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quinta-feira, 1 de março de 2012

Show na USP tem ‘vale cerveja’ em protesto contra a PM




GUILHERME GENESTRETI LUCCA ROSSI REGIANE TEIXEIRA DE SÃO PAULO
Alunos da USP estamparam a frase "Fora PM" em tíquetes de cerveja durante uma festa realizada na noite de quarta-feira (29/2) no campus da universidade no Butantã, na zona oeste de São Paulo.
O ato ocorre um dia após a proibição da entrada de um caminhão de cerveja na unidade na terça-feira (28/2).
Deborah Lindau/Arquivo Pessoal
Tíquetes de vale cerveja com os dizeres
Tíquetes de vale cerveja com os dizeres "Fora PM", usados em show de protesto organizado por alunos da USP
A ocasião também serviu para os alunos recepcionarem os calouros com shows de artistas como Arrigo Barnabé, BNegão e Tulipa Ruiz.
O evento, organizado pelo comando de greve dos estudantes, foi ainda um protesto contra a presença da Polícia Militar no campus e um pedido de saída do reitor, João Grandino Rodas.
"A ideia [das fichinhas] surgiu durante as férias e faz parte da promoção de uma calourada mais politizada, que acontece na USP há alguns anos", explica Jéssica Trinca, 26. "Os artistas que convidamos também fazem uma crítica social e apoiam nossas causas."
Jéssica integra o comando de greve e foi expulsa com outros cinco estudantes da universidade em dezembro do ano passado, sob acusação de ter ocupado salas do Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) em março de 2010.
Em entrevista à Folha em dezembro de 2011, Rodas disse que a expulsão se justifica porque não houve "simples ocupação", mas "ações graves" --como sumiço de documentos.
"Fui expulsa por não apresentar provas de que era inocente, o que vai contra a presunção de inocência", diz Jéssica, que era aluna do curso de letras.
A aluna de jornalismo Tatiane Ribeiro, 23, que dirige um dos centros acadêmicos que compõem a comissão gestora do Diretório Central dos Estudantes da USP, afirma que o tema da semana de calouros deste ano é a "violência e da repressão tanto dentro quanto fora do campus".
"O evento é para que os calouros entendam melhor o que está acontecendo na universidade e que é necessário mudar", disse a estudante.
Segundo Bruna Nóbrega, 24, aluna do curso de letras, os estudantes esperavam alguma repressão da diretoria, mas o evento ocorreu de maneira tranquila. "Não teve nenhum problema, nada disso", diz.
"DEMOCRATIZAÇÃO DA USP"
Hoje (1/3), às 19h, será lançado um manifesto pela "democratização da USP", que pede, entre outras coisas, a saída da PM do campus e a mudança na forma de escolha dos dirigentes da universidade, tida como "pouco democrática" e mais afeita "ao arcabouço jurídico da ditadura militar do que à Constituição Federal de 1988", segundo o documento.
O manifesto foi assinado por 231 professores da instituição de ensino, entre eles a filósofa Marilena Chaui, o jurista Fábio Konder Comparato e Vladimir Safatle, colunista da Folha. O ato de lançamento será na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
Procurada, a reitoria da USP informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a realização da festa não foi comunicada formalmente à prefeitura do campus, que é quem regulamenta esses eventos na Cidade Universitária, e que a proibição da entrada de caminhão com bebida é norma interna da instituição.
Em relação aos questionamentos quanto à forma de escolha dos dirigentes, a assessoria disse que estão ocorrendo uma série de sessões temáticas organizadas pelo conselho universitário, órgão máximo da USP, para discutir eventuais reformas no processo de eleição de quem dirige o centro de ensino.
Segundo a Polícia Militar, a inscrição da frase nos tíquetes faz parte do direito de opinião dos estudantes.
"Não arranha o nosso objetivo que é o de preservar a segurança das pessoas, inclusive a deles [dos estudantes] na universidade", afirmou o capitão Carlos Sanches, assessor de imprensa da PM.

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