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domingo, 2 de novembro de 2014

Mulheres jovens e negras têm mais dificuldades no mercado de trabalho

R7


Análise do Censo mostra que as diferenças de gênero e raça ainda são significativas no País
Apesar de a participação das mulheres no mercado de trabalho ter aumentado, para as jovens negras foi mais difícilSecretaria de Políticas para as Mulheres
O Censo Demográfico mostrou que a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro cresceu entre 2000 e 2010. No entanto, ainda há diferenças significativas em relação aos homens, além de resultados distintos entre as mulheres brancas e as de cor ou raça preta ou parda.
As mulheres jovens e negras são as que têm mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho, de ter carteira assinada e de conquistar salários maiores.
Por isso, precisam de atenção especial nas políticas voltadas para a expansão da autonomia das mulheres.
Foi o que concluiu uma análise do Censo com indicadores sociodemográficos e socioeconômicos, divulgada nesta sexta-feira (31).
O estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) traz indicadores de gênero e serve para subsidiar a formulação, coordenação e implementação de políticas públicas.

A diferença entre a taxa de atividade dos homens e das mulheres era de quase 30 pontos percentuais em 2000, caiu para pouco mais de 21, em 2010. A participação das mulheres no mercado de trabalho chegou a 54,6%, enquanto a dos homens era de 75,7%.
Mas a disparidade na taxa de atividade entre as mulheres brancas e pretas ou pardas aumentou entre 2000 e 2010, o que se deve ao maior crescimento percentual da referida taxa entre as mulheres brancas.
No período entre os dois Censos, a entrada dos jovens — tanto homens quanto mulheres — no mercado de trabalho encontrou algumas barreiras, como conciliar trabalho e estudo. O fator positivo, porém, é que um número maior desse grupo teve oportunidade de se dedicar com exclusividade à sua formação educacional.
Carteira assinada
O estudo mostra ainda que aumentou a formalização dos trabalhadores de uma forma geral, de 50,5%, em 2000, para 58,6%, em 2010. O que quer dizer que um número maior de homens e mulheres passou a ter acesso aos benefícios oriundos da posse da carteira de trabalho assinada e da contribuição para a Previdência Social, tais como: férias, 13º salário, licença-maternidade, seguro-desemprego, licença para tratamento de doenças, além de aposentadoria contributiva.
Novamente há diferença entre homens e mulheres. Enquanto o crescimento da formalização das trabalhadoras foi de 6,6 pontos percentuais, o dos trabalhadores foi de 9,2 pontos percentuais. Ou seja, a contratação de homens com carteira assinada ocorre num ritmo mais rápido que a das mulheres.
Se, em 2000, 36,5% dos homens com 16 anos ou mais estavam empregados com carteira, em 2010 passou para 46,5%. Entre as mulheres, o percentual passou de 32,7%, em 2000, para 39,8%, em 2010.
O ponto positivo é que houve um avanço mais intenso na formalização entre os jovens e os trabalhadores de cor ou raça preta ou parda em ambos os sexos, ou seja, naqueles segmentos populacionais que tiveram os menores crescimentos percentuais da taxa de atividade.
Houve um crescimento de 9,6 pontos percentuais no grupo de mulheres de 16 a 29 anos idade, entre 2000 e 2010, enquanto, no grupo de 30 a 49 anos de idade, o crescimento foi de 6,0 pontos percentuais. Esse aumento foi ainda maior no caso dos homens jovens (12,7 pontos percentuais).
Entre as trabalhadoras de cor ou raça preta ou parda, o crescimento da formalização foi ligeiramente superior ao das mulheres de cor ou raça branca. No caso dos homens, essa diferença foi significativa, com crescimento de 11,6 pontos percentuais para os de cor ou raça preta ou parda contra 8,5 pontos percentuais dos homens de cor ou raça branca.
Domésticas
O número de mulheres trabalhadoras domésticas com e sem carteira de trabalho assinada diminuiu entre 2000 e 2010, passando de 18,5% para 15,1%.
A queda de 3 pontos percentuais na proporção das trabalhadoras domésticas sem carteira de trabalho assinada e a queda de 3,3 pontos percentuais das trabalhadoras não remuneradas foram as duas formas de inserção nas relações de trabalho que mais sofreram redução entre as mulheres no período analisado.
Tal comportamento se mostrou diferente do observado para os homens, que apresentaram as maiores reduções entre os empregados sem carteira de trabalho assinada e os trabalhadores por conta própria.

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