O Supremo Tribunal Federal (STF) reproduz hábitos que costumam ser
questionados em outros poderes sobre o uso de recursos públicos para
despesas com passagens aéreas. Levantamento feito pelo Estado com base
em dados oficiais publicados no site da Corte, conforme determina a
Lei de Acesso à Informação, mostra que ministros usaram estes recursos,
no período entre 2009 e 2012, para realizar voos internacionais com
suas mulheres, viagens durante o período de férias no Judiciário,
chamado de recesso forense, e de retomo para seus Estados de origem.
O total gasto em passagens para ministros do STF e suas mulheres em
quatro anos foi de R$ 2,2 milhões - a Corte informou não ter
sistematizado os dados de anos anteriores. A maior parte (R$ 1,5 milhão)
foi usada para viagens internacionais. De 2009 a 2012, o Supremo
destinou R$ 608 mil para a compra de bilhetes aéreos para as esposas de
cinco ministros: Gilmar Mendes e Ricardo Le~ wandowski - ainda
integrantes da Corte além de Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Eros
Grau, hoje aposentados.
O pagamento de passagens aéreas a dependentes de ministros é
permitido, em viagens internacionais, por uma resolução de 2010,
baseada em julgamento de um processo administrativo no ano anterior. O
ato diz que as passagens devem ser de primeira classe e que esse tipo
de despesa deve ser arcado pela Corte quando a presença do parente for
"indispensável" para o evento do qual o ministro participará. No
entanto, o Supremo afirma que, quando o ministro viaj a ao exterior
representando a Corte, não precisa dar justificativa para ser
acompanhado da mulher.
No período divulgado pelo STF, de 2009 a 2012, as mulheres dos cinco
ministros e ex-ministros mencionados realizaram 39 viagens. Dessas, 31
foram para o exterior.
As passagens incluem destinos famosos na Europa, como Veneza (Itália),
Paris (França), Lisboa (Paris) e Moscou (Rússia) , e Washington, nos
Estados Unidos. A lista também inclui cidades na África - Cairo (Egito)
e Cidade do Cabo (África do Sul) - e na Ásia (a indiana Nova Délhi e
Pequim, na China).
As viagens realizadas pelos ; ministros são a título de representação
da Corte, fazendo com que o maior número seja dos magistrados que ocupam
a presidência e a vice-presidência da Corte.
Recesso
Os ministros também usaram passagens pagas com dinheiro público
durante o recesso, quando estão de férias. Foram R$ 259,5 mil gastos em
viagens nacionais e internacionais realizadas nesses períodos. Não
entram na conta passagens emitidas para presidentes e vice-presidentes
do tribunal, que atuam em regime de plantão durante os recessos.
O Supremo informou que, em 2005, foi formalizada a existência de uma
cota de passagens aéreas para viagens nacionais dos ministros. A
fixação do valor teve como base a realização de um deslocamento mensal
para o Estado de origem do ministro. A Corte ressaltou que, como a cota
tem valor fixo, o magistrado pode realizar mais viagens e para outros
destinos com esse montante. O tribunal, porém, não informou à
reportagem qual é esse valor.
O atual vice-presidente do Supremo foi quem mais gastou em viagens nos
recessos do período de 2009 a 2012. Ricardo Lewandowski usou R$ 43 mil
nesses anos. Os ministros Cár- men Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes,
Joaquim Barbosa, Luiz Fux e Rosa Weber também usaram bilhetes aéreos
durante o período de recesso, assim como os ex-ministros Carlos Ay- res
Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Eros Grau.
Estados
Praticamente todos os magistrados da Corte, atuais e já aposentados,
usaram passagens do STF para retornar a seus Estados de origem. Os
ministros podem exercer o cargo até completar 70 anos e não têm
bases eleitorais, justificativa dada no Congresso para esse tipo de
gasto. São Paulo e Rio são os destinos das viagens da maioria, como
Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux.
Porto Alegre é o principal destino de Rosa Weber, assim como Belo Horizonte costuma aparecer nos gastos de Cármen Lúcia.
Entre os ex-ministros há diversos deslocamentos de Carlos Ayres
Britto para Aracaju (SE), de Cezar Peluso para São Paulo e de Eros Grau
para Belo Horizonte e São João Del-Rei, cidades próximas a Tiradentes,
onde possui uma casa.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.segunda-feira, 20 de maio de 2013
Supremo paga voos de esposas de ministros
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