CONGRESSO NACIONAL
Ainda faltam assinaturas para protocolar requerimento que cria a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar a máfia do controlador do jogo do bicho em Goiás, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o que pode frustrar a expectativa de que o pedido seja protocolado na próxima terça (17/4).
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Até a noite desta segunda (16/4) os líderes partidários ainda não tinham coletado todas as assinaturas necessárias para a criação da CPMI. Na Câmara são 171 e no Senado 27.
O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), considera que o requerimento pode não estar pronto até amanhã. O presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB-AP), encarregou o senador Pinheiro de entregar, nesta terça-feira, o documento pronto. Pinheiro nega que esteja coletando todas as assinaturas e disse que é responsável apenas por sua bancada.
“Eu tenho responsabilidade pela minha bancada, os outros eu não sei. Cada líder coleta de sua bancada. Ainda que eu colete amanhã, eu dependo dos outros. A ideia é concluir amanhã do bloco [de apoio ao governo, formado por PT, PDT, PSB, PRB e PCdoB]”, disse Pinheiro, já considerando que os outros partidos podem não entregar o requerimento subscrito por suas bancadas.
Pinheiro acha que ainda é cedo para determinar quantos senadores irão assinar a CPMI. Ele lembra que todos os partidos prometeram apoiar a comissão, mas nesta terça-feira será o primeiro dia em que as bancadas irão se encontrar depois que o texto do requerimento ficou pronto e a coleta de assinaturas recomeçou. “Amanhã é o primeiro dia que teremos o encontro das bancadas depois de quinta. Amanhã eu espero que a gente já tenha o primeiro balanço das assinaturas”, disse. O líder petista acredita que o problema de saúde do presidente Sarney não irá atrapalhar a coleta de assinaturas.
Alguns senadores, no entanto, já começam a cogitar a possibilidade de que não haja CPMI. Na tribuna, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), disse hoje que “não confia no Senado” e conta com a pressão popular e da imprensa para ver a comissão sair do papel. “Eu não confio no Senado agindo por conta própria, confio na força da sociedade. Essa CPI só vai sair se tiver pressão da sociedade”.
Também descrente, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), apontou uma “tentativa de mudar o foco” da investigação. Para ele, a inserção no requerimento de um trecho que permitirá investigar os meios utilizados para fazer as escutas telefônicas que irão embasar as denúncias pode mudar o objeto da investigação, desviando a atenção dos casos de corrupção. “Tem declaradamente um movimento para que seja uma CPMI sob controle, que não chegue ao destino certo. Mas eu não me preocupo com isso, porque é como todos dizem: uma CPMI sabe-se como começa, mas não se sabe como termina”.
A CPMI irá investigar também o envolvimento de outros agentes públicos e privados com o bicheiro e todas as denúncias feitas pela Polícia Federal nas operações Vegas e Monte Carlo, nas quais foram feitos diversos grampos telefônicos que incriminam o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e cinco deputados federais.
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