Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O Governo do PSDB, a assembléia geral e a desvalorização da classe

O PSDB governou Minas Gerais, pela primeira vez no período entre 1995 a 1998, tendo como governador o atual deputado federal, Eduardo Azeredo, que se notabilizou pela desvalorização dos profissionais de segurança pública e sucateamento do aparelho policial em todo o Estado, do que se ressentiu todo cidadão mineiro.
A crise que inicialmente eclodiu no extinto Batalhão de Choque, invadiu e se alastrou por todo tecido das instituições policiais e militares, e ficou conhecido como - movimento reivindicatório dos praças da Polícia e Corpo de Bombeiro Militar -, ressalte-se que esta denominação se deveu a participação maciça dos policiais e bombeiros militares de baixa patente, contrariamente a ausência dos oficiais, que preferiram colher o resultado da luta e compor as comissões de punição, pois a orientação política era de punir e não de apurar a verdade sobre os fatos, pois se assim fosse até o governador possivelmente seria penalizado, como foi com fragorosa derrota nas urnas para o Governador Itamar Franco.
Durante o Governo do PSDB, o mesmo que agora governa Minas Gerais, com o Governador Antônio Anastasia, não conseguimos nenhum reajuste salarial, não houve investimento em segurança pública, e nenhuma política de valorização dos policiais e bombeiros militares, mesmo com a comprovação de que estávamos em situação de miséria e de completo abandono à época por parte do Comando das organizações policiais.
Este o cenário que pairava sobre a segurança pública e demais setores do estado, mas com esta desorganização do sistema de segurança pública, e da total desvalorização dos trabalhadores da segurança pública, vimos a criminalidade atingir patamares inaceitáveis para um Estado com a terceira ou segunda maior economia do Brasil, e com uma polícia que é referência para outros estados brasileiros.
A estreia dos policiais e bombeiros militares em manifestação pública, se deu no dia 02 de junho de 1997, com uma passeata dos choqueanos que resolveram sob a liderança do vereador Cb Júlio, enfrentar a tirania, a injustiça, os abusos, o desrespeito e sistematicamente violação de direitos praticadas pelos superiores em detrimento dos subordinados, que são representados pelos praças ( do Soldado ao Subtenente).
A razão inicial da mobilização da tropa foi provocada pela situação famelica e de extrema necessidade por que passava os policiais e suas famílias, e os constantes e recorrentes abusos promovidos sob o discurso da hierarquia e disciplina, no ambiente dos quartéis, o que apesar dos avanços, ainda persistem como única resposta para o fortalecimento da disciplina, que resvala quase sempre em lesão ou violação de direitos consagrados na Constituição Federal, como se este binômio fosse um fim em si mesmo e não um meio para alcançar os resultados institucionais.
Como estamos às vésperas da eleição, não faltaram candidatos que se intitularam como líderes do movimento, que na verdade tiveram participação igual a milhares de policiais e bombeiros militares que marcharam pelas ruas de Belo Horizonte, reivindicando melhores salários, revisão da legislação disciplinar e de pessoal, e respeito nas relações hierárquicas institucionais, estes dois últimos desconsiderados pela imprensa, pelo comando, pelo governo e até pelos especialistas que estudaram ou opinaram sobre o movimento.
É verdade que muitas mudanças ocorreram, mas devo lembrar que muitos anônimos pagaram com sua dignidade o preço da luta, pois tão logo cessou o movimento dos praças, foi instituída uma verdadeira operação "caça as bruxas", quando listas foram preparadas para responsabilizar e penalizar, supostas lideranças que articularam e mobilizaram os praças, para se fazerem presentes nas manifestações, e exatamente quando todas as associações e seus dirigentes haviam perdido completamente a credibilidade e a confiança da tropa.
Esta lacuna foi preenchida com as lideranças que nasceram no movimento, tendo como líder principal, Cb Júlio, que com seu carisma reforçou sua liderança e deu credibilidade para o movimento, sendo aclamado porta-voz dos praças, enquanto nos quartéis outras lideranças desempenhavam seu papel para que o movimento não enfraquecesse ou fosse esvaziado por estratégias adotadas pelo Governo e Comando. 
Aprendemos a duras penas, com punições, transferências, indiciamento em inquérito policial militar e demissões que o poder não admite ser contestado ou contrariado, e que o comando não estava maduro o suficiente para fatos que compõem o estado democrático de direito, mas tínhamos a certeza de que era o caminho a ser percorrido, pois jamais havíamos experimentado ou exercitado a cidadania na luta pela valorização  profissional, e de como as vitórias são resultado da união e da consciência de que nada é conquistado sem sacrifício e esforço de cada um.
O movimento foi crucial para que nas eleições, elegêssemos dois deputados estaduais e como deputado federal, Cb Júlio, que mesmo depois de eleito, trabalhou intensamente para que os participantes fossem anistiados e para que as reivindicações apresentadas ao governo fossem cumpridas, o que até hoje somente ficou na revisão do famigerado regulamento disciplinar, ainda que a emenda constitucional da anistia determinasse a revisão do estatuto e do RDPM no prazo de 180 dias, e até hoje com um deputado estadual já em sua quarta legislatura, o restante não saiu do papel.
Amanhã é um grande dia, pois trata-se de uma nova etapa pela luta da valorização profissional, e não esperem que o governo ceda na primeira pressão, na verdade precisamos estar preparados e mobilizados para outras manifestações e até para a paralisação das atividades, já que com o governo do PSDB não tem diálogo, apesar de anunciarem que estão sempre abertos para negociação, uma estratégia para colocar em posição oposta, policiais e bombeiros militares e a sociedade.
A assembléia geral unificada não é um ato  definitivo para que o governo nos respeite e nos valorize, antes é uma demonstração da força e do poder que todos juntos temos e podemos exercer como classe, e para tanto é imprescindível que os policiais e bombeiros militares mais jovens compareçam e façam parte de mais esta página da história, porque os heróis do inédito movimento dos praças de 1997, com certeza lá estarão para mais uma batalha, dando o exemplo de que é na luta que rompemos com a insensibilidade e insensatez de governantes e construiremos uma política de valorização e respeito pela profissão de policial e bombeiro militar.  
Participe, faça valer seus direitos, discuta e apresente propostas para melhorar e aprimorar o movimento reivindicatório e a política de respeito e valorização da profissão, pois chegará a hora que a liderança ou o destino de sua classe estará em suas mãos.
Reivindicar direito não é crime, por isto não fique inventando desculpas para não estar presente amanhã, na assembléia geral unificada, no COPM, no bairro prado, às 14:00 horas impreterivelmente, pois o que está em discussão além do reajuste salarial, será também a sua, a nossa cidadania. 
Cada um é responsável pela mobilização e participação de sua unidade, assim convença seus companheiros e mostre a ele a importância de sua participação, afinal o que está em discussão é a valorização que tanto sonhamos e pela qual lutamos. 


José Luiz Barbosa,
Presidente da Associação Cidadania e Dignidade

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