Levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Seis profissionais foram presos
Jornalistas sofreram 53 ataques durante protestos
Levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Seis profissionais foram presos
Agência Estado
Desde o início dos protestos de rua que tomaram o País, no último dia 6, mais de 50 profissionais de imprensa envolvidos na cobertura foram agredidos - e seis deles, presos. Nesses 23 dias 13 veículos de meios de comunicação foram danificados total ou parcialmente e uma sede, a da Rede Brasil Sul (RBS), em Porto Alegre, sofreu duas tentativas de ataque.
O levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji, a partir de informações das redações, de sindicatos e da ONG Repórteres Sem Fronteiras. No total, foram 53 ataques a 52 jornalistas (um deles foi preso em um dia e agredido em outro).
Os números foram coletados em onze cidades - e praticamente metade dos incidentes, 25, ocorreu em São Paulo. Fortaleza vem a seguir, com 6, e Rio de Janeiro, com 5. A Folha de S.Paulo, com sete profissionais envolvidos, foi o veículo com maior número de vítimas.
Na nota em que relata os episódios, em seu site, a Abraji repudia “a violência da polícia contra manifestantes pacíficos e jornalistas e repudia igualmente a hostilidade de alguns manifestantes contra os trabalhadores dos meios de comunicação, como repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e motoristas”. A entidade afirma ainda que “impedir ou dificultar o trabalho da imprensa é agir contra a democracia”.
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Esses profissionais, prossegue a nota, “estão nas ruas cumprindo com o dever de manter a sociedade bem informada” e isso “deve ser respeitado, independentemente de preferências políticas e dos meios em que informam”. Eles trabalham “com o mesmo profissionalismo e destemor com que cobriram as grandes passeatas contra a ditadura, a campanha das Diretas-Já, a campanha pelo impeachment de Fernando Collor”.
Prisões
Mais de 60% dos casos anotados pela entidade - 34 do total - se referem a agressão ou ameaça de parte da polícia. Seis dos casos levaram à prisão dos profissionais, por períodos curtos, de poucos minutos, ou até de três dias, como ocorreu ao repórter Pedro Nogueira, do portal Aprendiz, que chegou a ser indiciado por formação de quadrilha. De sua parte, os participantes dos protestos foram os responsáveis por 12 casos de agressão. Em um dos casos não foi possível esclarecer o que motivou os ferimentos do profissional.
Os ataques contra veículos de jornais ou emissoras de rádio e TV ocorreram em 9 cidades brasileiras. Um dos primeiros, e mais exibidos na mídia eletrônica, foi o incêndio de uma unidade móvel da TV Record em São Paulo, no dia 18 de junho. Dois dias depois, ataque semelhante foi feito contra uma unidade móvel do canal SBT.
O dia mais violento, nesse item, foi 24 de junho, quando quatro veículos foram depredados numa manifestação em Goiânia que, ao final, descambou para uma batalha de rua entre grupos armados e a polícia. Desses quatro, dois eram da TV Anhanguera, afiliada da rede Globo, um da TV Serra Dourada, afiliada do SBT, e um do jornal O Popular. A sede da TV Serra Dourada também foi apedrejada por manifestantes.
A Abraji adverte, ao divulgar os números, que o levantamento “é parcial”, porque pode haver “casos que podem ou não ter sido computados, por diversas razões” - uma delas seria a de empresas ou jornalistas, que preferem não divulgar as informações.
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