Surgidos a partir da divisão de trabalho e da especialização de funções, os lobbies lançam mão, entre outras estratégias específicas, da persuasão da opinião pública. Conheça agora alguns detalhes dessa poderosa arma
Nos dois últimos artigos, vimos que os lobbies surgiram como resultado da incapacidade do tradicional modelo de representação geográfica na defesa dos interesses funcionais e setoriais originados pela moderna sociedade urbana e industrial. São estruturas que articulam vantagens comuns a um determinado segmento social, representando-as junto ao governo, seja para promover ações em benefício próprio, seja para combater propostas que lhes sejam prejudiciais. Tratam-se, portanto, de organizações que, diferentemente de partidos políticos, não pretendem conquistar o poder, mas influenciar seus agentes nas matérias que os afetam de alguma forma.
A defesa de interesses da classe operária também conduz à criação de sindicatos patronais no setor industrialA divisão do trabalho e a especialização de funções gerou uma enorme variedade de setores econômicos, profissionais, bem como organizações voluntárias e corporativas, que podem funcionar como grupos de pressão junto aos órgãos públicos. O crescimento do número de lobbies decorre do fato de que os segmentos sociais têm interesses conflitantes. Assim, a força de sindicatos operários num setor da indústria leva à criação de sindicatos patronais da mesma área; a organização de um movimento contra o fumo, leva a indústria fumageira a se organizar para defender seus interesses; as empresas que oferecem planos de saúde podem estimular os médicos a formar seus grupos. E assim sucessivamente. Cada profissão, cada setor industrial, cada classe estruturada para um determinado objetivo pode ser mobilizado a fim de unir forças e influenciar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Há três técnicas básicas de atuação dos grupos de pressão:
Campanhas institucionais dependem dos veículos de comunicação de grande circulação e alcance, que comercializam espaço publicitário e produzem reportagens simpáticas a determinados setores As ações sobre a opinião pública podem ser de curto prazo (mobilização para apoio ou rejeição de uma medida que está por ser adotada) ou de longo prazo (construção de uma imagem positiva para determinada organização, identificando-a com importantes valores da sociedade). Normalmente, são as empresas as que mais investem nesse tipo de ação. Em primeiro lugar, porque dispõem de mais recursos. E em segundo, porque precisam reverter ou pelo menos atenuar seus problemas de imagem. Essa iniciativa ganhou o nome de novo lobby em contraste com o velho lobby - caracterizado pelo "corpo-a-corpo" com legisladores e funcionários, muitas vezes envolvendo o uso de dinheiro.
Embora as campanhas institucionais de determinados setores possam produzir efeitos positivos, ações concretas e declarações têm o poder de confirmar ou derrubar o conceito que se tenta construir junto à opinião pública. Como é óbvio, elas apóiam-se pesadamente nos meios de comunicação de massa, comprando espaços ou granjeando a boa vontade dos veículos para obter matérias favoráveis.
A promoção de imagem é um investimento de longo prazo, cabível somente às organizações que possuem interesses permanentemente em risco de ser afetados por decisões de governo. Quando consegue resultados, o retorno é bastante satisfatório, já que consolida uma base favorável para as mobilizações de curto prazo.
Esse tipo de ação é estratégico e poderoso porque o político está sempre atento aos humores da opinião pública. Quando a campanha é bem vista pela sociedade, os políticos movimentam-se para se associar a ela. Entretanto, naqueles casos em que a opinião pública mantém-se numa posição desfavorável ao interesse do grupo, o custo do apoio aumenta muito. Como veremos na próxima coluna, nenhum grupo que se lança à conquista da simpatia popular limita suas ações de lobby a tal recurso. As técnicas de persuasão de legisladores e de relacionamento com funcionários também são intensivamente empregadas.
Francisco Ferraz
A defesa de interesses da classe operária também conduz à criação de sindicatos patronais no setor industrial
- Manipulação da opinião pública
- Persuasão de legisladores
- Relações com os administradores públicos
Manipulação da opinião pública
Conquistar um posicionamento da população favorável aos interesses de um grupo de pressão constitui uma vitória maiúscula. Se a opinião pública - que por sua natureza é geral - abraça uma causa que é setorial, ela adquire legitimidade e pode ser apresentada como de interesse amplo. Entretanto, essa não é uma tarefa fácil ou barata: depende de campanhas publicitárias e intensa atividade de relações públicas.Campanhas institucionais dependem dos veículos de comunicação de grande circulação e alcance, que comercializam espaço publicitário e produzem reportagens simpáticas a determinados setores
Embora as campanhas institucionais de determinados setores possam produzir efeitos positivos, ações concretas e declarações têm o poder de confirmar ou derrubar o conceito que se tenta construir junto à opinião pública. Como é óbvio, elas apóiam-se pesadamente nos meios de comunicação de massa, comprando espaços ou granjeando a boa vontade dos veículos para obter matérias favoráveis.
A promoção de imagem é um investimento de longo prazo, cabível somente às organizações que possuem interesses permanentemente em risco de ser afetados por decisões de governo. Quando consegue resultados, o retorno é bastante satisfatório, já que consolida uma base favorável para as mobilizações de curto prazo.
Esse tipo de ação é estratégico e poderoso porque o político está sempre atento aos humores da opinião pública. Quando a campanha é bem vista pela sociedade, os políticos movimentam-se para se associar a ela. Entretanto, naqueles casos em que a opinião pública mantém-se numa posição desfavorável ao interesse do grupo, o custo do apoio aumenta muito. Como veremos na próxima coluna, nenhum grupo que se lança à conquista da simpatia popular limita suas ações de lobby a tal recurso. As técnicas de persuasão de legisladores e de relacionamento com funcionários também são intensivamente empregadas.
Francisco Ferraz
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