Para quem o Aécio falou?

Por Nélio Azevedo

No seu discurso no Senado, na semana passada, uma coisa é certa, ele não falou para a Nação. Falou para seus correligionários e deu um recado claro sobre suas intenções ao José Serra, que ficou visivelmente irritado.

Outra consequência do seu longo discurso foi que ocupou a tribuna por mais de quatro horas, impedindo, assim, os outros senadores de trabalhar; foi um dia perdido para satisfazer o ego desse sujeito que quer ser o próximo presidente de qualquer jeito, mesmo tendo o PSDB de São Paulo com Serra, Alckmin e Guerra como adversários diretos.

Mostrando-se um aprendiz de raposa, abraçou a causa do FHC, uma lembrança que todos os candidatos do PSDB, até então, fugiam e negavam. Mostrou-se preocupado com o descaminho dos políticos do DEM que se debandaram para o PDS de Kassab e os do PPS que andam fazendo juras de amor aos encantos da Dilma, querendo fazer parte da base aliada de sustentação do governo federal petista.

Como não era de bom tom fazer críticas ao Lula, nem à Dilma, cutucou o PT com sua vara curta, no que foi prontamente rebatido pelos petistas presentes. Até o Itamar saiu em sua defesa, mas não adiantou muito, pois já é de praxe essa mania da oposição que a todas as vezes que não tem o que falar de si, fala do PT.

Já nessa semana, o próprio FHC andou falando e, falando bobagem, pra variar. Anda recomendando ao partido que esqueça (como sempre) o povão, seu público alvo é a Classe Média, seu reduto e, onde pensa derrotar o PT nas próximas eleições, mostrando uma amnésia eleitoral, foi a pobreza do Norte-Nordeste que deu a vitória à Dilma.

Num arroubo de empáfia e burrice, afirmou depois, que foi com a ajuda do povão que ele derrotou Lula, num claro exemplo de como se utilizar as massas para atingir seus objetivos. Essa mesma massa que ele agora despreza e, que derrotou o seu candidato.

Essa mesma massa que ele jogou na lata de lixo junto com seus escritos, esses brasileiros que só conseguiram sair da pobreza fabricada por um século de República da elite que só se sente bem se estiver rodeada de miséria.

No mais, o Aécio não se explicou, não falou o que a Nação e a oposição queriam ouvir, se a coisa caminhar dessa forma, ou será derrotado pelo rico PSDB paulista ou vai ter que mudar de partido, coisa que o esperto Kassab já fez e já se ofereceu em sacrifício ao rol de partidos que apoiam a Dilma.

Tô achando que esse balão de ensaio já deu o que tinha que dar, se ele pensa como o FHC que tem horror aos pobres e aos miseráveis, vai tomar uma lavada de votos, colocando a oposição numa situação pior do que a que se encontra hoje, perdida; sem proposta nem programa e com um alto grau de dependência do governo petista para continuar existindo e, sem a ajuda do quase extinto DEM, vai ficar difícil.

 

Postado por Geraldo Pascoal