual dentro de viatura ou transando com alunas dentro
do CFA (Centro de Formação e Aperfeiçoamento). Por entendermos que a
maioria absoluta dos homens e mulheres que compõem a Polícia Militar do
Espírito Santo são pessoas de bem, é que estamos pedindo quase que uma
intervenção na corporação, pelo menos no que diz respeito às
investigações das denúncias apresentadas pelo coronel Gonçalves”,
prosseguiu outro coronel.
Fonte: Blog do Elimar Côrtes
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