Segundo medições feitas por satélite, o desmatamento voltou a
subir na Amazônia e especificamente no Pará. Não é a primeira vez que há
um repique no desmatamento.
O desmatamento na Amazônia, em queda desde 2004, voltou a crescer. É
o que mostra um conjunto de dados apresentados pelo comitê gestor do Programa Municípios Verdes, do Estado do Pará.
Segundo medições feitas por satélite, o desmatamento voltou a subir
na Amazônia e especificamente no Pará. Os dados do programa de
monitoramento do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
mostram a retomada do desmatamento. Na comparação do período de agosto a
março de 2012 e o mesmo período em 2013, houve alta de 88% na Amazônia.
Os maiores aumentos ocorreram no Pará (com mais 144%), no Amazonas
(mais 143%) em Tocantins (mais 126%).
A reportagem é de Alexandre Mansur e publicada por Mundo Sustentável, 22-05-2013.
A medição feita pelo Inpe também revelou a devastação. Entre agosto a
março de 2012 e o mesmo período em 2013 foi um aumento de 50% na
Amazônia toda.
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon e do Sistema de Detecção de Desmatamento (Deter) do Inpe. Eles geralmente antecipam as tendências na região.
É o que mostra o gráfico abaixo.
Não é a primeira vez que há um repique no desmatamento. O último foi
nos anos de 2007 e 2008. O governo começou ações de combate ao
desmatamento em 2004, com aumento na fiscalização e criação de unidades
de conservação. As medidas surtiram efeito mas aparentemente se
esgotaram em 2007. Em 2008, o desmatamento voltou a cair quando o
governo baixou resoluções para restringir o crédito em áreas com
ocupação ilegal da terra e em municípios campeões de devastação. Será
que está na hora de um novo tipo de ação agora?
O gráfico abaixo mostra a evolução do desmatamento nos últimos anos, em quilômetros quadrados na Amazônia.
Cerca de 80% dos novos desmatamentos no estado do Pará aconteceram em terras públicas federais, ao longo da Transamazônica e da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém. São terras invadidas por grileiros ou pecuaristas, que desmatam para apressar a posse da área.
Técnicos do Imazon e do Programa Municípios Verdes fizeram uma análise dos tipos de motivações que levam aos novos desmatamentos. Estão indicados no mapa abaixo.
O desmatamento tradicional é típico de áreas privadas numa região com
ocupação já consolidada. É o desmatamento do proprietário de uma
fazenda que busca expandir sua área para pecuária ou algum cultivo. Já o
corte para assentamentos é a abertura de áreas em projetos do Incra ou
de assentamentos estaduais. O mais triste é que, pelo que mostra a
experiência na região, os assentados devastam inutilmente, porque
continuam miseráveis e depois precisam de uma nova terra para ir. O
terceiro tipo de desmatamento atual no Pará é o especulativo, típico da
fronteira de ocupação. É a retirada de floresta por quem deseja tomar
posse da área, geralmente terras públicas invadidas.
Para Justiniano de Queiroz Netto, secretário extraordinário de estado para
Coordenação do Programa Municípios Verdes, uma série de medidas pode atenuar a tendência de repique no desmatamento, pelo menos no Pará. Ela incluem aumento da fiscalização federal e estadual. Também há uma ação civil pública contra o Incra, obrigando o órgão a assumir o desmatamento sob sua área de responsabilidade e ordenando que ele recupere a devastação. Para isso, o Incra deverá dar mais orientação técnica para os assentados cultivarem sem desmatar.
Coordenação do Programa Municípios Verdes, uma série de medidas pode atenuar a tendência de repique no desmatamento, pelo menos no Pará. Ela incluem aumento da fiscalização federal e estadual. Também há uma ação civil pública contra o Incra, obrigando o órgão a assumir o desmatamento sob sua área de responsabilidade e ordenando que ele recupere a devastação. Para isso, o Incra deverá dar mais orientação técnica para os assentados cultivarem sem desmatar.
Um dos desafios atuais é conter o desmatamento associado a grandes obras na região.
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