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domingo, 10 de março de 2013

Pesquisa aponta realidade das policiais femininas, e instituição insiste em negar praticas habituais entre superiores nas instituições de segurança pública

Pesquisa conclui que policiais feminias são vítimas de assédio sexual e moral


Mulheres do estado do Rio de Janeiro pedem mais respeito na semana delas



Pesquisa realizada pelo Ministério da Justiça conclui que as policiais no RJ são vítimas de assédio moral e sexual. Incorporação da mulher na Polícia Militar completa 30 anos

As mulheres entraram para instituições de segurança pública estaduais na década de 1980. No estado do Rio de Janeiro, a incorporação delas à Polícia Militar completa 30 anos. No entanto, nesses anos, as corporações não se adaptaram para lidar com as diferenças entre os gêneros em termos de equipamentos, direitos e para enfrentar as práticas de assédio sexual e moral.

A constatação é da pesquisa Mulheres na Segurança, do Ministério da Justiça. Divulgado em fevereiro, o levantamento nacional revela os problemas que as policiais civis e militares, inclusive dos corpos de bombeiros, têm nas instituições de segurança fluminense, estado pioneiro na promoção de mulheres às cúpulas da Polícia Civil e Militar e entre os três estados com mais mulheres nas corporações.

Com cerca de 10% de mulheres entre os policiais militares, 16% entre os bombeiros, as declarações dadas pelas entrevistadas ao MJ revelam o ambiente sexista no qual estão inseridas. “Sempre é muito difícil comunicar assédio moral por conta do corporativismo dos superiores e da omissão dos companheiros, que temem represálias”, disse uma escrivã da Polícia Civil fluminense.

De acordo com a pesquisa, as instituições não oferecem apoio para vítimas de assédio e canais de denúncia confiáveis, “que não resultem em novas punições e constrangimentos para vítimas”. Outro problema apontado no encaminhamento das denúncias “é a remoção da pessoa assediada, nunca a da que assedia”, o que acaba revertendo a punição, afirma o levantamento. “As mulheres na polícia tendem, não a esconder, mas a não falar (sobre os assédios) porque isso pode significar um rebaixamento ou perseguição”, disse a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, citada na pesquisa, Maria Cecília Minayo.

“As instituições não assumem o problema porque as mulheres não dão queixa. Mas elas não dão queixa porque têm medo”, explicou.

Cecilia Minayo acrescentou que, no Rio, os problemas são apresentados às chefias.  “É mais fácil para os pesquisadores colocar o dedo nessa ferida do que para essas mulheres”. E cobrou apoio da sociedade por melhores condições de trabalho e salários, tanto para mulheres quanto homens policiais. “Eles não são robôs. Não podemos cobrar apenas desempenho”.

Até a publicação desta notícia, a Polícia Civil não respondeu sobre a participação de mulheres em seus quadros no Rio nem sobre possíveis casos de assédio sexual, moral ou comportamento discriminatório na corporação.


Instituições negam as críticas femininas

As instituições de segurança pública não reconhecem que as corregedorias e ouvidorias são insuficientes para enfrentar casos de assédio sexual, de assédio moral e de discriminação contra a mulher nas corporações. As práticas estão entre as principais queixas de profissionais das polícias Militar, Civil e do Corpo de Bombeiros. A constatação é da pesquisa Mulheres na Segurança, do Ministério da Justiça. Divulgada em fevereiro.

O levantamento traçou um retrato das mulheres profissionais de segurança pública no país e constatou que não há canais de denúncia confiáveis, “que não resultem em novas punições e constrangimentos para as vítimas”, como a transferência. O documento sugere ao governo federal que receba e avalie os casos por meio da Secretaria de Políticas para Mulheres.

A primeira mulher promovida a coronel na Polícia Militar Rio de Janeiro (PMRJ), Kátia Neri Nunes Boaventura, que comemora este mês 30 anos de formação, é a única na cúpula da corporação. Ela acredita que as práticas de assédio não são exclusividade da instituição, mas avalia que o fato de a PM ter hierarquia contribui “para confundir as coisas”. “Acho que as mulheres têm que se impor, se dar ao respeito, mas acredito que as pessoas possam ter passado por situações difíceis. Isso é uma coisa do mercado de trabalho, embora na polícia [Militar] a gente tenha uma certa diferença, que é a hierarquia”, disse Kátia. A instituição tem 3,5 mil mulheres, de um efetivo de 45 mil policiais.

Segundo a coronel, a instituição tem uma ouvidoria e uma corregedoria que recebe as denúncias e dá a elas o tratamento adequado. No entanto, ela não considera que as mulheres são desmotivadas a prestar queixas.

Para a coordenadora da pesquisa, o assédio é um problema das instituições de segurança pública, que se agrava por causa da hierarquia. “É um peso a mais porque inibe uma reação, silencia [o subordinado], muitas vezes até de uma maneira violenta. Isso se aplica não só à PM e ao Corpo de Bombeiros, como também às Forças Armadas”, reforçou a pesquisadora.

No Corpo de Bombeiros do Rio, onde profissionais também relataram assédio, o cargo de ouvidor é ocupado por uma capitã. Em nota, a corporação informou que ali existe “excelente integração” de homens e mulheres e que o regulamento já pune “comentários preconceituosos” contra as mulheres, que são 16% da corporação - a maioria em cargos da área de saúde.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres, ao saber da recomendação da pesquisa, disse que “analisa a gestão do atendimento de denúncias feitas pelas policiais” e que a presença de mulheres na segurança “corresponde à dinâmica geral do mercado de trabalho”.


Fonte: O FLUMINENSE


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