SEDS
Investigação não impede que diretor conquiste superintendência
A Secretaria de Defesa Social (Seds) promoveu, neste mês, um diretor de presídio investigado por tortura. Apontado por envolvimento em casos de tortura de detentos na época em que comandou o Presídio de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata, em 2013, Alan Neves Ladeira Rezende agora é superintendente de segurança prisional da Subsecretaria de Administração Prisional de Minas (Suapi).
A reportagem teve acesso ao processo que tramita na Corregedoria da Seds e que traz o teor da denúncia oferecida pelo Ministério Público de Minas (MPMG) contra o servidor. Ao todo, cinco prisioneiros contam que sofreram tortura, em fevereiro de 2013.
O episódio teria ocorrido durante o Carnaval daquele ano, após a descoberta de um plano de fuga. Os presos foram surpreendidos com uma barra de ferro que seria usada para abrir um buraco na laje da cela.
Ao serem descobertos, diz a denúncia, cinco deles passaram a ser espancados pelo próprio diretor. No relato à corregedoria, eles contaram que levaram socos, pontapés e golpes de cassetete. O documento com a denúncia é assinado pelo promotor Breno Costa Coelho, que protocolou a acusação contra o servidor em janeiro deste ano. Na denúncia, ele sustenta que o espancamento teria sido uma forma de castigo aos presos.
Ainda de acordo com a denúncia, logo após apanharem os detentos foram transferidos para o Centro de Remanejamento Provisório de Juiz de Fora, mas não passaram por exame de corpo de delito, conforme determina o regulamento nas unidades.
A denúncia contra o agora superintendente é reforçada pela informação dada pela direção da unidade de Juiz de Fora, que confirmou que os detentos recém-chegados “se apresentaram sujos de vômitos e fezes, relatando fortes dores no corpo”. Os presos ainda teriam contado que haviam sido agredidos “mesmo estando algemados, com as mãos para trás”.
Na Corregedoria da Seds, o processo administrativo disciplinar aberto no fim do ano passado ainda não foi concluído.
Procurado na última sexta-feira, Alan Neves Ladeira Rezende nega as acusações, alegando ação política. “Não há qualquer prova material. Só o relato de presos. Arrolei o dobro de testemunhas. Evitei a fuga de presos. Depois de 20 dias eles falam que apanharam. Os procedimentos foram feitos dentro da legalidade”, disse.
Segundo o superintendente, os presos que o acusam estão insatisfeitos com a sua forma de administração. A Secretaria de Estado de Defesa Social informou que “a movimentação de pessoas ocupantes de cargos de direção e assessoramento, portanto, de livre nomeação e exoneração, faz parte da rotina da administração pública” e que “em respeito ao direito ao contraditório e à ampla defesa, não comenta processos em andamento”.
O promotor Eurico Barreto Neto soube da promoção e reforçou, em ofício, que a gestão de Rezende foi “maculada por inúmeros transtornos”. O promotor criticou ainda o fato de que o ex-diretor terá um cargo em que as vítimas e testemunhas “estariam sob sua subordinação”.
Fonte: http://www.otempo.com.br/
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