Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
24/02/2016
Foi mais que um arroubo da oposição ou das representações associativas dos policiais militares. Os cortes anunciados pelo governo na segunda-feira (22) e detalhados pelo secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, conseguiram agitar a corporação como um todo, desde os deputados ligados aos policiais – Cabo Júlio (governista) e Sargento Rodrigues (oposicionista) – , soldados até o comandante-geral, coronel Marco Antônio Bianchini.
Em entrevista a emissoras de rádio da capital, Helvécio Magalhães buscou tranquilizar a população no sentido de que o corte no custeio não afetaria a segurança pública, mas que a redução de R$ 360 milhões sairia do Instituto de Previdência dos Servidores Militares.
“A parte contingenciada é do Instituto da Previdência dos Servidores Militares, e é um excesso de orçamento e de arrecadação que nós vamos redistribuir. Vamos aperfeiçoar a logística da Polícia Militar que andava degradada nos últimos anos”, adiantou o secretário para revolta dos deputados policiais e surpresa do comandante-geral.
“Se mexerem na Previdência Social haverá banho de sangue”, avisou em alto e bom som, da tribuna do Legislativo, o deputado Cabo Júlio (PMDB), que é aliado e vice-líder do governo na Assembleia. Ao lado do deputado Sargento Rodrigues (PDT), foi um dos líderes da rebelião de 1997 (governo tucano de Eduardo Azeredo) por melhores salários e que resultou na morte de um cabo (Valério).
O que mais disse Cabo Júlio: “Isso é covardia. O governo pra ficar bonito com a sociedade diz que não vai faltar viatura nem munição, mas ferra a gente? Fica o alerta. 1997 vai ficar pequeno se essa aberração continuar. Não serei conivente com sacanagens com minha classe. O IPSM não tem conversa, não tem acordo. Se o governo insistir com esta aberração, eu serei o primeiro a acampar na porta do Palácio”, avisou o deputado, que ainda ligou para o secretário.
Já o comandante-geral divulgou nota para acalmar a tropa, manifestando o espanto. “Foi com muita surpresa e descontentamento que este comandante-geral recebeu a notícia de corte de R$ 360 milhões do IPSM. Entendemos a dificuldade financeira por que passa o Estado. Entendemos que haveria corte no custeio do Estado, mas o IPSM é nosso e não admitimos qualquer tipo de gestão que venha a colocá-lo em risco”, advertiu Bianchini, adiantando que fará o possível e o impossível perante o governador Fernando Pimentel (PT) para que não seja retirado um centavo sequer do Instituto. “Ele é nosso patrimônio. A nossa saúde e a saúde de nossas famílias não são negociáveis”.
“Escárnio”
“Estamos diante do maior escárnio, do maior deboche já feito com os policiais e bombeiros militares de nosso Estado. Não podemos pagar a conta da má gestão. Não podemos aceitar, temos que todos nós, no dia 2 de março, ativos, reformados, reserva, pensionistas e familiares, todos, comparecer e protestar contra isso”, convocou Sargento Rodrigues para ato público.
O IPSM não é do governo. Foi criado por um grupo de sargentos do Regimento de Cavalaria em 1911. O orçamento da segurança pública para 2016 é de R$ 17,3 bilhões, e o corte anunciado é de R$ 360 milhões, ou 2,1%.
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