Cerca de 28,7% dos atendimentos nas instituições em 2011 eram usuários de entorpecentes
No Instituto Raul Soares, 36% dos atendimentos em 2012 foram a pacientes envolvidos com álcool e drogas |
Internada cerca de 70 vezes para se livrar do vício em crack, Carolina Alves Moreira, de 26 anos, ficou conhecida em Belo Horizonte. A história da jovem, que continua em tratamento contra a dependência química, se repete diariamente nos corredores dos hospitais públicos psiquiátricos da capital mineira. Segundo pesquisa inédita da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), os hospitais Galba Veloso e Raul Soares passaram a registrar mais atendimentos e internações relacionados ao uso de álcool e drogas do que a transtornos psicóticos. O estudo aponta que 28,7% das pessoas que passaram pelos hospitais eram como Carolina.
A psiquiatra Vivian Andrade Araújo Coelho, autora do estudo, acredita que o novo cenário é reflexo da falta de serviços especializados de acompanhamento para dependentes químicos.
— Eles [pacientes com transtornos psicóticos] estão sendo atendidos no serviço comunitário, indo para o hospital somente quando extremamente necessário. Já os usuários de álcool e drogas buscam as unidades por falta de atendimento na comunidade.
Retrocesso
De acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), além dos hospitais, há dois Centros de Referência em Saúde Mental (Cersam), quatro consultórios de rua e o Centro Mineiro de Toxicomania, pioneiro tratamento de dependentes químicos do País. Raquel Pinheiro, diretora da instituição, alerta que existe “um retrocesso” no tratamento de usuários de entorpecentes, motivado também pelas internações compulsórias, definidas pela Justiça.
— Antigamente, a gente tinha muita dificuldade para convidar o usuário a ficar no centro, eles tinham muito medo porque o único tratamento que existia era o hospital psiquiátrico. E agora isto está acontecendo de novo:juízes e promotores estão internando pessoas que não são psicóticas, que são usuários de drogas, por tempo indeterminado.
Sônia Cristina Moreira, mãe de Carolina, é a favor da internação. Sofrendo com o vício da filha, ela alega que esta á a única opção que lhe dá um pouco de tranquilidade e critica o trabalho desenvolvido no Cersam.
— O paciente chega lá e não tem nada para fazer, aí fica ansioso. Todos os dias eu levo ela para o Cersam, mas é mais para eu ter tranquilidade, porque resolvendo não está não.
Estrutura deve ser ampliada, diz PBH
Sobre a falta de serviços especializados para o tratamento de usuários de álcool e drogas, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte alegou que sete novos consultórios de atendimento nas ruas devem ser inaugurados até 2016. O órgão ressaltou ainda que, além dos Cersams, há outros dois centros do mesmo tipo na cidade específicos para este tipo de paciente. De acordo com o comunicado, o Serviço de Urgência Psiquiátrica também atende casos urgentes deste tipo.
O órgão explicou ainda que, "após a estabilização, os casos continuam a receber os cuidados necessários pelas 58 equipes de saúde mental nas unidades básicas de saúde, compostas por psiquiatras e psicólogos que atuam em parceria com as Equipes de Saúde da Família".
Fonte: R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada