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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aids avança entre jovens de 15 a 24 anos



O aumento no número de jovens entre os infectados pelo vírus da Aids nos últimos anos tornou-se a principal preocupação do governo na prevenção da doença. Ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde anuncia a estabilização dos números da Aids, a pasta faz um alerta com relação ao aumento da incidência do mal entre brasileiros com idade entre 15 e 24 anos. A mira está apontada principalmente para mulheres, gays e travestis. De acordo com o último Boletim Epidemiológico (ano base 2010), o número de casos de pessoas infectadas com a doença nessa faixa etária subiu de 3.006 em 2005 para 3.238 no ano passado.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acredita que isso se deve ao fato de a geração com até 29 anos não ter vivido o forte enfrentamento à doença, 20 anos atrás. "Existe uma preocupação específica para esse segmento, que tem uma vulnerabilidade que chama muito a atenção", frisa o ministro. Ele ressalta ainda que existem mais casos diagnosticados em meninas do que em meninos. Em 2010, foram registrados 349 casos em jovens de 13 a 19 anos. Entre os meninos da mesma faixa etária, o total foi de 296. "É preciso mudar a atitude nesse público, trabalhar as diversidades regionais", pontua Padilha.

Os registros não surpreendem o psicólogo e coordenador do Polo de Prevenção à DST/Aids da UnB, Mário Ângelo Silva. Segundo ele, as mulheres são biologicamente mais vulneráveis à doença e ainda sofrem com os efeitos da desigualdade de gênero. "Elas têm mais dificuldade na hora de negociar o uso do preservativo", explica. Para ele, é preciso trabalhar a prevenção tanto na família como nas escolas. "A ênfase deve ser no uso da camisinha, que ainda é o meio mais eficaz de prevenir a doença. As campanhas precisam circular. Não é só no carnaval e no ano-novo, mas no ano inteiro, principalmente no ensino médio", sugere.

Preconceito

No caso dos gays e travestis, o psicólogo afirma que uma das dificuldades em diminuir a incidência nesse grupo é o preconceito. "Existe homofobia nos serviços de saúde e nas escolas e isso afeta a autoestima e a dificuldade de conseguir se informar e prevenir." De acordo com o levantamento, quando comparado com os jovens em geral, a chance de um jovem gay estar infectado pelo HIV é 13 vezes maior.

Coordenador do Quero Fazer, programa de testagem de HIV da Associação Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH), Beto de Jesus concorda que um dos empecilhos é a homofobia, mas acrescenta que a falta de informação também complica a situação dos jovens. "Eles acham que a doença é facilmente tratável e que o coquetel resolve. Tomar medicação não é fácil, exige esforço, Hoje tem como viver com a Aids, mas vale lembrar que é uma doença que mata."

Apesar do crescimento no número de diagnósticos nos jovens, a parcela da população que tem as maiores taxas de incidência é a formada por pessoas de 35 a 39 anos. O ministro lembra que os dados de hoje refletem anos atrás, já que a doença costuma demorar de 8 a 12 anos para se manifestar. "A Aids está presente em todo o país, todos os municípios, todos os segmentos populacionais", alerta. Conforme o boletim, de 1980 a 2011 foram registrados 608.230 casos da doença.

Fonte: Correio Braziliense

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