"Além de termos a inflação sob controle, e as finanças públicas sob controle, temos ainda um consumo extremamente deprimido nas classes mais populares e não temos nível elevado de endividamento das famílias; (tampouco) existe 'bolha' no setor de construção civil. Qual é (então) a nossa diferença que explica - tecnicamente, não estou pedindo explicação política para isso - que os juros não se (coadunem) com a qualidade da nossa situação econômica?" O desabafo da Presidenta foi feito ontem, em Belo Horizonte, num dia de forte turbulência internacional, marcado pela incerteza crescente na economia européia, sem que as autoridades do euro esbocem qualquer medida contracíclica consistente para retomar o crescimento.
A prática ortodoxa de apenas socorrer bancos à beira do abismo, ainda que necessária, comprovou mais uma vez a sua insuficiência agora na Espanha. Setenta e duas horas depois do resgate de 100 bi de euros liberado por Bruxelas, para salvar banqueiros locais, os mercados intensificam a fuga de capitais de um país prostrado pela receita suicida de cortes fiscais drásticos em plena recessão.
A Presidenta Dilma sublinhou a inutilidade dessa prática ao lembrar que no final de 2011 o BCE destinou 1 trilhão de euros ao sistema bancário europeu. Nem por isso a crise cedeu. Sobretudo, porém, seu desabafo deve-se a um descompasso desconcertante: enquanto a Espanha ferida de morte pagava nesta 3ª feira juros recordes de 6,8% ao ano para seus papéis, o Brasil sendo uma das forças de solidez do panorama global ainda tem uma Selic de 8,5% o ano, enquanto a banca privada não faz negócio por menos que o dobro, embutindo os maiores spreads do mundo, ademais de reajustar tarifas 3 vezes acima da inflação, como ocorreu no primeiro trimestre.
A resposta à inquietação da Presidenta é a mesma que os economistas não ortodoxos tem manifestado no caso da Europa:a banca privada tem que ser submetida a um rígido controle público para que funcione como instrumento contracíclico em meio a uma crise da gravidade da atual. Do contrário, lá como cá, será a corneta do salve-se quem puder, indiferente à sorte da economia e da sociedade.
A prática ortodoxa de apenas socorrer bancos à beira do abismo, ainda que necessária, comprovou mais uma vez a sua insuficiência agora na Espanha. Setenta e duas horas depois do resgate de 100 bi de euros liberado por Bruxelas, para salvar banqueiros locais, os mercados intensificam a fuga de capitais de um país prostrado pela receita suicida de cortes fiscais drásticos em plena recessão.
A Presidenta Dilma sublinhou a inutilidade dessa prática ao lembrar que no final de 2011 o BCE destinou 1 trilhão de euros ao sistema bancário europeu. Nem por isso a crise cedeu. Sobretudo, porém, seu desabafo deve-se a um descompasso desconcertante: enquanto a Espanha ferida de morte pagava nesta 3ª feira juros recordes de 6,8% ao ano para seus papéis, o Brasil sendo uma das forças de solidez do panorama global ainda tem uma Selic de 8,5% o ano, enquanto a banca privada não faz negócio por menos que o dobro, embutindo os maiores spreads do mundo, ademais de reajustar tarifas 3 vezes acima da inflação, como ocorreu no primeiro trimestre.
A resposta à inquietação da Presidenta é a mesma que os economistas não ortodoxos tem manifestado no caso da Europa:a banca privada tem que ser submetida a um rígido controle público para que funcione como instrumento contracíclico em meio a uma crise da gravidade da atual. Do contrário, lá como cá, será a corneta do salve-se quem puder, indiferente à sorte da economia e da sociedade.
Fonte: Carta maior
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