Pesquisa mostra, porém, que melhorar depósitos de armazenamento é desafio para o Estado
Quase metade das armas no país são ilegais mas, em Minas, 24,34 a cada mil foram recolhidasEstudo feito pela Organização Não Governamental (ONG) Viva Rio, em parceria com o Ministério da Justiça, revela que Minas Gerais é o estado campeão em apreensão de armas. Para cada mil existentes, 24,34 foram recolhidas. Por outro lado, está na 16ª posição no país no controle e gerenciamento de informações e desempenho de políticas de contenção do impacto da violência armada.
Segundo a pesquisa, Minas Gerais conseguiu resultado de 60% em uma escala máxima de 100%. São Paulo teve o melhor desempenho, 98%, seguido pelo Distrito Federal (95%). De acordo com a ONG Viva Rio, os depósitos de armazenamento e dispersão das armas, em Minas, são ruins. A Secretaria de Estado de Defesa Social não comentou os dados, alegando que precisava analisar o relatório primeiro.
Na Campanha do Desarmamento do Governo federal, entre 2004 e 2005, 27 mil armas foram entregues em Minas Gerais, uma média de 38,16 para cada mil. Por outro lado, entre 2008 e 2009, foram apenas 990, ou 1,40 para cada mil. Na campanha de regularização de armas foram apresentadas 13.098 armas em 2008. Em 2009, este número subiu para 75.819.
De acordo com o estudo da ONG Viva Rio, há 16 milhões de armas em circulação no Brasil. Mais de 47,6% são consideradas ilegais, totalizando 7,6 milhões de unidades em poder de civis e bandidos.
O Brasil registra anualmente 34,3 mil homicídios, o que dá aos país o título de campeão mundial em número absoluto de mortes por armas de fogo. O estudo será usado como ponto de partida para a retomada da campanha nacional pelo desarmamento, a ser mantida no futuro Governo. “A posse de armas não socorre o cidadão, só gera mais violência e crime”, disse o ministro Luiz Paulo Barreto. A afirmação foi dada ontem, durante a divulgação dos números.
A pesquisa, feita em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), servirá de subsídio para focar a intervenção do poder público nos Estados onde há maior descontrole na posse de armas. Este é considerado o fator que mais contribui para a violência urbana.
A pior situação, conforme o ranking montado pela ONG, é a de Rondônia, do Sergipe e do Amapá. Foram levados em conta o cuidado no depósito das armas, o gerenciamento no seu controle e a produção de informações confiáveis sobre quem tem, onde estão e como são usadas as armas.
Segundo o coordenador da pesquisa, Antonio Rangel, “esse estudo pioneiro sobre o obscuro universo das armas derruba vários mitos, como o foco exclusivo nas armas ilegais, quando cerca de 30% das armas apreendidas pelas polícias tinham sido legalmente registradas e vendidas antes de mergulharem no crime”.
O sociólogo Marcos Tavares Mello, 38 anos, que trabalha como voluntário no Morro Alto, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, defende o reforço do policiamento nas fronteiras por onde entram mais da metade das armas que são usadas pelos traficantes. “As pessoas que compram algum tipo de arma nas lojas querem a proteção de suas casas ou empresas”, declarou o sociólogo. Segundo ele, o país deveria dar continuidade ao registro de armas usadas com isenção das taxas cobradas pelo Governo federal.
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