Procurador-geral da República afirma, em entrevista à Folha, que diretores de construtoras vão delatar, em troca da redução da pena, como funcionava esquema de corrupção e fraude na Petrobras
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acredita que executivos de empreiteiras que participaram do esquema de corrupção na Petrobras revelarão como operavam de maneira criminosa para obter contratos na empresa. As revelações, segundo ele, devem ocorrer por meio de delação premiada, mecanismo que prevê a redução da pena em troca de colaboração com as investigações. ”Isso é um rastilho de pólvora. Quando um começa a falar, o outro diz: Vai sobrar só para mim?’. E aí eles começam a falar mesmo. Todos vão negociar. Se um abrir a boca, abre todo mundo”, declarou Janot em entrevista ao repórter Severino Motta, da Folha de S. Paulo.
Janot afirmou não acreditar na versão das empreiteiras de que eram “vítimas” do esquema. “Como a concussão te obriga a fazer um cartel, fraudar uma licitação e ganhar um dinheirão? Está sendo extorquido para ganhar dinheiro? Para ter que botar US$ 100 milhões no bolso? Vamos combinar, não é.”
O procurador-geral também acusou um dos advogados do doleiro Alberto Youssef de tentar influenciar no processo eleitoral com o vazamento seletivo de informações. “Estava visível que queriam interferir no processo eleitoral. O advogado do Alberto Youssef operava para o PSDB do Paraná, foi indicado pelo [governador] Beto Richa para a coisa de saneamento [Conselho de administração da Sanepar], tinha vinculação com partido. O advogado começou a vazar coisa seletivamente. Eu alertei que isso deveria parar”, declarou.
Na entrevista, Janot ainda fez um balanço de sua gestão à frente da Procuradoria-Geral da República e rebateu as críticas de que arquivou muitos inquéritos desde que assumiu o cargo. Segundo ele, apenas casos sem o menor fundamento foram arquivados a seu pedido.
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