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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Em 2014 os cidadãos de Minas Gerais faram ato de desagravo contra os deputados de Minas Gerais. Vamos defender o que resta de moral e ética na Política

Deputados fazem ato de desagravo a Gustavo Perrella


Pronunciamentos de apoio ao parlamentar marcam a Reunião Ordinária de Plenário desta quarta-feira (11).

O Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi o cenário de um ato de desagravo ao deputado estadual Gustavo Perrella (SDD), no encerramento da Reunião Ordinária na tarde desta quarta-feira (11/12/13). Dezesseis parlamentares, entre eles o presidente do Parlamento mineiro, deputado Dinis Pinheiro (PP), manifestaram-se solidariamente ao colega após a Superintendência da Polícia Federal do Espiríto Santo ter divulgado, na última terça (10), nota à imprensa inocentando Perrella de responsabilidade no transporte de cocaína em seu helicóptero.
As manifestações de solidariedade começaram com o pronunciamento na tribuna do deputado Célio Moreira (PSDB), seguido de vários apartes dos colegas. Ao final, o próprio deputado Gustavo Perrella pediu a palavra para agradecer o voto de confiança, comentar a nota divulgada pela Polícia Federal (PF) e esclarecer melhor o episódio. “Eu errei, sim, por ter confiado em uma pessoa que me passou toda credibilidade durante um ano de convivência, a quem eu confiava minha vida, mas acabou tendo a cabeça virada pelo mundo das drogas. Nisso, sim, eu errei”, afirmou, emocionado, ao citar o piloto Rogério Antunes, que logo após ser preso já garantia que tinha agido por conta própria.
“O que aconteceu comigo poderia ter acontecido com qualquer um aqui dentro. Por isso quero agradecer a todos pela solidariedade”, afirmou. Na avaliação do deputado, que classificou a repercussão do caso como uma “tragédia” em sua vida, o pré-julgamento da mídia contribuiu para que ele não tivesse condições de se defender devidamente até que a própria PF viesse a público para esclarecer os fatos. “Essa nota da Polícia Federal é a minha carta de alforria. Não tenho mágoa de quem fez essas colocações maldosas. Eu sabia dos percalços de ser politico neste país. Temos que lidar com o preconceito diariamente. Não estou aqui para lamentar, pois escolhi isso para a minha vida. Meu maior pesar é pela minha mãe e pelas minhas irmãs”, lamentou.
O deputado Gustavo Perrella disse que desde o início tentou esclarecer o episódio, inclusive em uma coletiva de imprensa no dia em que o helicóptero foi apreendido, além de atender a todas as ligações feitas por jornalistas para o seu celular. “O que o piloto me disse, e foi assim que repeti no depoimento que dei como testemunha, era que a aeronave faria uma revisão e por isso voaria para São Paulo. Era óbvio que eu não sabia desse voo para o Espírito Santo. Ele não tinha minha autorização. Não sou advogado para definir essa situação, mas tratou-se de uma apropriação indébita”, afirmou, diante dos olhares de vários assessores, que o aplaudiram diversas vezes nas galerias do Plenário.
“É bom ver boa parte do meu gabinete aqui. Desde o início falei para eles: ninguém morreu, não fizemos nada de errado e vamos nos explicar. Graças a Deus, esse relatório da polícia deixa claro que a vitima no caso fui eu, mas duvido que o documento tenha o mesmo destaque na imprensa. Afinal, a notícia esse tempo todo era eu”, completou.
O deputado Gustavo Perrella reforçou que os dados disponibilizados pela Assembleia em seu portal já deixavam claro que o combustível da aeronave não havia sido pago com dinheiro público, ao contrário do que foi divulgado, assim como a propriedade onde o helicóptero foi apreendido não era de sua família. “Esta Assembleia é uma das casas mais sérias deste país. Isso tudo me fez reavaliar se a política vale a pena, mas eu ainda acredito nisso. Nada pode sujar a imagem de uma consciência limpa. Deus não dá uma cruz que a gente não possa carregar. Ao acabar este pronunciamento, pretendo virar esta página da minha vida”, acrescentou.
Tribuna - Coube ao deputado Célio Moreira dar início ao ato de desagravo ao colega no Plenário da Assembleia. Da tribuna, ele teceu duras críticas ao comportamento da imprensa, que, segundo ele, agiu precipitadamente antes que o episódio tivesse um maior grau de esclarecimento. “Não ignoro a importância da imprensa na democracia em nosso país, mas é inegável o seu poder destruidor quando o alvo é um homem público. Quando a verdade vem à tona, inocentando os acusados, estes não têm o mesmo espaço. A crônica policial traz muitas histórias de vítimas que cumpriram penas para muito tempo depois serem consideradas inocentes”, afirmou. O parlamentar também criticou as manifestações realizadas nas dependências da ALMG após a divulgação do caso, fruto, segundo ele, de um “sentimento revanchista” que marca a relação da sociedade com a classe politica, mas que não justificam colocar todos os políticos em uma “vala comum”.
Na sequência, fizeram apartes em solidariedade a Gustavo Perrella os deputados Alencar da Silveira Jr. (PDT), Duarte Bechir (PSD), Lafayette de Andrada (PSDB), Antônio Genaro (PSC), Gustavo Corrêa (DEM), Vanderlei Mirada (PMDB), Tiago Ulisses (PV), Bosco (PTdoB), Carlos Mosconi (PSDB), Inácio Franco (PV), Tenente Lúcio (PSB), Rômulo Viegas (PSDB), Ulysses Gomes (PT), Dinis Pinheiro e Anselmo José Domingos (PTC).
Parlamentares se revezam em pronunciamentos de apoio
Entre os pronunciamentos em solidariedade ao deputado Gustavo Perrella nesta quarta-feira (11) destaca-se o do deputado Lafayette de Andrada, que lembrou os episódios da Escola Base, em São Paulo, e do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, como exemplos de vítimas da pré-julgamento da imprensa. “Não se pode julgar todos pelos feitos de um só”, advertiu. “Sempre tivemos certeza da sua inocência e estivemos ao seu lado”, apontou o deputado Gustavo Correia.
Já o deputado Vanderlei Miranda disse que o episódio serviu como uma lição de vida para o colega. “Tudo isso só poderia terminar de duas formas: ou apontando a culpa do deputado ou atestando seus bons antecedentes. Foi esse último caso o que aconteceu. Alguns companheiros nesta Casa foram cruéis em pedir a abertura de CPI quando, desde o início, eu dizia a todos que ele não tinha nenhum envolvimento. Fico feliz ao saber que estava certo em minha avaliação”, destacou.
O deputado Inácio Franco, que é ouvidor da Assembleia, classificou o episódio como um “tsunami” na vida do colega, enquanto o deputado Ulysses Gomes prestou solidariedade a Gustavo Perrella em seu nome e de seu partido, o PT. “Quero registrar publicamente nossa indignação por essa situação. Parabéns pela sua determinação e muita força e fé a você e sua família”, arrematou.
Por fim, o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro, lembrou que a trajetória política de Gustavo Perrella será ainda mais marcante após a superação dessas dificuldades. “A vitória só aparece para aqueles que lutam e sonham. Continue fazendo o bem pela vida afora que o tempo vai fazendo a devida justiça. Tentaram desonrar a sua história e a imagem da Assembleia, uma casa da ética e de muito trabalho. O homem feliz não é aquele que não tem problemas, mas o que sabe lidar com esses problemas. Neste momento, nada melhor do que reafirmar o compromisso da Assembleia de Minas com a transparência”, finalizou.

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