Não há consenso entre auxiliares de Dilma nem entre integrantes da base aliada sobre o tema. Analistas se mantêm céticos
Rosana Hessel
O governo não deu sinais concretos de que fará a reforma da Previdência Social para valer. Ontem, durante o Fórum de Previdência Social, apresentou uma lista com sete pontos para serem discutidos nos próximos 60 dias. Na abertura do encontro, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, avisou que o projeto ainda não está desenhado. “Não há nenhuma proposta, a priori. O que há é um conjunto de visões sobre o que nós precisamos tratar com maturidade para alcançar um resultado positivo”, disse.
A falta de um dado novo deixou especialistas preocupados, já que, para eles, o governo precisa de um projeto concreto para reformar o sistema previdenciário a fim de evitar um colapso nas contas públicas, que caminham para o terceiro deficit primário consecutivo neste ano. A economista Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, em Washington, lamentou a falta de interesse em se fazer as mudança. “Ninguém (do governo) quer chegar para o povo e dizer que existem duas alternativas. Ou eles aceitam que os benefícios precisam ser reduzidos ou, daqui a 10 anos, esse será zero”, resumiu.
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Há dias, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, vem defendendo que as mudanças previdenciárias sejam graduais e que a idade mínima para a aposentadoria, de 65 anos, passe a vigorar apenas em 2026. Em seu discurso no Fórum, ele destacou que a reforma é necessária para garantir a sustentabilidade da Previdência e, assim, “melhorar as contas públicas no futuro, o que tem um impacto imediato na economia”.
Barbosa aposta que a melhora das expectativas fiscais reduz a volatilidade cambial, possibilita a queda na taxa de juros de longo prazo e incentiva o investimento e a geração de emprego. Na apresentação ao Fórum, o ministro mostrou um conjunto de sete medidas para a retomada do crescimento, mas não empolgou os presentes. Entre elas, citou a retomada do investimento público e privado em infraestrutura e a ampliação dos investimentos no setor de energia.
Berzoini chamou atenção para o desafio demográfico que o país vive, uma vez que a população está com uma expectativa de vida maior, culpou o cenário externo pela crise atual e disse que “o cenário internacional exige do governo e da sociedade reavaliar um conjunto de situações e pensar em como projetar o futuro para um novo ciclo, em outros patamares e outras perspectivas econômicas”.
Entre as propostas em discussão estão idade de aposentadoria, unificação de regras para homens e mulheres e financiamento da Previdência. Segundo o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, os sete pontos trazidos para o Fórum pelo governo serão discutidos por uma equipe de técnicos do governo, empresários e trabalhadores, que organizarão as informações do sistema para todos os representantes da sociedade. E, apesar da urgência da reforma, anunciou que ela ocorrerá “daqui a alguns anos”. “Para nós, o diálogo não é perda de tempo”, afirmou.
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