Depois de todo trabalho desenvolvido pelos policiais do Rio de Janeiro, na operação do complexo do alemão e vila cruzeiro, o governo acena com uma gratificação a titulo de recompensa por todo risco e perigo que foram enfrentados durante todo período, no valor irrisório de R$500,00 (quinhentos reais).
Uma avaliação mais cuidadosa do ato governamental, assombra pela simbologia que ostenta, pois a interpretação nos leva a concluir que a vida dos trabalhadores da segurança pública expressa a exata medida da "bondade" do governo carioca, e dimensiona também a preocupação com a segurança pública do Estado.
Não há como sabemos uma política de segurança pública planejada e pensada com foco no trabalhador, mas nos episódios que de tempo em tempo metem medo e pânico na população, seja pelo requinte de crueldade e violência que interferem na vida do cidadão ou pela espetacularização promovida pela propaganda oficial e pela mídia para impressionar e fazer crer que há controle sob a criminalidade crescente.
De todo ocorrido, há uma avaliação que merece ser destacada, qual seja a participação das forças armadas, que mesmo sendo importante para proteger e abrigar os policiais, agora esta sendo usada para manter a paz no complexo do alemão, aos moldes das forças de paz da ONU, que somente são empregadas em zonas de conflito, como países devastados pela guerra ou acidentes naturais de grande proporções, que afeta toda população e serviços essenciais.
Como se não bastasse o disparate da permanência dos militares federais, a mensagem subliminar que fica para os trabalhadores da segurança pública e para a sociedade, para os primeiros há a demonstração explícita de que foram e são incapazes de dominar e controlar a orda de criminosos que fizeram das favelas, seu território e habitat natural, e para a sociedade a impressão de que agora com o aparato militar, a vida poderá seguir seu curso sem sobressaltos e balas perdidas.
Mas mudanças substanciais na segurança pública, tendo como fator primordial a valorização profissional, a melhoria das condições de trabalho, e o respeito a dignidade dos policiais, ainda ficam somente nos discursos e em uma e outra manifestação isolada e espontânea de cidadãos cansados de sofrerem com os efeitos e consequencias dos confrontos que passaram a compor o cenário nos morros e favelas.
Compreendemos e respeitamos o papel das forças armadas, mas transformar favelas em zonas de conflito militar, nos impõe reflexões mais profundas das implicações que poderão ocorrer e dos desdobramentos que são imprevisíveis, mormente pela desoneração do estado em empreender todos os esforços para fortalecer, revisar e implementar medidas de curto, médio e longo para reverter o quadro de barbárie e selvageria que se instalou em toda área favelizada do Rio de Janeiro, que passou a ser uma zona franca para a prática de toda espécie de crimes e atos ilícitos.
Não há mais como protelar e demonizar a luta pela valorização profissional dos policiais brasileiros, e o episódio da dita ocupação do complexo de favelas cariocas, é o sintoma mais grave de que não há uma política pública de segurança, capaz de enxergar além do umbigo, deixando de encarar salário como despesa e passar a vê-lo como investimento essencial para valorização dos homens e mulheres que arriscam sua vida para proteger a sociedade.
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