Em reunião, Detran promete mais dinheiro para campanhas. Especialistas apontam que saída é a educação
O mais recente episódio de violência no trânsito com ciclistas no DF chama a atenção para a falta de segurança à qual esse grupo está submetido. Na manhã de domingo, cerca de 15 pessoas do Pelotão A, tradicional equipe que se reúne aos fins de semana para treinar no Lago Sul, tornou-se alvo de intimidações e ameaças pelo motorista de um JAC J2 chumbo, por volta das 10h. A câmera instalada em uma das bicicletas flagrou o momento em que o condutor, identificado pela Polícia Militar como um cabo da corporação, para no acostamento, desce do veículo e saca uma arma. As imagens estão no blog CBPoder.
Segundo um dos presentes, que prefere não se identificar, o PM ameaçou o grupo antes e depois de mostrar a pistola. “Ele dirigia encostado às bicicletas, tentando intimidar, e parou duas vezes no acostamento para discutir. Quando desceu do carro com a pistola na mão, dizia ‘Vamos conversar agora’. Claro que ninguém parou”, relata. Nenhum dos presentes prestou ocorrência na 10ª DP, mas um dos atletas fez a denúncia diretamente à Corregedoria da PMDF na segunda-feira, após descobrir, por conta própria, que o autor do crime era policial.
Em nota, a PMDF declarou que a corregedoria abriu uma investigação para apurar as circunstâncias do fato. O corregedor adjunto da PM, coronel Alexandre Ferro, destaca que o cabo estava à paisana, então, a atitude não pode ser considerada crime militar, mas de natureza comum. Ele afirma que as investigações estão em curso e será dado o direito à ampla defesa, mas que, “a princípio, nada parece justificar o ato de sacar a arma, embora apontada para o chão”. O cabo foi ouvido pela corregedoria na manhã de ontem — o conteúdo do depoimento não foi repassado à reportagem.
Campanha
O incidente coincide com o momento em que o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) busca ajuda dos próprios ciclistas para a criação de uma nova campanha voltada à segurança deles, a ser veiculada ainda neste semestre. Na noite da terça-feira, a Diretoria de Educação de Trânsito do Detran (Direduc) se reuniu com 33 representantes de grupos de pedal para discutir a campanha já feita e sugerir como pode ser a próxima.
Situações como a do domingo, em que há uso de arma de fogo para intimidar, não são comuns para os ciclistas, mas ameaças em geral, sim. “A insegurança é constante, sempre acontecem absurdos. Motoristas lançam os carros na nossa frente porque não entendem que também temos direito de usar as vias”, conta um dos presentes no incidente. Outro participante do Pelotão A afirma que é preciso ensinar às pessoas a diferença entre os diferentes usos da bicicleta. “O ciclista de ciclovia utiliza o veículo para passeios e pequenos deslocamentos; o outro, de alto rendimento, alcança velocidades altas e, em estradas sem acostamento, não há como treinar direito. Além da falta de compreensão, somos obrigados a lidar com o medo de assaltantes e bandidos”, declara.
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