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domingo, 2 de novembro de 2014

Golpismo: tucanos imitam a direita venezuelana

Política


Por Darío Pignotti @DarioPignotti

postado em: 01/11/2014

A solicitação apresentada pelo PSDB junto ao Tribunal Superior Eleitoral para auditar a votação do último domingo (26) é uma nova peça do golpismo republicano importado (ou contrabandeado) da Venezuela.  Com o estilo altissonante que lhe caracteriza, o deputado e procurador de Justiça Carlos Sampaio colocou em dúvida a “legitimidade” das eleições presidenciais vencidas pelo PT, em que a presidenta Dilma Rousseff foi reeleita com 51,64% diante de 48,36% do tucano Aécio Neves. 

Com falta de testemunhos e de atas que sustentem com um mínimo de seriedade uma denúncia de tanta gravidade, da qual não há antecedentes após o fim da ditadura em 1985, Sampaio invocou como indício as “manifestações nas redes sociais” que dariam conta de supostas violações de voto. 

Se as alucinações postadas em redes sociais por cidadãos raivosas contra os pobres, reais ou simples montagens, forem consideradas indícios suficientes para abrir processos jurídicos, alguém poderia impulsionar um impeachment contra Dilma baseado em mensagens que a acusam de promover uma “ditadura soviética”. 

Ao longa da campanha, Sampaio, coordenador jurídico do ex-candidato Aécio Neves, chegou a defender a cassação de Dilma e do governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, alegando que militantes do sindicato de trabalhadores do Correio colaboraram com a campanha do PT. 

Se a denúncia durante a campanha carecia de solidez, a recente demanda ao Tribunal Eleitoral é mais inconsistente ainda e demonstra que a oposição conservadora aposta em prolongar a guerra política em um “terceiro turno” com cheiro de plano desestabilizador. 

Sua tradução política seria a seguinte: diante do quarto fracasso consecutivo tentando vencer o PT, o PSDB opta gradualmente por formas de sedição branca, uma das quais é o desconhecimento da legitimidade do sistema eleitoral, colocando em dúvida sua transparência. Outra via de regressão democrática, combinada com esta indicada acima, é a reforma do sistema eleitoral, eliminando o voto obrigatório, substituindo pelo facultativo, o que é uma maneira indireta de excluir eleitoralmente os cidadãos pobres. 

Estes mecanismos de esvaziamento democráticos foram impulsionados pela direita venezuelana que, em 2005, boicotou as eleições parlamentares, convocada pelo presidente Hugo Chávez após o golpe de Estado do qual foi vítima em 2002, denunciando supostas fraudes. 

Junto disso, grupos facciosos venezuelanos, em conspiração com os canais privados de TV, amplificados pelas cadeias globais como CNN e Fox, organizaram gangues de choque para causar o caos urbano afetando a governabilidade e alimentando o golpe de Estado através de uma aliança de empresários, classes médias, embaixada norte-americana e setores das forças armadas. 

Esta tática parece se repetir, ainda que com menor intensidade, no discurso fanático de algumas mídias brasileiras em que se martela diariamente o risco de Dilma não concluir seu mandato, enquanto se incita o ódio das classes médias contra o PT, responsabilizando o partido por todos os casos de corrupção política e inocentando o PSDB. Sendo que o PSDB, assim como os hiper corruptos partidos tradicionais venezuelanos, é responsável por escândalos provados como os subornos para a reforma constitucional que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, episódio de forte gravidade institucional. E dos pagamentos de subornos multimilionários durante a privatização de empresas estatais, assunto censurado na grande imprensa hegemônica. Continuando pelo Mensalão Mineiro, prosseguindo pelas falsas pesquisas divulgadas por Aécio durante a campanha e concluindo com crimes cometidos junto à editora Abril com a publicação de informações seguramente falsas três dias antes da eleição. 

O próximo passo desta sequência de infâmias provavelmente será a denúncia contra o governo Dilma, se continuar o processo legal contra as manobras da Veja e do PSDB para violar a soberania popular com uma campanha de intoxicação informativa. 

 Neves certamente parece seguir o destino de Maria Corina Machado, a deputada direitista expulsa do congresso venezuelano por sua provada conspiração para derrubar um governo constitucional. Depois de se reunir na Casa Branca com George W. Bush (eleito em 2000 em eleições até hoje marcadas por suspeitas de fraude), Maria Corina começou a receber fomentos de uma agência norte-americana acusada de ter participado de diversos planos conspiradores contra governos latino-americanos. 

Não é, portanto, casualidade, mas causalidade, que neste ano Aécio Neves tenha recebido com elogios exagerados no Senado, onde prometeu dar todo apoio na luta da ex-deputada contra a “ditadura” do presidente Nicolás Maduro.
 
Tradução: Daniella Cambaúva

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