O
governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também é acusado de
envolvimento com Carlinhos Cachoeira: o contraventor teria influência na
nomeação de funcionários de seu governo e o chefe de seu gabinete teria
repassado informações sigilosas de operações policiais ao empresário. O
governador disse que está “tranquilo” e que seu governo está
“absolutamente isento” de qualquer relação com os negócios irregulares
O Tribunal de Justiça de Goiás proibiu
que o governo do Estado promova coronéis da Polícia Militar sem que
estejam lotados em algum batalhão. A prática, que produziu uma figura
conhecida como “coronéis de corredor”, foi denunciada pelo Ministério
Público no ano passado e teria a participação do bicheiro Carlinhos
Cachoeira. Por meio do instituto da agregação, o militar possui patente,
mas não comanda um batalhão, e só ficaria nos corredores.
Entre julho de 2009 e julho de 2012, 25
coronéis teriam sido promovidos irregularmente, “em franco e evidente
desvio de finalidade, acompanhado de vício de forma e de inexistência de
motivos para efetuar as promoções”, relatou o promotor Fernando Krebs,
que promoveu a ação civil pública.
“Sem dúvida, a agregação, quando
destinada à criação artificial de vagas dentro da corporação, macula o
interesse público e ofende princípios como o da finalidade e
moralidade”, afirmou o relator, desembargador Carlos Alberto França.
A decisão, publicada nesta terça-feira
(21), diz que o Estado deve se abster imediatamente de fazer as
promoções em questão até o julgamento definitivo do processo. O governo
ainda não foi notificado para se posicionar sobre o fato e poderá
recorrer da decisão. A PM diz que sempre investigou as possíveis
irregularidades e aguarda decisão.
Influências nas nomeações
Em abril do ano passado, documentos da
operação Monte Carlo, da Polícia Federal, apontaram que o excesso de
promoções a coronel na Polícia Militar de Goiás teria relação com a
influência de Carlinhos Cachoeira no Estado.
As escutas mostraram conversas entre
Lenine Araújo de Souza – um dos condenados pela Justiça Federal ao lado
do bicheiro, por formação de quadrilha, corrupção, peculato e furto – e o
coronel Carlos Antônio Elias, ex-comandante geral da PM goiana.
O
diálogo foi gravado no fim de 2010 e mostrou Lenine dizendo que as
promoções teriam de acontecer antes de o novo governo assumir –Marconi
Perillo (PSDB) havia sido eleito para suceder o governador Alcides
Rodrigues (PP). Na gravação, Elias concorda: “Se não, passa da hora”. E
continua: “Me ajuda daí, que eu vou fazendo força daqui também”. A
conversa teria surgido a mando de Cachoeira.
Na
CPI do Cachoeira na Assembleia Legislativa de Goiás, policiais foram
ouvidos sobre o envolvimento das polícias goianas com o esquema de jogos
ilegais e tráfico de influências no governo estadual, exercido pelo
contraventor, mas negaram as práticas.
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