Acorda, Policial e Bombeiro Militar!


O verdadeiro desafio não é inserir uma idéia nova na mente militar, mas sim expelir a idéia antiga" (Lidell Hart)
Um verdadeiro amigo desabafa-se livremente, aconselha com justiça, ajuda prontamente, aventura-se com ousadia, aceita tudo com paciência, defende com coragem e continua amigo para sempre. William Penn.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

TRABALHO POLICIAL E MÍDIA: UM PERIGOSO ACORDO SOCIAL?



 Lúcio Alves de Barros* 


Introdução Os media não apenas se referem aos atos violentos, como também exercitam um certo grau de violência ao mostrá-los ao público, a partir de seus modos próprios de enunciação. Esse gesto de violência simbólica ocorre devido ao poder que os meios de comunicação têm de interceder na realidade, dela extraindo fatos, descontextualizando-os, nomeando-os, categorizando-os, opinando sobre eles e expondo-os nas imagens, por vezes exorbitantes, dos closes e big-closes. (Rondelli, 1995: 100) Nós, policiais e jornalistas, nunca vamos nos dar bem. 

E é bom que seja assim mesmo, porque a função da imprensa é cobrar, exigir. E cobrar correto, exigir correto, com dados. Vocês têm que exigir que a gente volte atrás quando estiver errado. Vocês têm que, inclusive, nos processar, quando a gente for injusto. Nossa função é informar direito e eu sempre vou estar querendo saber o que vocês estão fazendo de errado. Eu sempre vou estar mostrando, para o aborrecimento de vocês, que o certo não importa; o errado é que importa. E é muito chato, eu sei que é chato, mas é assim que funciona a estrutura da notícia. (Gilberto Dimenstein, 1996) “Temos que tomar cuidado, o vandalismo está tomando conta de Belo Horizonte”, disse um comerciante próximo a minha casa. “O Pedro vai deixar a empresa”, diz aos berros o trocador do ônibus. “Por quê?” Pergunta o motorista. “Ele está com medo de ser assaltado”. “Mãe! Coloque sua bolsa para frente”. Diz a criança na fila do banco após um doce olhar sobre minha pessoa. A antropóloga   Alba Zaluar, em palestra no I Fórum Metropolitano contra a violência ocorrido em Belo Horizonte, disse que tinha medo da polícia. 

Um major, sentindo-se visivelmente desrespeitado, afirmou para a pesquisadora que medo de polícia tem quem é bandido. Alba Zaluar retrucou perguntando se ele achava que ela era bandida. Sem discutir o falatório desnecessário naquele e nesse local, o fato é que o pânico e o medo estão disseminados em todas as camadas sociais. A discussão entre a professora e o militar e os casos relatados não são mais do que reações que não apontam para o que é mais importante. O determinante da discussão está velado, para usar um termo policial, nas falas dos atores: em questão está o sentimento que algo não está indo muito bem nas políticas públicas voltadas para a segurança social e individual. 

E, pior, não existe consenso entre aqueles que de alguma forma materializam opiniões institucionais. Creio que boa parte das pessoas tenha passado ou presenciado tais experiências. A violência cotidiana, mais do que secular e de muitas faces, que atinge a vida de determinadas pessoas, produz sentimentos de medo. Digo sentimentos, pois não existe outra forma para definir a “sensação de insegurança” que, de uma forma ou de outra, vem interferindo e moldando o imaginário social. Não obstante, é possível afirmar que estamos diante de um “novo” problema social? Por que a violência só agora tem invadido o imaginário social e intensificado o sentimento de insegurança? Quais os atores responsáveis por tal investimento? Neste texto não pretendo responder todas essas questões. 

Porém, com base nelas, procuro delinear três reflexões: a primeira é que a violência tornou-se uma mercadoria como outra qualquer e tal condição tem fornecido a munição necessária para a manutenção do sentimento de insegurança que perpassa a sociedade. Em segundo, afirmo que o principal vilão, ou mesmo refém da “notícia não objetiva” sobre a violência, tem sido o trabalho policial, notadamente o trabalho ostensivo feito pela Polícia Militar. 

Defendo que os meios de comunicação, em sua maioria, são ignorantes no que concerne aos princípios, valores e a ascese do trabalho de polícia. Essa ignorância, indubitavelmente, tem colocado em xeque não apenas o trabalho dos policiais mas também as instituições responsáveis pela justiça e ordem pública. Concluo apontando para a necessária revisão dos conteúdos e da transparência do fazer jornalístico, um dos poderes responsáveis pela cobrança e averiguação de informações e mensagens indispensáveis à democracia.




CONTINUE LENDO: file:///C:/Users/usuario/Downloads/artigo_midia_e_policia.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é sua opinião, que neste blog será respeitada

politicacidadaniaedignidade.blogspot.com