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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Guerra entre traficantes expõe ausência da polícia do morro

AGLOMERADO DA SERRA


Inaugurada há dois anos, área de segurança não deixou população mais segura

A-G
Deserto. Ruas da região, que ficavam movimentadas no fim de semana, agora estão mais vazias; moradores têm medo dos tiroteios


"A polícia irá atuar permanentemente para que o cidadão não fique refém de organizações criminosas”. Essa foi a promessa do então secretário de Estado de Defesa Social (Seds) Rômulo Ferraz, quando inaugurou a Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) no aglomerado da Serra, em BH, em janeiro de 2014. Dois anos depois, os moradores ainda vivem no fogo cruzado entre criminosos e reclamam que o policiamento só é significativo em crises pontuais. Em meio a constantes tiroteios há quase uma semana, alguns pensam em se mudar e a maioria sequer ousa sair de casa. Para eles, a guerra do tráfico expõe a ausência das autoridades de segurança pública.
 
A última crise começou na quarta-feira, após a prisão de um dos principais líderes do tráfico. Em conversa com a reportagem, moradores afirmam que a Aisp não cumpriu o objetivo de aproximar a polícia da população, nem de intimidar criminosos. Em situações ordinárias, é difícil ver policiais no aglomerado e em casos extremos como o dos últimos dias, a opção, diante da insegurança, é por um toque de recolher voluntário.

Tiros. Moradores quase não eram vistos ontem em becos e ruas próximas ao morro ontem. Apenas bandidos ostentavam armamentos pesados na rua. A reportagem foi em duas ocasiões ao local. Pela manhã, por duas horas, não viu nenhum policial na praça do Cardoso e em vias próximas do morro que abriga cerca de 50 mil pessoas. À tarde, duas horas após a PM ter sido acionada e ser recebida a tiros, a equipe deO TEMPO voltou à região, mas já não havia nenhum militar, apenas o helicóptero da corporação sobrevoava a região. 

“A polícia sumiu nos últimos tempos e só aparece quando tem tiroteio e, mesmo assim, não prende ninguém. Os traficantes comandam aqui”, disse um morador. Outro afirmou que a presença da área de segurança não mudou o local. “Com ou sem Aisp, a polícia só aparece após haver um problema, nunca de forma preventiva”.
 
Para o professor de sociologia da PUC Minas Moisés Augusto, a solução vai além da presença policial. “Não adianta a polícia ter uma sede lá. É preciso que o poder público como um todo chegue ao aglomerado, e isso só ocorre com a oferta de serviços de saúde, educação e transporte público de qualidade. Enquanto isso não chegar, os traficantes terão espaços para dominar territórios”.

Em nota, a PM informou que “está atuando de forma efetiva em pontos estratégicos no bairro da Serra”. O capitão Flávio Santiago não informou quantos policiais estão empenhados na operação. “Estamos trabalhando com estratégias difusas, inclusive para não causar impacto na comunidade. A polícia está em constante contato com a comunidade”, garantiu. (Com Bárbara Ferreira)

Sem registro de prisão de pivô da guerra
Líder. Apontada como motivação para o início dos tiroteios, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que não tem registro da prisão de Augusto Nunes Martins. Bandidos rivais estariam disputando as bocas do criminoso. O último registro dele no sistema é de junho de 2008, quando foi solto do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira. A assessoria da Polícia Civil não soube informar o que aconteceu com o traficante, encaminhado para a Central de Flagrantes (Ceflan).
Prisões. Conforme o capitão Flávio Santiago, da PM, três homens foram presos e um menor foi apreendido desde quarta-feira.


Com medo, morador se tranca em casa

 
A praça da rua Doutor Alípio Goulart, ponto de encontro e de compras comum entre moradores de dentro e do entorno do aglomerado da Serra, na região Centro-Sul da capital, costuma ficar lotada aos domingos, mas ontem foi diferente. “As pessoas estão com medo de sair de casa, porque os tiroteios não têm hora para acontecer”, disse um morador do local, que não quis ser identificado.

Para outra moradora, a melhor solução é manter a discrição. “Não somos amigos nem inimigos, somos neutros. Não adianta gritar ou pedir ajuda, a melhor coisa a fazer é abaixar a cabeça e ficar calada”, disse. 
 
Inerte. Eles reclamam da falta de atividades para integrar polícia e comunidade. Na página da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), a última grande ação da Aisp da Serra foi em maio de 2014. A assessoria da pasta informou que só poderia passar outras informações sobre as ações hoje. 

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