Agência Estado
Trinta cientistas ligados a universidades públicas e instituições de pesquisa de todo o País, além de dois ex-ministros do governo Lula (José Gomes Temporão, da Saúde, e Sergio Machado Rezende, da Ciência e Tecnologia) assinam um manifesto lançado nesta terça-feira no Rio de Janeiro, pedindo a descriminalização do uso de drogas no Brasil. Os signatários pedem que o Congresso altere a atual lei de drogas (Lei 11.343/2006), incluindo objetivamente um limite da quantidade de cada entorpecente que um indivíduo pode portar (ou plantar) para ser considerado usuário, e não traficante. Para eles, o dependente químico deve ser tratado como doente, e não como criminoso. O documento, no entanto, defende que seja mantida a criminalização do tráfico de drogas. O manifesto será entregue ao Congresso Nacional, em data ainda a ser estipulada.
"Há dois tipos de usuários: o recreativo e o dependente. Quem usa drogas apenas por lazer é um indivíduo sob risco. Com o tempo, ele pode se tornar compulsivo ou simplesmente parar. Precisa ser advertido e informado do perigo. Já o dependente químico é doente. Há base científica para considerar a dependência como doença. Dessa forma, ele deve ser tratado pelo sistema de saúde, e não pela justiça criminal", defende Roberto Lent, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD).
Para Lent, a lei precisa distinguir claramente o usuário do traficante para evitar injustiças: "Como a legislação atual não faz essa definição de forma objetiva, quem avalia é o policial que está na rua. Se o indivíduo flagrado com drogas, mesmo que em pequena quantidade, for negro ou pobre, a chance de ser enquadrado como traficante é muito maior do que se fosse branco ou de classes abastadas. Isso gera um grande problema: mais da metade dos presos por porte de droga no Brasil são primários e estavam desarmados. Será que todas essas pessoas são mesmo traficantes?".
Balança
O especialista sugere que, após o estabelecimento de limites da quantidade de entorpecentes que os cidadãos poderiam portar sem serem criminalizados, a fiscalização seja feita nos mesmos moldes da Operação Lei Seca. "Nessas blitze, os agentes usam um bafômetro para medir o consumo de álcool por um motorista. No caso de outras drogas, o policial poderia ter uma balança na viatura para pesar a quantidade de entorpecente que alguém carrega. Acima de determinado limite, o indivíduo seria preso por tráfico. Se ficar abaixo, o policial poderia perguntar se ele é dependente e se gostaria de ser tratado. Caso sim, o cidadão seria encaminhado à uma comissão de psicólogos e assistentes sociais, por exemplo. Caso contrário, seria liberado. A polícia tem que se concentrar na repressão ao tráfico. E os sistemas de saúde e educação devem focar no uso".
Trinta cientistas ligados a universidades públicas e instituições de pesquisa de todo o País, além de dois ex-ministros do governo Lula (José Gomes Temporão, da Saúde, e Sergio Machado Rezende, da Ciência e Tecnologia) assinam um manifesto lançado nesta terça-feira no Rio de Janeiro, pedindo a descriminalização do uso de drogas no Brasil. Os signatários pedem que o Congresso altere a atual lei de drogas (Lei 11.343/2006), incluindo objetivamente um limite da quantidade de cada entorpecente que um indivíduo pode portar (ou plantar) para ser considerado usuário, e não traficante. Para eles, o dependente químico deve ser tratado como doente, e não como criminoso. O documento, no entanto, defende que seja mantida a criminalização do tráfico de drogas. O manifesto será entregue ao Congresso Nacional, em data ainda a ser estipulada.
"Há dois tipos de usuários: o recreativo e o dependente. Quem usa drogas apenas por lazer é um indivíduo sob risco. Com o tempo, ele pode se tornar compulsivo ou simplesmente parar. Precisa ser advertido e informado do perigo. Já o dependente químico é doente. Há base científica para considerar a dependência como doença. Dessa forma, ele deve ser tratado pelo sistema de saúde, e não pela justiça criminal", defende Roberto Lent, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD).
Para Lent, a lei precisa distinguir claramente o usuário do traficante para evitar injustiças: "Como a legislação atual não faz essa definição de forma objetiva, quem avalia é o policial que está na rua. Se o indivíduo flagrado com drogas, mesmo que em pequena quantidade, for negro ou pobre, a chance de ser enquadrado como traficante é muito maior do que se fosse branco ou de classes abastadas. Isso gera um grande problema: mais da metade dos presos por porte de droga no Brasil são primários e estavam desarmados. Será que todas essas pessoas são mesmo traficantes?".
Balança
O especialista sugere que, após o estabelecimento de limites da quantidade de entorpecentes que os cidadãos poderiam portar sem serem criminalizados, a fiscalização seja feita nos mesmos moldes da Operação Lei Seca. "Nessas blitze, os agentes usam um bafômetro para medir o consumo de álcool por um motorista. No caso de outras drogas, o policial poderia ter uma balança na viatura para pesar a quantidade de entorpecente que alguém carrega. Acima de determinado limite, o indivíduo seria preso por tráfico. Se ficar abaixo, o policial poderia perguntar se ele é dependente e se gostaria de ser tratado. Caso sim, o cidadão seria encaminhado à uma comissão de psicólogos e assistentes sociais, por exemplo. Caso contrário, seria liberado. A polícia tem que se concentrar na repressão ao tráfico. E os sistemas de saúde e educação devem focar no uso".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada