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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Famílias sofrem com a dor da perda e o silêncio da polícia


ASSASSINATOS

Casos em que não há repercussão da mídia, muitas vezes, acabam sem solução
Publicado no Jornal OTEMPO 
NATÁLIA OLIVEIRA



Um tiro na cabeça, um adolescente morto e nenhum suspeito preso ou resposta para o crime. Esse é o saldo que Kátia Regina de Paula carrega da morte do sobrinho de 15 anos, assassinado, em março deste ano, no bairro Salgado Filho, na região Oeste da capital. Não bastasse a dor da perda, familiares e amigos de vítimas de homicídios, não raramente, convivem com os crimes que, sem repercussão, terminam não investigados ou não solucionados.

Embora a polícia não divulgue estatísticas recentes sobre o número de inquéritos abertos, em reportagem publicada no último dia 8, O TEMPOmostrou que, dos 12.032 inquéritos instaurados até 2007 e ainda em aberto em Minas, apenas 922 foram concluídos, o que representa 8,2% do total. A Polícia Civil admite que muitos casos não são solucionados, mas afirma que abre investigações para todas as ocorrências.

As famílias anônimas que convivem com a falta de respostas sobre a morte de seus entes reclamam que, mesmo com inquéritos abertos, quando os casos não repercutem na mídia, as respostas não aparecem. Sobram a dor e a revolta. Esse foi o caso do comerciante Luiz Carlos Braga, 48. O irmão dele, de 23 anos, foi assassinado depois de um latrocínio na cidade de São 
Lourenço, Sul de Minas. "O inquérito foi instaurado, mas ninguém foi ouvido e nenhuma prova material foi colhida", queixa-se. O crime ocorreu em 2008.

No caso de Kátia Regina, a polícia chegou a colher depoimentos, porém, o crime não foi solucionado. "A polícia ficava pedindo para eu tentar encontrar os assassinos; aí eu fui desistindo", reclama. Ela acredita que o sobrinho foi morto por ter dívidas com o tráfico de drogas.

BARREIRAS. O adolescente se encaixa no perfil dos homicídios mais difíceis de se solucionar, segundo o delegado Wagner Pinto, chefe da Divisão de Crimes contra a Vida (DCCV). De acordo com ele, nos crimes que envolvem drogas, é difícil que testemunhas queiram dar informações. Com isso, os policiais ficam sem ponto de partida. "Esses crimes geralmente são premeditados, o atirador vai de capacete, passa, atira e vai embora. Não deixa marcas e as testemunhas têm medo de falar", explica. 

O delegado afirma que todos os homicídios são investigados e que são priorizados os inquéritos mais recentes. Os casos só são arquivados após 20 anos de investigação sem conclusão. 




Crimes mais leves são esquecidos
Celular ou tênis roubados e nenhuma investigação. Os crimes de menor potencial parecem não ser investigados. O Boletim de Ocorrência é feito pela Polícia Militar, mas, via de regra, a vítima não tem nenhum retorno sobre o andamento das apurações. 

"Eu já tive três celulares roubados e nunca fui ouvido. Não houve nenhuma investigação, isso dá respaldo para que esses criminosos continuem cometendo esses crimes", disse o administrador Pedro Medeiros, 28. 

Por meio da assessoria de imprensa, a polícia informou que abre inquérito para investigar todos os pequenos furtos nas delegacias de regiões onde acontecem os crimes. Porém, quase sempre, não há nenhum retorno sobre o pertence ou sobre os ladrões. Os crimes maiores são investigados pela Divisão de Operações Especiais, segundo a polícia. (NO)



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