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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Silêncio de Cachoeira pode mudar rumo de CPI

Temendo que outras testemunhas também fiquem caladas, presidente da comissão vai conversar com relator para que requerimentos sejam apreciados antes – como o de quebra total dos sigilos da construtora Delta

José Cruz/ABr
Diante da possibilidade de novas sessões de silêncio infrutífero, Vital do Rego quer discutir com Odair Cunha uma mudança de estratégia para a CPI
Embora fosse esperado, o silêncio do bicheiro Carlos Augusto Ramos provocou um impasse na CPI do Cachoeira. A situação que levou Cachoeira a ficar calado – não produzir provas contra si mesmo – repete-se para todos os demais integrantes da sua quadrilha, que igualmente respondem a processo em consequência das Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. Assim, é grande a possibilidade de que sessões próximas da CPI, para as quais eles estão convocados, sejam igualmente infrutíferas. Diante dessa perspectiva, o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), pretende conversar com o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), para propor uma mudança no rumo das investigações. Sua proposta: diminuir o peso dos depoimentos e adiantar decisões administrativas, como, por exemplo, a quebra do sigilo da empreiteira Delta Construções em território nacional. Assim, em vez do silêncio de depoentes, a CPI avançaria produzindo provas a partir da análise de documentos.


Por enquanto, continuam marcados os depoimentos de integrantes da quadrilha de Cachoeira para quinta-feira (24), mas Vital quer estudar mudanças. Ele tentará fazer um acordo para tentar votar ainda esta semana alguns requerimentos acelerando a CPI. Em último caso, se o acordo não der certo, Vital do Rego disse ao Congresso em Foco que na sessão marcada para o dia 5 de junho colocará em votação o pedido de quebra total do sigilo da Delta. Até agora, só está quebrado o sigilo da empreiteira na região Centro-Oeste. Na mesma sessão, ele afirma que colocará em votação também os requerimentos de convocação dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
Segundo Vital, a intenção é negociar acordos que possam fazer com que requerimentos sejam aprovados, trazendo para a CPI documentos que façam a investigação avançar. “Não adianta fazer sessões como a de hoje em que nada de prático é feito. Se ninguém falar, vamos fazer o quê?”, questiona. Para o senador, o grande volume de investigações já concluídas pela Polícia Federal torna essa CPI diferente, o que obriga a se pensar em novas práticas.
“A natureza dessa CPI é diferente. Essa é uma comissão de análise de documentos e de análise jurídica. Parte do trabalho já foi feito pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Essa já veio com o réu preso e com os indiciados. Então mudou. A natureza da CPI é outra”, disse.
Antecipação
A intenção demonstrada por Vital do Rego vai ao encontro do que pensam outros integrantes da CPI. Ontem (22) mesmo, o senador Pedro Taques (PDT-MT) já queria antecipar essa votação. “Precisamos votar hoje a quebra de sigilos dos envolvidos nos crimes investigados”, disse ele. “Se deixarmos para o dia 5 de junho, o dinheiro das empresas investigadas pode ter se esvaído por uma cachoeira.”
Também defensor do recebimento rápido das informações bancárias e fiscais da Delta, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) externa a preocupação com o “mau exemplo” do depoimento de Cachoeira. “Dificilmente agora alguém vai depor na CPI.”
Leia entrevista com Francischini:
CPI ajudou defesa de Cachoeira, diz deputado
Para o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), é preciso sair do já apurado pelas operações Vegas e Monte Carlo. “A CPI precisa ir a fundo para desvendar essas relações com o poder público e a influência da organização criminosa para direcionar e fraudar contratos com governos”, afirmou ele.
Quadrilha de Valparaíso
Porém, se Vital do Rego não conseguir convencer Odair Cunha a mudar o roteiro proposto, a CPI promete novas sessões com baixa temperatura. A próxima reunião da CPI será na quinta-feira (24) às 10h15 para ouvir membros da “organização criminosa” de Cachoeira que atuavam principalmente em Valparaíso (GO) e outras cidadezinhas goianas do Entorno de Brasília.
São eles: Lenine Araújo de Souza, considerado pela Polícia Federal o gerente operacional da quadrilha e responsável pelo sistema de contabilidade; José Olímpio de Queiroga Neto, espécie de “concessionário” de Cachoeira de máquinas caça-níqueis no Entono; Gleyb Ferreira da Cruz, considerado um “faz-tudo” da quadrilha, além do ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e do policial militar Jairo Martins, que faziam serviços de espionagem para a organização.
Mas um depoimento pode ser relevante. Também será ouvido o ex-vereador do PSDB Wladmir Henrique Garcez. De acordo com os grampos da PF, era ele quem intermediava contatos de Cachoeira com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Também tinha essa função o ex-diretor do Detran Edivaldo Cardoso. A PF diz que Perillo e o bicheiro tinham “intimidade”, a ponto de marcarem um jantar na casa do senador Demóstenes, como revelou o Congresso em Foco.

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