O Ministério Público Federal resolveu
processar Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o delegado aposentado
Dirceu Gravina, por supostas torturas e desaparecimento de pessoas que
militavam nos anos 70 em grupos de esquerda aqui no Brasil.
Uma pergunta me intriga, porque somente
40 anos depois? Nos anos 70 na época da ditadura militar já não existia
o Ministério Público? A Instituição desconhecia o que todos sabiam.
E quando os guerrilheiros iam depor em
juízo e diziam que tinham sido torturados? O que fazia o Ministério
Público? Nada. Absolutamente nada. Limitava-se a denunciá-los por crimes
contra o estado.
Quando foram criadas as famigeradas comissões gerais de inquérito, sempre existia um promotor que dela participava.
da mesma maneira o Judiciário fazia de
conta que nada sabia, quando as pessoas diziam ter sofrido violências,
normalmente os Promotores e Juizes diziam que isso era conversa de
preso.
Quando o Frei Tito estava internado no
hospital do exército foi visitado por um Juiz auditor que lhe garantiu
que não sofreria mais torturas, nem seria reconduzido ao DOI-CODI, na
mesma noite foi de lá retirado e levado de volta ao DOI-CODI.
Será que o Magistrado desconhecia isso?
E o Ministério Público? Ninguém sabia de absolutamente nada. Só vieram
a descobrir 40 anos depois quando vivemos em plenitude democrática e as
Forças Armadas bem como a Polícia são a bola da vez.
De que adianta ser votada e aprovada
uma Lei de Anistia? De que adianta o Supremo Tribunal Federal
manifestar-se dizendo que a Lei de anistia é válida se o Ministério
Público não a reconhece e não obedece a norma ditada pela mais alta
Corte desse país.
Ora, não sejamos sínicos, o Ministério
Público e o Poder Judiciário omitiram-se vergonhosa e criminosamente na
época do regime militar. Salvo raras e honrosas exceções as duas
Instituições eram de uma docilidade brutal para com o regime vigente.
As coisas mudaram, hoje é muito fácil
atacar-se tanto a Polícia quanto as Forças Armadas, gostaria
sinceramente de ter visto tal denodo dos valorosos Promotores na época
mais brutal da repreensão.
O Ministério Público também irá
denunciar aqueles que mataram a Mario Kozel Filho ao Tenente Alberto
Mendes Junior, ao delegado que foi assassinado com tiros de calibre .12
na praia de Copacabana e que até bem pouco tempo sua fotografia estava
em todas as Delegacias de Policia? Por que se existe a necessidade de se
punir os Órgãos do Estado que participaram do regime militar também há
que se apurar e punir aqueles que do outro lado também mataram, roubaram
e desgraçaram famílias.
Mas não se iludam, as coisas não
mudaram tanto. Com certeza quando os processos dos Delegados Guerra,
Frederico, Carlos e Bibiano chegarem aos Tribunais, certamente o
Ministério Público se manifestará contra seja lá o que for! Pois afinal
de contas, são meros policiais.
Não
sou advogado mas também não sou estúpido, tentar hoje punir pessoas com
mais de 70 anos por fatos acontecidos ha 40 anos é tentar simplesmente
um golpe midiático. Pois certamente nenhuma dessas ações prosperará,
afinal o Supremo Tribunal Federal, ultima instância judiciária deste
país já se manifestou.
Gostaria que os Promotores de justiça
tivessem o mesmo denodo na defesa dos policiais e da população que é
diariamente injustiçada, não tendo saúde, educação e segurança pública.
Esforços midiáticos não levam a nada. Apenas ao descrédito das
instituições.
Tenho muita pena de um país que não
cumpre com o que foi acordado e digo isso pois a Lei de Anistia veio
colocar um manto sobre tudo o que aconteceu. E se tirarmos esse manto
poderemos ter surpresas absolutamente desagradáveis, porque o bandido
pode virar mocinho e o mocinho virar bandido.
João Alkimin
João Alkimin
João Alkimin
é radialista – http://www.showtimeradio.com.br/
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