Polícia Militar/Divulgação
PELO ALTO – Aparelho com câmera acoplada transmitirá em tempo real as imagens geradas
PELO ALTO – Aparelho com câmera acoplada transmitirá em tempo real as imagens geradas
Uma aeronave de pequeno porte controlada à distância será a nova aliada da Polícia Militar (PM) no combate à bandidagem em Belo Horizonte. O monitoramento estratégico será feito por meio de um drone, que sobrevoará, inicialmente, a região Centro-Sul da capital. A intenção da PM é contar com o equipamento até o fim de julho.
 
Avaliado em R$ 10 mil, o aparelho tem câmera acoplada e transmite em tempo real as imagens geradas. As filmagens serão enviadas para a Central de Monitoramento do Olho Vivo. Posteriormente, a ideia é adquirir monitores de recepção, que serão instalados em viaturas. 
 
Perímetros das praças 7, Raul Soares, Rio Branco e da Assembleia serão os pontos a serem monitorados. Só no chamado hipercentro, mais de 2 milhões de pessoas circulam diariamente. 
 
Segundo a PM, a implantação do drone começou a ser estudada no início deste ano. “Com o novo equipamento, militares terão uma visão de tudo o que acontece na cidade. Além disso, irá facilitar questões como localização de criminosos, identificar placas de veículos roubados, armas e drogas”, disse comandante do 1º Batalhão da PM, tenente-coronel Vitor Araújo.
 
O oficial adiantou que resta, apenas, um parecer da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para autorizar os primeiros voos sob o céu de BH. “A negociação está bem avançada”, garantiu o comandante. Todos os detalhes do projeto serão apresentados no dia 30 deste mês, na Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) 3, no edifício JK. 
 
Integrante da Aisp e também presidente do Conselho do hipercentro da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), o empresário Jonisio Lustosa Nogueira acredita que a aeronave possibilitará “uma resposta rápida” às ações criminosas. Ele não descartou parcerias ou contrapartidas do setor empresarial para adquirir o aparelho.
 
 
Segunda fase
 
Além do drone, a PM também avalia a possibilidade de um colocar um dirigível para sobrevoar a região. Porém, não foi informado como isso seria feito. A corporação se limitou a dizer que será um equipamento complementar às câmeras de Olho Vivo e com alcance de até 2 quilômetros.
 
Mapeamento de áreas críticas e análise do perfil de bandidos ajudam a reduzir assaltos
 
Em pouco menos de seis meses, 112 assaltos foram registrados em estabelecimentos comerciais do hipercentro de Belo Horizonte. O número é 20% menor se comparado a igual período de 2014. No ano passado, de janeiro até a primeira quinzena de junho, a Polícia Militar atendeu a 140 ocorrências de furtos e roubos. 
 
Os crimes contra o patrimônio público também diminuíram. Foram 829 delitos neste ano contra 1.005 em 2014 – queda de 17,5%. Além das praças 7 e Rio Branco, o entorno do Mercado Central também integra o hipercentro.
 
Os pontos de maior incidência dos crimes, no entanto, não foram informados. De acordo com o subcomandante do 1º Batalhão, major Eugênio Valadares, o policiamento foi intensificado. Mapeamento das áreas vulneráveis e o perfil dos criminosos estão entre as medidas adotadas pela PM.
 
“Estamos realizando diversas operações com o objetivo de reduzir a criminalidade no hipercentro da capital. Isso vale para estabelecimentos comerciais e para a população que circula constantemente na localidade”, afirma major Valadares. 
 
Segundo o militar, 6.442 pessoas foram presas em 2014 por crimes cometidos na região.
 
Roubos e outros crimes violentos fazem parte do dia a dia dos frequentadores do hipercentro
 
Apesar dos estatísticas oficiais mostrarem quedas de 20% nos assaltos a comércios e 16% nos demais crimes violentos (roubo, extorsão, homicídio e estupro), quem trabalha, mora ou frequenta o hipercentro não se sente tão seguro.
 
Furtos de celular, correntes de ouro, alimentos e roupas são os principais delitos. Na maioria dos casos, a ação dos bandidos é rápida e ousada. Sem o menor constrangimento, eles entram na loja, pegam os objetos e saem correndo em meio à multidão.
 
Para não depender apenas da PM, donos de lojas relatam que precisam investir pesado na tentativa de inibir a criminalidade. Em estabelecimentos de médio porte com cerca de 500 metros quadrados, por exemplo, o gasto só com câmeras de segurança ultrapassa R$ 5 mil, segundo o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas).
 
Medo
O presidente da entidade, Nadim Donato Filho, reconhece que houve redução dos crimes na região, mas questiona os números apresentados pela polícia. De acordo com ele, muitos lojistas não procuram os militares para prestar queixa. “O comerciante teme a volta do assaltante e evita registrar o fato, dependendo da perda”.
 
Prova disso é o depoimento de Juscélia Costa, gerente da loja de celulares e serviços eletrônicos Computele. Em apenas um dos últimos três assaltos no estabelecimento ela optou pelo Boletim de Ocorrência. O bandido levou um celular avaliado em R$ 400. “Não pode dar bobeira. Tem que ficar atento a todos que frequentam a loja e a postura deles aqui dentro”, disse ela, que pretende instalar câmeras de monitoramento ainda este mês.
 
Entre os pedestres, roubos de correntinhas e celulares são os mais praticados. Trabalhando há mais de uma década como engraxate no Centro, Pedro Rocha, diz que vê, diariamente, novas vítimas. “De fato melhorou muito. Existe mais polícia nas ruas. Mas sempre tem um adolescente correndo no meio dos carros e do povo após assaltar alguém. Isso é diário”, conta.