'Quem atira a primeira pedra, tem telhado de vidro', declarou em Cuba. Segundo presidente, tema não pode servir de 'arma' de combate ideológico.
A presidente Dilma Rousseff afirmou durante entrevista nesta terça (31) em Havana (Cuba) que a política de direitos humanos não pode ser transformada em "arma" de combate ideológico.
Indagada sobre o tema ao iniciar a entrevista, a presidente ressalvou que era preciso discutir o assunto a partir do que ocorre em todos os países.
"Não é possível fazer da política de direitos humanos uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países do mundo têm de se responsabilizar, inclusive o nosso", declarou.
"Quem atira a primeira pedra, tem telhado de vidro. Nós, no Brasil, temos os nossos. Concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral", afirmou.
No último dia 19, o dissidente Wilman Villar Mendoza morreu em Cuba durante uma greve de fome.
No dia 25, o Ministério das Relações Exteriores concedeu visto para a jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez, visitar o Brasil. Ela é opositora do regime cubano e faz críticas ao que aponta como violações de direitos humanos na ilha. Mesmo com o visto, a blogueira necessita de autorização do governo de Cuba para deixar o país.
Sobre o caso da blogueira, Dilma afirmou que o Brasil fez a parte dele e que os próximos passos são com Cuba. "O Brasil deu seu visto para a blogueira. Agora, os demais passos não são da competência do governo brasileiro."
Fidel Castro
A presidente também afirmou que irá encontrar "com muito orgulho" o ex-mandatário cubano Fidel Castro durante a viagem. Por problemas de saúde, Castro deixou o poder em 2008 e transferiu as funções de chefe de estado para o irmão, Raúl Castro.
O encontro entre Dilma e Fidel Castro não tem horário nem local definidos por exigência do serviço de segurança do regime cubano.
Desenvolvimento de Cuba
A presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil vai ajudar no desenvolvimento econômica de Cuba. Acordos na área de saude e de agricultura foram firmados nesta terça.
O Brasil aprovou a liberação de um crédito de cerca de US$ 70 milhões para auxiliar no desenvolvimento da agricultura familiar de Cuba. O crédito, segundo o governo brasileiro, era uma forte demanda do governo de Cuba e vai financiar a compra de maquinário e insumos agrícolas por pequenos agricultores cubanos.
O comércio bilateral entre Brasil e Cuba registrou valor recorde em 2011, totalizando US$ 642 milhões (31% a mais que 2010).
Ainda nesta terça, a presidente Dilma Rousseff vai visitar as obras no Porto de Mariel, que Fica a 50 km de Havana. Com o objetivo de transformar o Porto Mariel em um Terminal Internacional de Contêineres, serão investidos, em quatro anos, aproximadamente US$ 957 milhões – sendo US$ 682 milhões financiados pelo governo brasileiro e o restante pelo governo cubano. As obras foram iniciadas no primeiro trimestre de 2010 e devem estar concluídas em 2014.
O projeto prevê a construção de 18 km de estradas, mais de 63 km de estrutura para ferrovias e quase 13 km de vias ferroviárias.
Será realizada também a reabilitação de mais de 30 km de estradas, além da dragagem do Canal de Entrada e da Bacia de Manobras do futuro terminal, que terá capacidade de movimentação de 1 milhão de contêineres (TEU) por ano. No momento, 2.700 trabalhadores atuam nas obras que deve gerar 3 mil empregos diretos e aproximadamente 5 mil empregos indiretos.
Relações internacionais
Ao ser perguntada sobre se a visita não indica que a presidente está se alinhando com o pensamento de esquerda, Dilma afirmou ter "imenso orgulho" de o Brasil ser reconhecido por "parcerias construtivas e pacíficas."
Dilma Rousseff e o presidente cubano, Raúl Castro, durante revista a tropas na cerimônia oficial de chegada da brasileira a Cuba (Foto: Roberto Stuckert / Presidência)
"É uma característica do Brasil ter paz com todos os vizinhos num mundo com conflitos regionais sistemáticos. Então, eu tenho imenso orgulho primeiro de estar em Cuba, de ter ido no Fórum Social Mundial, de ter ido no G-20 ano passado, de ter conversado com o presidente dos EUA [Barack Obama], com Hu Jintao [presidente da China], com Medvedev [presidente russo], de ter ido da África do Sul. (...) É minha obrigação como presidente estabelecer uma posição do Brasil que, além de manifestar crescente poder econômico e ter sido reconhecido internacionalmente, também mostra disposição do Brasil com diálogo e de parcerias construtivas e pacíficas."Segundo a presidente, em Cuba o governo brasileiro quer "auxiliar todos os processos de desenvolvimento e garantir condição de desenvolvimento de vida melhor".
"Essa é uma região na qual nós estamos presentes. Nós atuamos na América Latina toda, Caribe, América Central. Nesta região aqui, inclusive, temos mais obrigação que em outras regiões. O Brasil tem obrigação de ter uma política decente de cooperação econômica, não uma politica que só olhe seu interesse."
fonte: G1
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