Por Cecilia Olliveira
As vésperas de completar quatro anos, a política carro chefe do governo de Sérgio Cabral enfrenta um momento delicado: troca de comando das UPPs pós inúmeros incidentes m territórios "pacificados"
A Polícia Militar decidiu mudar o comando das UPPs após uma série de arbitrariedades em favelas pacificadas, inclusive com mortes de policiais e moradores. Dois policiais foram mortos no último mês em um total de cinco em todo ano e as denúncias sobre morte de moradores e achaques de policiais são inúmeros, bem como casos de corrupção (Coroa, Fallet e Foguereiro estão entre os principais nesse quesito).
Foto: Internet |
O coronel Rogério Seabra ocupava o cargo desde outubro de 2011 e será substituído pelo coronel Paulo Henrique de Moraes, ex-comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e que estava dado como certo para ser secretário de segurança de Niterói, na gestão Rodrigo Neves (2013). Seu nome foi sugerido por Beltrame, que agora, o requer de volta ao Rio.
O anúncio oficial do Coronel Moraes para a SSP de Niterói foi questionada prontamente por familiares da juíza Patrícia Acioli, executada a tiros em agosto de 2011, e pelo promotor Leandro Navega, representante do Ministério Público (MP) no julgamento dos acusados pelo crime.
Isso por que o coronel foi o responsável técnico por julgar desnecessária a escolta para a juíza quando era lotado na Diretoria Geral de Segurança Institucional, do Tribunal de Justiça do Rio. O oficial também era o comandante do 12º BPM (Niterói) por ocasião do assassinato da magistrada. Na época, Paulo Henrique chegou a descumprir uma ordem de Patrícia para retirar das ruas cinco policiais militares lotados na unidade que respondiam por crime de homicídio na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. A determinação só foi cumprida após a morte da juíza.
Antes de ir para o 12º BPM, o Coronel participou, no final de novembro de 2010 da ocupação do Complexo do Alemão e do Morro da Penha, no Rio. O episódio ficou conhecido como "Serra Pelada" devido aos roubos e saques promovidos por policiais tanto à casa de acusados quanto de moradores.
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Foto tirada no Complexo do Alemão - Cecília Olliveira |
De acordo com Coronel Erir, comandante geral da Polícia Militar do Rio, o perfil mais "combatente" de Paulo Henrique, não dará as UPPs um perfil de confronto.
O perfil de confronto é o oposto do que vem sendo pregado nestes quatro anos de política de pacificação, que vem sido reitera mente repetida pelas autoridades como "política de proximidade". E isso é preocupante. O momento, que já não é nada agradável, toma contornos de embate, ao invés de conciliador, em territórios que há tempos clamam por diálogo com o poder público.
Há décadas as favelas cariocas recebem mais "atenção" do braço armado do estado que os demais serviços oferecidos à cidade. Nas áreas "pacificadas" estes serviços vem chegando com mais fôlego agora, mas a notícia desta troca de comando já é vista com preocupação por atores envolvidos nestes territórios.
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