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O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

sábado, 8 de novembro de 2014

Polícia na Inglaterra vai aplicar pena alternativa para crimes menos graves

POLICIAL-JUIZ



A Polícia na Inglaterra vai ficar mais poderosa. O governo do Reino Unido anunciou nesta semana planos para dar aos policiais autonomia para aplicar penas alternativas em crimes menos graves e evitar, assim, processos judiciais. Ao acusado, caberá aceitar o acordo policial ou encarar um processo judicial, com seus ônus e bônus. A mudança deve começar a ser posta em prática ainda neste mês em algumas regiões do país e, se der certo, deve ser estendida para toda a Inglaterra depois de um ano.
Atualmente, a Polícia tem autonomia para aplicar apenas o que é chamado de advertência. Funciona assim: se alguém é pego cometendo um crime que não é considerado grave, pode aceitar ir para casa com apenas uma advertência policial. O caso se encerra aí, sem maiores problemas para o advertido, exceto o fato de manchar sua ficha criminal. Se rejeita a advertência, aí sim responde a um processo judicial e, se considerado culpado, recebe uma punição.
No ano passado, o Ministério da Justiça britânico abriu consulta pública para ouvir o que a sociedade pensa do sistema. Os resultados mostraram que as advertências não agradam. Menos de 25% das pessoas que responderam à consulta consideraram o sistema eficiente para conter o crime.
Com as novas regras, essas advertências vão deixar de existir. Em vez de advertir, a Polícia já vai aplicar uma medida alternativa para o suspeito. E é a vítima que vai ajudar os policiais a definir qual pena deve ser cumprida pelo acusado. Em alguns casos, por exemplo, um simples pedido de desculpas pode ser suficiente para a vítima. Em outros, pode ser sugerido ao ofensor reparar o dano material causado a propriedades, tanto com dinheiro como com trabalho.
Quando o crime for considerado um pouco mais grave, a Polícia poderá determinar tanto medidas reparativas como frequentar cursos de reabilitação, como punitivas, na forma de multas ou trabalho comunitário. A proposta é que tudo funcione na base do acordo. Se o suspeito não concordar ou se aceitar o acordo e depois descumprir as medidas, o caso vai parar nas mãos da Promotoria e vira um processo judicial.
Por enquanto, as mudanças estão em fase de teste. Foram escolhidas apenas três regiões da Inglaterra para testar o novo sistema. Se, depois de um ano, a experiência for considerada satisfatória, deve ser estendida para o resto do país.
Escola do crime
A reincidência tem sido o foco do governo britânico para reduzir a criminalidade desde 2010, quando um estudo mostrou que metade dos presos na Inglaterra comete outro crime em até um ano após deixar a cadeia. Esse número sobe para quase 60% se forem considerados só os crimes de baixo poder ofensivo, como furtos. O mesmo levantamento mostrou que o álcool e a droga são um problema grave nas celas. Na época, mais de 70% dos prisioneiros que responderam à pesquisa afirmaram ter usado drogas um ano antes de serem presos.

De posse dos dados, o Reino Unido começou a estudar medidas para atacar a reincidência e, assim, combater o crime. No ano passado, o governo aumentou o investimento em Justiça Restaurativa e anunciou um programa de monitoramento de ex-detentos, que deve começar a valer em 2015. Pelo projeto, todo mundo que ficar preso, seja por um dia ou por 10 anos, terá de se submeter a um programa de reabilitação assim que deixar a cadeia.
 é correspondente da revista Consultor Jurídico na Europa.

Revista Consultor Jurídico

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