Chamado de múmia, bandido e chefe de quadrilha pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), Cachoeira ficou calado na CPI.
Em duas horas e 23 minutos, o empresário Carlinhos Cachoeira disse ontem 30 "nãos" a 60 perguntas feitas por oito congressistas e esvaziou a mais aguardada sessão da CPI que o investiga. Alegando que pretende se manifestar antes na Justiça, ele disse que tem "muito a dizer", mas saiu sem responder a nenhum questionamento e afirmou que só estava ali por que foi forçado a comparecer. "Quem forçou foram os senhores", disse Cachoeira, ao justificar seu comportamento. "Estamos aqui perguntando para um múmia, uma pessoa que não quer responder", afirmou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que sugeriu o encerramento da sessão e teve sua proposta acolhida. Cachoeira foi chamado por integrantes da CPI de "bandido", "marginal", "arrogante" e "criminoso". Em alguns momentos, sorriu discretamente ao ser questionado.
Preso desde 29 de fevereiro sob acusação de explorar jogos ilegais e comandar um vasto esquema de corrupção, Cachoeira saiu ontem pela primeira vez do complexo penitenciário da Papuda, sob forte esquema de segurança. Acompanhado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, seu advogado, Cachoeira foi acomodado numa mesa lateral na CPI, por sua condição de presidiário. O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) foi o único que lhe apertou a mão. A mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, acompanhou tudo no fundo da sala.
Nervoso e com aparência envelhecida desde sua última aparição em uma CPI, há sete anos, Cachoeira indicou sua disposição logo de cara. "Fui advertido pelos advogados a não dizer nada e não falarei nada aqui", disse. "Somente depois da audiência que terei com o juiz, se achar que posso contribuir. Podem me chamar que responderei a qualquer pergunta." Cachoeira contrariou os parlamentares várias vezes, e algumas de suas falas foram interpretadas por eles como sinal de deboche. Kátia Abreu o acusou de cínico
"Vou te ajudar demais, é outra pergunta muito boa para responder depois disso", disse Cachoeira em uma das ocasiões. "Tenho muito a dizer depois da minha audiência, pode me convocar." Cachoeira será ouvido na Justiça de Goiás no dia 1º de junho. A CPI decidiu convocá-lo novamente depois disso, mas seu advogado disse que ele poderá ficar calado novamente se comparecer. Por 3 votos a 1, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou ontem pedido de liberdade apresentado pela defesa de Cachoeira. Seus advogados vão recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).(Folha de São Paulo)
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