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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ministério de Dilma estará concluído até 15 de dezembro, garante Temer

Ele e outros líderes tratam de reduzir a repercussão do super-bloco na Câmara

O vice-presidente eleito, Michel Temer entrou em campo ontem e anunciou que até o dia 15 de dezembro deve estar concluída a formação do governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Ele esteve com ela e revelou que conversaram sobre a formação do governo, “mas não há nada definido sobre isso”, mas admitiu que “até 15 de dezembro tudo vai estar resolvido”.

Michel Temer: vice tenta acalmar ânimos no PMDB/Foto: J. Batista
Suas atenções, no entanto, estavam voltadas para a repercussão criada com o super-bloco parlamentar na Câmara, criado sob os auspícios do seu Partido, o PMDB. Por isso tratou de negar que haja intenção do PMDB pressionar para ampliar presença no ministério. E deixou claro, após contatos na Câmara, que o super-bloco parlamentar dará apoio ao novo governo. Ficou claro que o esforço é o de que não haja divergência entre os partidos na busca por cargos. E quem lhe garantiu foi um dos articuladores da surpreendente ação política, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves. Para ele “haverá respeito absoluto. E tudo será decidido na hora certa por quem deve decidir: a presidenta Dilma Rousseff”. Será uma costura entre todos os blocos”, admitiu. Isso depois de 24 horas de muita especulação e versões que falavam cota ministerial, presidência da Câmara, etc.

Outra versão

A formação do super-bloco reuniria 202 deputados de cinco partidos. Depois da reunião de ontem, porém, os líderes Henrique Eduardo Alves e Cândido Vaccarezza seguiram para o Palácio do Planalto, onde participaram de um encontro de coordenação política com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Assim, a preocupação política na área do governo, diante do chamado “blocão” acabou reduzida. E mais: os líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza do PT e Henrique Eduardo Alves, do PMDB, que tentam a Presidência ( uma das causas de tudo), se reuniram e deram declarações garantindo que não haverá disputa entre os partidos. Aparentemente o problema estaria sob controle de Temer e do Planalto.

Muita reunião

Para tudo isso Michel Temer se movimentou muito, ontem, e na reunião com os líderes governistas procurou mostrar a importância da união entre os partidos da base. “O que foi estabelecido na conversa que tivemos é que PT e PMDB estarão juntos em todas as discussões, seja na Câmara, seja no governo. O PT e todos os partidos da base estarão juntos. Não há divergência nenhuma”. Temer também falou por telefone com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, no mesmo sentido.

Sem confrontos

A preocupação política do dia foi exatamente evitar confrontos e divisões na base governista tão prematuramente: “O PT e o PMDB são partidos da base e estão juntos. Não haverá disputa entre PT e PMDB", garantiu o petista Cândido Vaccarezza. E o deputado peemedebista, Henrique Alves seguiu a mesma linha: "O compromisso do PMDB com o governo Dilma é maior ainda do que com o governo Lula porque desta vez estamos juntos desde a eleição. (...) Não haverá disputa, é uma questão de bom senso, maturidade e responsabilidade com a Casa".
E deu uma versão para criação do bloco, na qual se envolveu diretamente: "Chegou um momento que parecia que o PMDB queria ocupar o ministério do PR, ou do PP. Então fizemos este bloco para harmonizar a base e respeitar o espaço de cada um. Não é um bloco para derrotar o PT”. E anunciou ainda que vai conversar com o líder do PP, João Pizzolatti, ouvindo suas reivindicações. O PP não entrou na campanha ao lado de Dilma, mas anunciou apoio.
A intervenção do Planalto e do presidente do PMDB reduziu, assim, as proporções e desfez o que parecia uma rebeldia. Ou tentou ser.

Um protocolo...

Para o líder Henrique Alves o bloco comandado pelo PMDB é um “protocolo de intenções”. Para o vice-presidente eleito, Michel Temer o mais importante foi a confirmação de união entre PT e PMDB. E mais seguro, depois de todos os contatos, garantiu: “A questão do bloco tem pouca relevância, o importante é a afirmação que não há divergência e que estarão todos trabalhando juntos”.

Lula tranquilo

O presidente Lula parece não ter se preocupado muito: afirmou que vê com tranqüilidade a negociação para formação de um bloco de partidos que integram a base aliada para formar bancada de 202 deputados na Câmara. Não valorizou o fato.

No Senado não...

Enquanto isso, devidamente alertado, o presidente do Senado, José Sarney afastou a criação de um "blocão" com a reunião de partidos aliados, a exemplo do que ocorreu na Câmara sob o comando do PMDB. E mais: saiu em defesa do presidente do PMDB, Michel Temer, que se mantém no cargo mesmo depois de eleito vice-presidente da República: "Eu acho que ele Temer está imbuído justamente desse ponto de vista, isto é, agir como participante do governo e não como presidente do partido. No momento ele está acumulando essas funções e evidentemente, algumas vezes, elas interferem uma na outra, mas não é esse o desejo dele."
Sarney disse que não sabe as "motivações" que levaram a bancada do PMDB na Câmara a unir forças para tentar a eleição de Henrique Eduardo Alves para a presidência da Casa. Fato aparentemente superado.

Carlos Fehlberg

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