Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Choque ético em Polícias é possível com políticos corruptos? Leia e Opine!

REVOLUÇÃO ÉTICA EM POLÍCIAS SUBORDINADAS A GOVERNADORES E POLÍTICOS CORRUPTOS, SERÁ POSSÍVEL?
SEGURANÇA NO CAMINHO CERTO


EDITORIAL - GLOBO


Segurança no caminho certo


Editorial – GLOBO


É ponto pacífico que a ocupação do Complexo do Alemão fechou com êxito uma operação de ataque ao bunker do tráfico de drogas no Rio. Nesse episódio, ficou comprovado que não se pode prescindir da participação de tropas e do emprego de equipamentos das Forças Armadas, em apoio a investidas policiais. O sucesso da ação que culminou com a retomada, pelo Estado, de uma área subjugada pelos traficantes fez brotar uma unânime corrente de apoio da opinião pública aos movimentos das forças de segurança, mas, por outro lado, não foi suficiente para evitar críticas ou reparos à estratégia que a invasão desse conjunto de favelas acabou por precipitar.


A primeira delas parte do duvidoso princípio de que tropas federais, ainda que sua participação em ações pontuais seja bem-vinda, não devem se imiscuir no dia a dia de uma ocupação, como a que está em curso no Alemão. O raciocínio é que há o risco de contaminação dos soldados pelo supostamente inquebrantável poder de cooptação do crime organizado. A argumentação é tíbia, vista sob qualquer ângulo: do ponto de vista de pessoal, as Forças Armadas dispõem de rígido manual disciplinar, suficiente para punir desvios de comportamento – que, de resto, devem ser vistos como exceção, não como regra; pelo viés estratégico, não há exemplo no mundo de país que tenha partido a espinha do crime organizado sem contar com algum tipo de apoio de um aparato coercitivo que atue em nível nacional. Óbvio: já se viu que enfrentar quadrilhas encasteladas no alto dos morros, sem lhes cortar o suprimento de armas e drogas (pela ação em fronteiras, rodovias e malhas aéreas), é o mesmo que enxugar gelo.


A outra ponta das críticas à bem-sucedida estratégia do governo do estado prende-se a determinados setores com voz em reverberantes áreas da sociedade, para quem ações pontuais não atacam os problemas de fundo da segurança. Neste caso, há quem considere, por exemplo, que sem uma limpeza radical nas polícias, de modo a lhes varrer a banda podre, operações como a do Alemão são apenas respostas tópicas à violência.


É fora de questão que as corporações precisam fazer uma faxina funcional. A promiscuidade entre maus policiais e criminosos estimula a desenvoltura dos bandidos, e principalmente alimenta a outra face do crime organizado – as milícias, que são de fato potencialmente mais perigosas que o tráfico e igualmente precisam ser desarticuladas. Mas é pueril acreditar que outros movimentos na área de segurança, igualmente emergenciais, precisam ficar a reboque da revolução ética que as polícias Civil e Militar precisam operar.


Nenhuma dessas providências é excludente. Todas são inadiáveis, mas a aplicabilidade de cada uma delas deve ser avaliada à luz das necessidades que se impõem numa guerra em que o crime organizado não dá tréguas. Só por lembrança, as forças de segurança do Rio foram obrigadas a precipitar estratégias em razão do terrorismo de traficantes, o que desembocou no Alemão. O fundamental é ter um plano de ação definido, firme e implacável contra o banditismo, e isso implica elaborar uma política de segurança que integre todas as instâncias de poder, sem esquecer a imperiosa necessidade de o Estado cumprir de fato, nas áreas que venham a ser resgatadas do jugo do crime organizado, seu papel de fomentador da cidadania

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