Passamos do desespero pela falta de água ao medo das inundações. Realmente os rios são informações que fluem e seu espelho reflete a nossa cara. Embevecidos esteticamente e até pueris, alegramo-nos com as enchentes encostando nas pontes e a esperança de que nunca mais haverá seca.
Mesmo vendo as águas muito barrentas irem embora para o mar, sem que boa parte desse volume tenha adentrado o solo e o subsolo, que é onde se faria a sua reserva para o restante do ano e estiagem.
E carreando solo fértil. O desmatamento e as monoculturas desequilibraram tudo, o ciclo hidrológico não se completa. Prossegue a destruição dos ecossistemas das bacias hidrográficas, entra ano e sai ano, entra década e sai década.
A seca subterrânea se aprofunda ameaçando a sobrevivência de toda fauna e flora, a vida na Terra. Vem junto a fúria destrutivista do produtivismo insustentável ecologicamente, unificada pelo capital financeiro-empresarial, com suas mineradoras rebaixando os lençóis freáticos, com seu agronegócio abusando de poços profundos e as bombas chupando a água dos rios, ou drenando áreas úmidas de lagoas, brejos e veredas para plantar e assim dizimando a biodiversidade.
As chuvas passam e daqui uns poucos meses veremos de novo a crise hídrica. E de novo a choradeira e orações ao bom Deus! O setor grande financeiro-empresarial, com todo apoio dos governos e partidos, continuam sem pagar pela água que usam (R$0.01 por mil litros de água! isso é pagar ou golpe?), apoiados pelos CBHs! A conta e a ideia de desperdício sendo jogados sobre a população, a única que realmente paga, com aumentos de taxas de água e energia.
Conclusão: sem ecologizar a economia mundial, zerando o desmatamento e as monoculturas, optando pelo plantio em áreas já desmatadas e degradadas de fazendas semi-abandonadas, combatendo o desperdício do modo de produzir e do consumismo protagonizado por um capitalismo em guerra contra os ecossistemas, não haverá salvação!
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