Depois de encerrada a manifestação no Palácio Guanabara, manifestantes foram para a 9ª DP protestar contra a prisão autoritária de dois jovens que filmavam o evento
Carol Farina, Cecília Ritto, Pâmela Oliveira e Leslie Leitão
No Rio de Janeiro, fotógrafo Yasuyoshi Chiba momentos antes de ser atingido durante manifestação contra o gasto de 53.000 mil dólares dos cofres públicos gastos na a visita do papa - Tasso Marcelo/AFP
Duas detenções feitas pela Polícia Militar fizeram o protesto do Palácio Guanabara, que poderia ter se dissipado às 21h, ser estendido até quase 23h desta segunda-feira. Os policiais deram voz de prisão a dois jovens que filmavam e transmitiam em tempo real o protesto, integrantes do grupo que ficou conhecido como Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). Felipe Peçanha foi o primeiro detido. Logo em seguida foi capturado Felipe Assis.
As primeiras alegações da Polícia Militar foi de que eles estavam “incitando a violência”. No entanto, na 9ª DP (Catete), nada foi comprovado, e os dois acabaram liberados, depois de cerca de duas horas na delegacia, pouco depois das 22h30.
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O verdadeiro objetivo da prisão, segundo uma fonte da Polícia Civil afirmou ao site de VEJA, era o levantamento de dados criminais dos detidos – um procedimento autoritário, comum aos regimes ditatoriais. Na delegacia, os dois detidos tiveram os registros consultados. Caso fosse encontrado algum problema com a Justiça, ficariam presos. Como não havia impedimento, os dois foram liberados, mas deixaram de transmitir grande parte dos protestos.
As detenções causaram problemas para a própria polícia. Como a notícia se espalhou, manifestantes se concentraram em frente à delegacia, e passaram então a gritar palavras de ordem contra o governador Sérgio Cabral, a polícia e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame: “Ei, Beltrame, sua polícia e um vexame!”
Primeiro a ser detido, Felipe Peçanha fez um pronunciamento em frente à delegacia. “Me impediram de fotografar, fazer vídeos e transmitir o que acontecia. Isso é um exemplo claro da ditadura velada que enfrentamos no Rio”, disse.
Representantes do Mídia Ninja foram recebidos durante uma hora e meia pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, na última sexta-feira, para uma entrevista inédita: em vez de um grupo de jornalistas de uma empresa de comunicação, o alcaide falou a um coletivo que surgiu nas manifestações. O prefeito conseguiu, assim, sair ainda mais do foco dos protestos, deixando o governador Cabral no olho do furacão.
Apesar da ausência da Mídia Ninja em grante parte do protesto da noite de segunda-feira, outro grupo assumiu a função de transmitir a manifestação em frente à delegacia. O evento criado na internet, dentro do site bambuser.com, o evento 'papafolia'.
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