Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dia 24 de junho: O movimento de 1997 morreu?

Os últimos episódios que culminaram com o acordo de reajuste salarial dos policiais e bombeiros militares  em Minas, que foi imposto pelos dirigentes das entidades de classe e pelos parlamentares, nos impõe sérias e profundas reflexões sobre o futuro de nossa representação política e de classe, e principalmentte pelo modelo de comando que rege as instituições de segurança pública do Estado, e suas implicações para o estado democrático de direito e o exercício da cidadania, um dos princípios que impulsionaram o movimento dos praças de 1997.
Para esclarecer o modelo de comando que a muito defendemos, é o que adota critérios democráticos para sua eleição, que pode ser o instituto da lista triplice ou eleição indireta, por órgão colegiado, que será eleito com representação de todos os segmentos hierárquicos, o que nos franqueará acesso a um comando com mais legitimidade e compromisso com os interesses dos policiais e bombeiros militares, numa lógica de que teremos um representante da instituição, da sociedade e da segurança pública no governo e não o contrário, e tal modelo não poderá se furtar a submeter o chefe ou comandante da polícia a uma salutar sabatina pelo poder legislativo, que representa os interesses do cidadãos. 
Tão logo descobriram que poderiam explorar um discurso de luta e defesa da classe, e classe era então somente os policiais e bombeiros da base, os mais politizados e com alguma experência em atividades políticas, pressentiram que era o momento para se promoverem e lançaram suas candidaturas, que devido a repressão ideológica, política, disciplinar e penal militar, ganharam popularidade e respeito da tropa, o que foi o mais do que suficiente para termos uma votação histórica e esmagadora dos líderes do movimento dos praças.
Naquele momento marcado por um processo de retaliação, perseguição e de intensa repressão do comando aos inssurgentes,  que cumpria fielmente orientação do governo foi o estopim para o engajamento dos praças e suas famílias na campanha eleitoral de 1998, que teve como resultado, a derrota do governador Eduardo Azeredo, e vitória de três praças nas urnas com votação expressiva, sendo eles, Cb Júlio, deputado federal, Sgt Rodrigues, deputado estadual e também o Cb Moraes, deputado estadual que foi eleito no coeficiente eleitoral alcançado pelo partido pelo qual disputava as eleições.
De lá para cá, houveram muitas mudanças, até nas entidades de classe, que passaram também a se julgar no direito de eleger seus presidentes ou candidatos apoiados por decisão de sua diretoria, mas sem nunca consultar ou pesquisar seus associados, para assim referendaram os candidatos e se sentirem sujeitos e participantes do processo.
Até que ineditamente na antepenúltima eleição de deputados, instalamos uma prévia que foi submetida aos associados para decidirem qual candidato deveria ser apoiado pela Associação de Praças Policiais e Bombeiros Militares - ASPRA/PMBM, sagrando-se vencedor o candidato derrotado a deputado federal Cb Júlio, que nunca teve espaço para aproximar e se integrar institucional e politicamente com os associados, exceto quando há interesses em discussão que precisam de sua combativa liderança, mas na época foi violentamente hostilizado por dissidentes movidos por acordos selados fora da órbita da entidade e de seus associados, que são em última instãncia os que detém poder para decidir, o que sabemos para algumas pessoas pouco importa.
Todos quase que imediatamente após a assembléia geral unificada do dia 08 de junho, manifestaram sua indignação ao desrespeito praticado em desfavor dos direitos dos policiais e bombeiros militares, o que vinhamos sistematicamente denunciando e alertando para os desdobramentos que ocorreriam se os policiais e bombeiros militares não se organizassem no âmbito da assembléia para reivindicar e exigir que os direitos que legitimam uma assembléia fossem cumpridos e respeitados, o que lhes garantiria voz e voto, o que lhe foi negado em todas as três assembléias.
O movimento de 1997, trouxe consigo a importância e urgência da eleição de representantes políticos e de um reformulação nas diretrizes e políticas de representação da classe, com um controle mais efetivo das ações institucionais, administrativas e políticas, pelos policiais e bombeiros militares, evitando assim que os objetivos e ideais que levaram milhares as ruas, gritando por cidadania, por respeito a dignidade, salário justo e digno, melhores condições de trabalho e valorização profissional, não desistam e se envergonhem de lutar, se rendendo a corrupção como crime e a sua mais nefasta modalidade que é a corrupção intencional dos objetivos organizacionais.
Mais uma vez o que testemunhamos foi a mais transparente luta em defesa dos interesses de lideranças e grupos, que se esqueceram ou então não partciparam do movimento de 1997, que nos possibilitou eleger representantes políticos que estavam compromissados com a luta e defesa da classe, e qualquer argumento em sentido contrário, não passa de justificativas para deixar mais nebulosa a discussão sobre as muitas possibilidades e estratégias que seriam vitais e decisivas para pressionar pela valorização salarial que todos almejavam, e que não se tratava de nada impossível e fora da realidade do governo.
De todo ocorrido fica a lição de que precisamos mais do que nunca de exercer fiscalização ininterrupta e permanente sobre as associações de classe, e também sobre o trabalho parlamentar, pois não se admite em política que lados opostos sejam aliados, como querem fazer crer os aliados do governo, o poderá se tornar perigosa prática, pois outros acordos com o governo e o comando poderam não mais serem chancelados em assembléias que são para isto convocadas, o que poderá causar imensos e irreparáveis danos e prejuízos a classe.
O dia 24 de junho deveria ser um lembrado como o marco da emancipação e libertação dos policiais e bombeiros militares, mas isto somente poderá ser comemorado se nas próximas eleições associativas e parlamentares, firmarmos um acordo ético de rever posições e ideias para resgatarmos os princípios e valores que foram os fundamentos do movimento dos praças de 1997, sob pena de seus detratores o sepultarem definitivamente, pois se não morreu se encontra moribundo e agonizante.
Talvez seja necessário rediscuti-lo para que os policiais e  bombeiros militares, mais velhos possam relembrar e se enxergar como atores de mudanças e para que os mais jovens possam acender em si a chama da luta por valorização profissional, liberdade, justiça e igualdade nos  estritos limites da Constituição Federal e das leis que regem um estado de direito, republicano e democrático.
Concluindo, é fundamental que os participantes do movimento de 1997, ergam sua voz e façam do dia 24 de junho, o dia de luta pela valorização profissional e pelo irrevogável respeito a cidadania e dignidade, e não mais uma data sem significado, porque é assim que começa a exclusão social, quando o cidadão é excluído e despossuído de sua identidade e de sua própria história.
Viva o dia 24 de junho, viva a liberdade e a democracia

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