Perícia recolhe corpo de jovem assassinado no bairro Conjunto Felicidade, em BH |
A redução da taxa de
homicídios não requer apenas grandes mudanças sociais. O número de
assassinatos pode cair, em proporções maiores a cada ano, mediante o
aumento do efetivo policial. A conclusão, que contraria alguns discursos
de gestores e especialistas em segurança pública, é de um estudo do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O cruzamento de dados
colhidos em mais de 5 mil cidades de todo o país mostra que a expansão
de 10% no contingente das polícias militar e civil reduz, ano a ano, a
taxa de homicídios.
Se esse ganho no efetivo
ocorresse em Minas Gerais, em um ano, 133 mortes seriam evitadas. A
redução de assassinatos chegaria a 545 casos em cinco anos e a 867 em
uma década – ou 22% em relação aos dados de 2012 (veja quadro ao lado).
Da mesma forma, a capital mineira também passaria a ter taxas menores de
homicídios. A queda seria de 27, 109 e 174 assassinatos em um, cinco e
dez anos, respectivamente.
“Não estamos aqui
argumentando contra a redução da desigualdade de renda ou contra o
aumento do nível de escolaridade da população. Estamos apenas
ressaltando que o combate à criminalidade pode ser feito com sucesso sem
passarmos por grandes mudanças na estrutura socioeconômica”, explica um
dos responsáveis pelo estudo, Adolfo Sachsida, técnico de planejamento e
pesquisa da diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e
Ambientais do Ipea.
Desligamentos
Apesar de positiva, a
previsão não deve se concretizar a curto prazo em Minas. A expectativa
do secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, é a de que o
efetivo da Polícia Militar, hoje com 45 mil servidores, cresça em torno
de 10%, mas de forma fracionada até o fim de 2015. Até lá, esse “ganho”
seria anulado, ao se considerar as aposentadorias e os desligamentos de
policiais por outros motivos. “Um aumento repentino é inviável por causa
dos custos”, justifica o secretário.
Além de mais policiais,
outra estratégia que garante a redução de homicídios, conforme o estudo
do Ipea, é a prisão de criminosos. Aumentar em 10% o número de detenções
garante a queda no registro de assassinatos em 2% após cinco anos. Isto
é, ao contrário do sustentado por alguns especialistas, prender
bandidos é fundamental para a redução da violência. “Não precisamos
mudar o mundo para mudar a situação caótica que vivemos. Isso é
politizar demais esse tipo de debate. Prender mais assassinos e ter mais
policiais nas ruas é uma solução eficiente”, afirma Sachsida.
Se comparada a outros
países, a situação brasileira no que diz respeito à punição para
homicidas é muito preocupante. Pesquisas internacionais apontam que, na
Inglaterra, a probabilidade de uma pessoa cometer um assassinato, ser
identificada, julgada e presa é de 80%. Nos EUA, as chances caem para
60% e, no Brasil, chegam a apenas 5%. Ou seja, de cada 20 assassinos,
apenas um é condenado.
FONTE: HOJE EM DIA
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